Especialistas debateram a retomada da economia na pós-pandemia no painel Investimentos no Brasil na 7ª Brazil Conference Harvard & MIT
O painel “Investimentos no Brasil”, da 7ª Brazil Conferente, neste 13 de abril, foi liderado por Pedro Haegler e contou com a participação dos especialistas e empreendedores Guilherme Benchimol, fundador da XP Inc; Nathália Rodrigues, CEO e fundadora Nath Finanças; Sara Delfim, managing partner Dahlia Capital e foi mediado por Catherine Vieira, editora executiva no Jornal Valor Econômico.
Com a perspectiva de a população brasileira ser vacinada contra a Covid-19 nos próximos meses, a manutenção de juros baixos a curto e a longo prazo, e a realização de reformas necessárias ao Estado brasileiro, na avaliação dos especialistas do setor de investimentos, o Brasil poderá oferecer um ambiente propício para a retomada da economia.
Um dos pontos fortes apontados é a democratização da educação financeira nos canais e plataformas digitais que popularizam cada vez mais os investimentos. Assim, qualquer pessoa possa diversificar as formas de poupar dinheiro para o futuro e, até mesmo, para empreender.
Otimistas, os painelistas acreditam na retomada da economia e dos investimentos no pós-pandemia. “O mais importante a ser feito no curto prazo é a vacinação da população no Brasil. Isso atrelado às reformas poderá trazer estabilidade econômica e garantir a confiança aos investidores e empreendedores para gerar emprego e renda”, afirmou Benchimol.
Para quem deseja empreender, Nathália dá uma dica importante. "Não tenha medo de pedir ajuda, você não sabe tudo, então contrate um profissional para te ajudar, e não se esqueça: separe a pessoa física e pessoa jurídica”, disse.
Foco e planejamento são importantes, assim como ter um time de profissionais comprometidos com o objetivo da empreitada. “Empreender é primeiro você ter o propósito, a missão e as pessoas. Porque no fundo a empresa é o reflexo das pessoas, então, com as pessoas certas e um propósito certo a chance de sucesso é razoável”, acrescentou Sara.
O evento contou com transmissão ao vivo pela internet, a programação pode ser acompanhada pelo portal do Estadão, parceiro na cobertura do evento, além dos canais da conferência no Youtube e Facebook, a qualquer tempo.
Pedro Haegler - Boa tarde, pessoal. Meu nome é Pedro Haegler, sou aluno de graduação em Harvard e um dos organizadores da Brazil Conference. É um grande prazer apresentar este Painel de Investimentos no Brasil. Contamos com três especialistas no assunto: Nathália Rodrigues, Sara Delfim e Guilherme Benchimol. A nossa moderadora é a Catherine Vieira. Nathália Rodrigues é administradora e orientadora Financeira, em 2019 ela criou o canal Nath Finanças com o objetivo de compartilhar dicas de planejamento financeiro para a população de baixa renda. Atualmente a Nath é colunista do Jornal Extra, apresentadora do podcast Boletos Pagos e conta com um milhão de seguidores em suas redes sociais. Sara Delfim é sócia-fundadora da Dahlia Capital, gestora de recursos focados em ações, antes disso trabalhou por 20 anos como analista de investimentos em grandes bancos americanos como Bank of America, Merrill Lynch e Bear Stearns. Foi eleita uma das melhores analistas de ações no setor de aviação e infraestrutura e bens de capital por 12 anos consecutivos pela tradicional Latin American Institutional Investor Magazine. Guilherme Benchimol é fundador e CEO da XP Inc, uma das maiores instituições financeiras do Brasil. Em 2018, foi eleito pela Bloomberg como uma das 50 pessoas mais influentes do mundo, se tornou referência em inovação e empreendedorismo ao democratizar o acesso aos investimentos de qualidade para milhões de pessoas e transformar o mercado financeiro do país. E a Catherine Vieira, nossa moderadora, é editora-executiva do jornal Valor Econômico, onde entrou em 2001, foi editora de economia no Jornal Nacional (TV Globo) na investshop.com.br, repórter e subeditora nos jornais Extra e o Dia, começou sua carreira no Ibase do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Eu desejo a todos um ótimo painel e passo agora a palavra para Catherine.
Catherine Vieira - Obrigada, Pedro. Boa tarde para a Nathália, Sara e Guilherme. Obrigada Brazil Conference pelo convite e a vocês estarem aqui comigo para discutir esse tema dos Investimentos no Brasil. Um tema que é um xodozinho para mim, porque há 20 anos que acompanho esse assunto. Eu comecei a cobrir lá no Investshop, mas conheci o Guilherme, há muito tempo, há 20 anos, e continuo acompanhando o desenvolvimento desse mercado que no passado deu assim um salto. Queria começar a falando com você sobre isso, no ano passado a gente viu ao mesmo tempo essa pandemia, essa loucura, a Bolsa tendo tantos solavancos há ano, exatamente em março do ano passado, mas ao mesmo tempo muita pessoa física entrando, muita gente correndo para risco, os juros no Brasil caindo aí na mínima histórica. Queria perguntar o que vocês têm visto dos diferentes lugares que vocês estão: um fundo investidor, a Nath de planejadora nas redes sociais e Guilherme na XP, uma plataforma. Como vocês têm visto, realmente eles acham que a gente é para ir no novo paradigma desse mercado investimento, as pessoas estão realmente, tem muito mais gente investindo, e a Bolsa chegou a três milhões de pessoas físicas. É mais democrático mesmo, as pessoas têm mais educação financeira, querendo entender mais e investir? Vou começar pela Nath.
Nathália Rodrigues - Olá, é um prazer estar aqui, é uma honra poder conversar com todos vocês. Eu vejo que a democratização não é só sobre investimentos, mas sobre a educação financeira que melhorou muito. Há uns anos não conversávamos sobre onde investir com … R$ 10, com R$ 30. Era mais sobre como investir com R$ 1 mil, com R$ 5 mil, mas não era democratizado para um público de baixa renda, de falar de uma forma simples e didática. Se você fosse ler alguns livros uns anos atrás você ficava se perguntando o que é isso, porque está falando sobre isso? Hoje em dia, tantas corretoras como a XP, quanto a Sara estão aqui também democratizando essa informação, esse conhecimento faz muita diferença, e não é só mostrar onde investir e sim ensinar trazer educação. Então, eu vejo sim que um investimento, não só investimento, mas quando educação financeira está sendo democratizado de uma forma gratuita nas redes sociais, e, principalmente com internet.
Catherine Vieira - Legal Sara, como é que foi nos fundos?
Sara Delfim - Catherine, o que você falou eu acho que foi a mudança. O que mudou de fato a vida do brasileiro como investidor (inaudível com sobreposição de áudio do tradutor em inglês) … a política de juros, no Brasil de juro que cai de 15 % para 2%, o brasileiro chega num ponto que ele precisaria se reinventar como investidor e buscar outras alternativas de rentabilizar a sua poupança, porque não só o juro caiu, o juro nominal, mas quando você desconta um nível de inflação, do ano passado, ou desse ano, a gente tem hoje no Brasil uma situação de juro real negativo. Você bota o dinheiro hoje no CDI e você termina o ano perdendo dinheiro de maneira real. Isso levou o brasileiro, isso foi um processo combinado junto com canais de educação financeira como da Nath, as grandes plataformas digitais com a XP e outras, que democratizaram o acesso à informação. Hoje você tem conteúdo de manhã, de tarde e de noite, que ajudam os investidores. Qual é o cenário macro, o que as pessoas acham do dólar, dos juros, da Bolsa? Então você consegue, filtrando essas informações, consegue de fato entender o que está acontecendo e onde a melhor investir para o seu perfil de investimento, que é uma coisa que também tem que ser respeitada. A Bolsa não é para todo tipo de investidor, assim como renda fixa também não é para todo tipo de investidor, você tem que ter ali uma empatia, uma familiaridade, um produto que você está escolhendo. Mas eu acho que o que levou o brasileiro a Bolsa foi de fato a situação do juro zero, do juro muito baixo, depois assim eu deixar o Guilherme falar, mas depois a gente pode entrar no detalhe do porquê a bolsa andou tão bem 2020 que foi um ano dramático no mundo inteiro, mas vou passar a bola para o Guilherme.
Guilherme Benchimol - Obrigado Sara. Obrigado convite da Brazil Conference. Catherine, a Sara falou tudo, no Brasil nunca existiu a cultura de investimento. Nesses últimos 26 anos, desde que nasceu o real, os juros médios do Brasil são de 13% ao ano, mesmo com os 2% atuais. Investir no Brasil sempre foi muito fácil, você tinha alto retorno, alta liquidez e baixo risco. Não tinha porque ninguém aprender a investir de verdade, como se investe mundo afora, no mundo afora se você quer aprender a ganhar dinheiro investindo, você tem que aprender a tomar risco, a diversificar a longo prazo. No Brasil isso não era necessário, você tinha 13% com liquidez zero, não só não leva as pessoas aprender a investir, como não faz as pessoas empreenderem, porque o custo de oportunidade é muito alto. Não é à toa que se fala muito que o Brasil é o país dos monopólios e oligopólios. É muito difícil você falar sobre educação financeira, quando você não tem esse vento de proa, você ensina as pessoas a investirem com juros a 13%, a sua voz vai ter baixo eco, com juros 2%, 4% ou 5% as coisas mudam bastante. O desafio do Brasil não é o juro de curto prazo, é o juro de longo prazo. Eu acredito muito que mudar o Brasil é criar uma estabilidade econômica de forma que surjam novos empreendedores e que dinheiro comece a circular na direção de outras atividades, que não seja apenas o rentismo. Mas se o Brasil não fizer o governo do Brasil não fizer o dever de casa e administrar as contas públicas, a gente vai ter hoje voltando a subir novamente. Não adianta a gente ter um juro baixo de curto prazo e ter um juro alto de longo prazo, a gente volta até aquela espiral negativa que a gente conhece muito bem. Acho que as condições são boas, eu sou otimista com o Brasil, e são três milhões de pessoas que investem em Bolsa de Valores, apenas três milhões de pessoas, quando a gente compara com os Estados Unidos onde 50% das pessoas investe em ações, no Brasil é 1,5% da população. O espaço é grande, mas é fundamental que a gente tenha as condições macro básicas para que isso aconteça.
Catherine Vieira - Queria pegar esse ponto do macro, que você colocou, aproveitando também o quê a Sara falou, qual foi a história da bolsa no passado, e o ponto que a gente está. Está no ponto aí que já tem um mês ou dois em que a bolsa fica ali na nesse vai, não vai, que é um reflexo um pouco desse macro, pois o juro voltou a subir, mas antes de ser. Depois dessa alta do juro já estava se discutindo, mas por outros fatores, a discussão é que está em pauta hoje em dia, os investidores já estavam mais apreensivos. Então, queria um pouco falar do cenário macro, vocês acham que essa história dos juros subia de novo, enfim, mesmo você já não volte ainda para o os dois dígitos, isso vai atrapalhar isso já é o suficiente para o investidor pensar em se acomodar um pouco de novo. Quais desafios vocês estão vendo aí nesse cenário macro. Queria começar pela Sara.
Sara Delfim - Explicando um pouco o que aconteceu em 2020. Acho que foi a pior crise da história recente, sem dúvida nenhuma, e não só uma crise de Brasil, mas uma crise do mundo, todo mundo no mesmo barco, e a gente teve de forma coordenada todos os bancos centrais do mundo injetando muito dinheiro nas economias, cerca de 10% e 12% do PIB mundial foi colocado em liquidez nos mercados, uma situação de juro zero ou juro negativo. Então, quando você tem uma enxurrada de dinheiro, o quê esse dinheiro busca? E busca rentabilidade, crescimento e é o que o juro não estava oferecendo. Então, você de fato teve uma migração do dinheiro indo para ativos de risco, ativos reais com a Bolsa, como as moedas, como os metais, e na parte de bolsa muito Estados Unidos e tecnologia. Se alguém me perguntasse em 2020 quem você acha que sai primeiro dessa crise, eu acho que a maioria aqui arriscaria dizer que seria os Estados Unidos. Então, tem que botar a parte do seu dinheiro de fato nesses ativos, nessas economias e tecnologia foi muito bem. Todo mundo começou a viver de forma isolada ou on-line e o virtual ganhou muita atração. De novo, o dinheiro busca o crescimento, busca ativos reais num cenário como esse, é até curioso Catherine, quando a gente pensa assim um cenário que o PIB contraiu, que as pessoas ficaram desempregadas e tudo mais. Para muitas empresas foram lucros recordes em 2020. E empresas que eu não arriscaria dizer que terminaria um ano dessa forma e, por isso, porque de verdade o que está na bolsa não é um reflexo da economia real. São as maiores e melhores empresas do Brasil que estão na bolsa. São empresas que em crises passadas elas não só sobreviveram mas saíram fortalecidas da crise. E o porquê disso? Por que são empresas que têm o melhor time de executivos, têm o melhor balanço financeiro, têm acesso a dívida mais barata, o que que elas se aproveitam neste momento? Da fraqueza dos competidores menores, que é triste, não é uma fotografia a ser comemorada, mas é a realidade. A gente tem visto no mercado uma série de IPOs e empresas captando dinheiro e muito a consolidação, muitos eminentes, por isso as empresas que estão fortes vão às compras no momento de fraqueza dos seus competidores. Assim, não necessariamente uma crise significa perda de lucros ou perda de ganhos, a gente tem que ser seletiva nos setores e nas empresas, mas muitas empresas e muitos setores performaram muito bem ao longo de 2020. Olhando para 2021, essa questão do aumento dos juros. A gente tem uma cabeça mais positiva do que negativa, se a gente dobrar ao nível do CDI, se o CDI for para 5%, a gente ainda assim está falando de um juro real muito preocupo muito próximo de zero. Em alguns períodos até negativos, a gente vai ter alguns períodos com um pico de inflação. Acho que não muda muito a alocação do brasileiro com o seu patrimônio, com a sua poupança, por isso, o custo de oportunidade continua o mesmo, o juro real muito perto de zero, e você continua tendo empresas que estão crescendo, que estão amadurecendo, que estão trazendo novas tecnologias. A gente tem visto esses TIPOS, são mais oportunidades de investimento na bolsa. As empresas que já estão lá maduras, estão se consolidando, estão comprando competidores, estão crescendo, estão tomando dívida barata, porque de fato o custo da dívida no Brasil caiu muito. A gente ainda vê bolsa no Brasil como um bom ativo, obviamente, tem que ser seletivo e até quando a gente pensa em dividendos, tem muitas empresas que pagam dividendos de 7%, 8% o que é três vezes o CDI, e de novo, dividendo você não é tributado é livre de imposto pelo menos por enquanto. Tem bastante coisa que a gente ainda julga atrativa na bolsa e, obviamente, a gente está no Brasil e a gente não pode esquecer disso. O Guilherme é empresário e merece um troféu, porque ser empresário no Brasil realmente é difícil. Tem muito ruído do lado político, tem muito ruído do lado da vacinação, tem ruído do lado do fiscal, mas são ruídos, eu acho que a gente está fazendo, o que é correto nesse primeiro momento é salvar as vidas, a gente tem que ajudar o brasileiro, e o fiscal a gente acha que com o tempo ele se ajusta, a gente não está diferente de nenhum outro lugar no mundo. Todo mundo teve essa iniciativa de ajudar seu país, a sua população e a gente não podia ficar para trás, à medida que o país volta a crescer, as coisas entram no eixo, a agenda do Congresso volta a focar nas reformas, o fiscal se ajusta com tempo. A palavra chave de tudo isso para 2021 é tempo, a gente tem que dar tempo para as coisas se ajustarem.
Guilherme Benchimol - falar depois da Sara é complicado. Ela já deu um panorama aqui. O que eu complementaria que é o desafio do Brasil, eu concordo que se os juros ficarem em 5% a gente vai resolver e a gente volta a andar, a bolsa andar, e eu sou sempre muito otimista com o Brasil. Mas, a coisa ficou um pouco mais confusa nesses últimos tempos, apesar de eu achar que vai resolver. Os nossos juros de longo prazo já projetam que daqui alguns anos os juros vão estar acima de 10 %. O mercado faz essa aposta, porque o mercado está duvidando da capacidade de o governo equacionar a parte fiscal. A discussão econômica hoje tem esse tom, será que o Brasil vai conseguir equilibrar as contas públicas ou não. Se o Brasil não equilibrar as contas públicas, você começa a ter um país que vai ficando insolvente, se ele conhece a ficar insolvente, o dólar começa, porque as pessoas não querem confiar naquela moeda. Se o dólar sobe, o juro sobe também, e é isso vai matando os empreendedores, vai matando as empresas listadas e as oportunidades. As pessoas vão fugir na direção da renda fixa. A gente deveria evitar é rumar a sua direção, por isso é fundamental que as reformas aconteçam, sou otimista, acho que elas vão acontecer, mas eu acho que o maior desafio que o governo tem é a justamente essa articulação política no meio de uma confusão como atual, a gente tem uma crise sanitária nunca vista antes na história, o Brasil é um país pobre, a gente tem que ajudar as pessoas, mas o nosso orçamento é apertado e não é um desafio fácil no Congresso você fazer escolhas. Todo mundo quer ter tudo, mas o dinheiro é um só e acaba tendo esse ambiente atual. O governo quer ajudar todo mundo, não tem orçamento, e aí começa com as discussões sobre será que a gente fura o teto, não fura o teto. E as mensagens que acabam vindo não são não são as melhores no curto prazo, então isso tudo acaba trazendo esse marasmo na Bolsa e, a coisa avança quando a gente começa a mostrar que o dever de casa vai ser feito. Esse é um pouco o que está acontecendo.
Catherine Vieira - Nath, como você traduz essas coisas tão complicadas, às vezes não muito emocionantes, para o teu público, uma coisa tão importante para as pessoas entenderem.
Nathália Rodrigues - Na verdade nem é tão complexo, o problema é a forma como é ensinado para gente desde o começo na questão da educação financeira. Falar sobre juros no Brasil é algo que deveria ser normal para a gente conversar. O exemplo disso: os juros estão baixos, estão aumentando a cada dia, mas eu vejo na minha concepção, que foi necessário o Banco Central realizar esse aumento por conta também da nossa inflação. Na economia real, o quanto as pessoas que estão precisando ir no mercado e não conseguem comprar as coisas, não conseguem ter o poder de compra para realizar as compras básicas da casa. Isso é preocupante, por isso preciso a gente conversar, ver as reformas, analisar, porque como a Sara e o Guilherme falaram essa é uma crise que nunca foi vista, todo mundo inteiro está passando por dificuldades, então vejo que temos de focar na vacina, nos empreendimentos. O que eu percebi também em 2020, é que os empreendedores pequenos ficaram um pouco de lado nesse momento difícil. As pessoas que precisaram fechar comércio e, essas pessoas que precisavam também tem os seus funcionários. Os pequenos empreendedores contratam muito mais pessoas de carteira assinada, e eu percebi que não foi tão focado essa mobilização para essas pessoas. Esse pequeno empreendedor fechou as portas, não é que ele não sabia administrar também tudo, é porque foi difícil para todo mundo, não conseguiu acesso ao empréstimo, não conseguiu acesso para manter os funcionários. Então vejo, sou otimista também como Guilherme, sou aquela pessoa que vai ver mais para frente que vai dar tudo certo, que vamos melhorar. Imagina as pessoas que precisavam do auxílio emergencial no passado esse ano, esse ano mais da metade não vai receber 22 milhões apenas vão receber. O restante, que foi 40 milhões, não vai receber o auxílio emergencial. Veja, estou otimista, mas não está fácil, as pessoas não estão conseguindo comprar coisas básicas para casa. O auxílio emergencial agora está bem menor do que antes, antes R$ 600, agora está R$ 150 para uma pessoa. Eu vejo que a gente conversar e normalizar essa conversa sobre economia sobre Finanças é mais do que nunca necessária para as pessoas saberem o que afeta o seu dinheiro, o dólar alto porque afeta você? É importante a gente conversar sobre isso. Sara Guilherme já mandaram tudo sobre macroeconomia e já falei sobre a parte didática das pessoas que estão precisando.
Catherine Vieira - Então, como equacionar isso, a Nath falou isso agora, a pandemia comendo solta, a vacinação avançando, mas tem aí um lapso e essa questão das contas públicas pegou a gente em um momento vulnerável, o governo não estava com poupança para fazer frente. Como é que a gente vai equacionar, segurar essas pessoas como a Nath colocou até chegar uma hora que a economia vai começar a se normalizar um pouco mais como é que vocês estão vendo assim o resto do ano nesse sentido?
Guilherme Benchimol - O fundamental agora é que o Brasil vacine o máximo possível de pessoas o mais rápido possível e possa proteger as pessoas que ainda não estão vacinadas, isso vai diminuir a contaminação e vai fazer com que as pessoas vacinadas possam voltar a trabalhar e a vida vai voltando ao normal. Eu diria que essa é a coisa mais importante a ser feita no curto prazo e a vacinação no Brasil, ela vem ganhando escala, então os números vêm mostrando que agora em abril, a gente deve ter 30 milhões de pessoas vacinadas, número bastante expressivo, um milhão de pessoas vacinadas por dia. Então, acho que esse é o foco de curto prazo, isso atrelado com as reformas isso faz economia voltar e garante a confiança aos investidores e a economia como um todo de que o país vai continuar sendo sério e com isso, não existe, muita gente fala sobre criação de empregos e geração de renda. Quem gera emprego, quem gera renda são os empreendedores que não vão investir se não houver estabilidade econômica. É por isso que eu bato sempre na tecla de que criar um país mais democrático, oferecer acesso às pessoas começa com a estabilidade econômica. E estabilidade econômica no curto prazo é fazer algumas renúncias, e no Brasil muitas vezes as pessoas querem tudo no curto prazo, e se você quer tudo no curto prazo você não vai ter as coisas boas do longo prazo que é justamente você estimular o empreendedorismo você estimular a competição demora um pouco de tempo. A agenda liberal que eu acredito vai nessa direção. Eu acredito que o que vai salvar o Brasil não é um governo A B ou C, somos nós mesmos, são os empreendedores que vão ter coragem, que vão empreender, renovar, fazer competição. Mas, isso não acontece se não tem essa estabilidade mínima. A fórmula é vacinar as pessoas, acabar com essa confusão o quanto antes, aprovar as reformas que isso, naturalmente, já traz o crescimento que a gente tanto espera.
Sara Delfim - Eu concordo, acho que a questão da vacinação é primordial, pois você, obviamente, reduz o nível de uma certeza, você começa a ter uma visibilidade melhor de quando a economia de fato começa a retomar, é um ciclo positivo de crescimento. Eu sou economista de formação e vou te falar que economista é um bicho difícil, porque a curva longa, os juros longos estão altos, porque existe de fato essa preocupação sobre o fiscal no Brasil e sobre a expectativa de inflação. O que gera inflação a expectativa da inflação, mas a gente fica pensando aqui na Dahlia, vamos olhar 202, você teve uma catástrofe mundial, um choque na oferta, várias cadeias produtivas foram paralisadas, faltou o produto em vários setores, dólar foi de R$ 4,5 para R$ 6 no ano passado e tivemos o maior dilúvio da história da China que afetou a produção e preços de grãos, principalmente do arroz que bateu muito aqui na cesta básica. Com esses três eventos em 2020, ainda assim a gente terminou com a inflação muito perto da meta do Banco Central. Nenhum desses três eventos vão se repetir em 2021. O mundo está sendo vacinado, as incertezas reduzindo, o dólar continuar alto R $5,5 R$5,7 e o dilúvio na China não deve acontecer de novo. Claro, você tem um carrego do que aconteceu no passado que ainda pode poluir a inflação de 2021, a gente vai ter picos de inflação, mas quando a gente pensa numa inflação mais normalizada, dado que esses três eventos não vão se repetir novamente, dado que você tem 13 milhões, 14 milhões de desempregados ainda no Brasil, e que a gente vai ter uma recuperação lenta e gradual, e o que significa isso? Isso significa que esse desemprego ele vai ser reduzido lentamente, não vai ser um pico de emprego rápido, e você tem a questão do hiato do produto, não gosto muito dessa palavra, mas basicamente a diferença do que a gente quer consumir e a capacidade de produção que a gente tem, isso ainda está muito alto, tem muito espaço para gente crescer até bater no gargalo de produção, de capacidade, porque aí você gera uma pressão inflacionária. Então, a gente aqui monitora, obviamente, mas a gente tem uma cabeça tão preocupada ou negativa com essa questão da inflação, a gente acha que a gente está ainda no ambiente benigno. E do lado fiscal, que é uma outra preocupação que pesa muito nos mercados, a gente tem um pouco de complexo de vira-lata no Brasil, a gente acha que a gente não fez nada ou que vai ser difícil retomar as reformas, mas a gente fez bastante coisa desde 2019 para cá quando o novo governo assumiu e, apesar de ano de 2020 ser recente, a gente já aprovou a reforma da Previdência, a Lei do Saneamento, a Lei da Telecom, a minirreforma Trabalhista, a gente tem endereçado às questões. Quando a gente pensa na reforma da Previdência é um trilhão de reais de economia por ano, a estimativa. Quando a gente fala de juros, o governo é como uma família, se a sua dívida que custava 15% e o juro caiu de 15% para 2% ou 3%, com essa economia de despesa financeira do governo é quase uma reforma da Previdência por ano, são R$ 800 bilhões de reais que o governo economiza. A gente está no caminho certo, a gente tem feito as coisas certas, infelizmente houve essa grande pedra no caminho que foi o coronavírus, mas a gente está com a cabeça de fazer, e uma coisa que nos deixa otimistas, que foi uma coisa que o Guilherme falou, nós brasileiros empresários, empreendedores está todo mundo muito mais vigilantes, mais atendo com o político. O político no Brasil sempre foi e sempre será assim cheio de ruído, mas no final a gente acaba fazendo a coisa certa. Todas as mídias sociais, os canais como da Nathalia, os canais que a XP proporciona, a gente sabe o que está acontecendo. Cinco anos atrás se você me perguntasse o nome de um juiz do STF, talvez eu não soubesse, hoje a gente sabe o nome de todos eles, a gente sabe quem é o chefe do Senado o chefe da Câmara (Federal), coisa que há muito tempo atrás a maioria dos brasileiros não sabia. Existe essa cobrança da sociedade para que o político faça o correto, só que no Brasil nunca é linear, a gente tropeça, mas a gente tende a fazer a coisa certa. O segredo é o tempo Catherine, com o tempo a gente vai endereçar essas coisas.
Catherine Vieira - Estamos em um momento complicado, com esse orçamento que não fecha, também chamado de orçamento fictício, queria aproveitar e perguntar para a Nath como é que as pessoas recebem esse tipo de notícia, como é que seu público entende que entende que essa necessidade de falar tanto do problema fiscal do governo, enfim, por que que faço debatendo um orçamento que algumas pessoas estão chamando de fictício, que precisa ser equacionado porque a conta não fecha. É como se tivesse esperando não comprar tanto, mas você tem que comprar, mas são despesas que não se cortam. Eu queria saber se teu público compreende isso como como importante é se tem essa visão assim de que, como o Guilherme falou, é importante consertar algumas coisas para a economia rodar ou se você fica mais, a reforma da Previdência como como a Sara colocou, se estas coisas são entendidas pelo seu público, como ele vê essas Nath?
Nathália Rodrigues - Eu vejo que quando eu converso sobre orçamento doméstico, eu vejo que eu e o meu público a gente sempre pensa o seguinte, orçamento doméstico a gente tem que cortar aqui ou ali coisas simples, que não são tão importante, mas não está fácil, porque o momento que estamos vivendo hoje em 2021, mas em 2020 foi um momento muito difícil e, por exemplo, a Sara falou sobre as reformas que foram necessárias, mas elas não trouxeram, por exemplo ,a reforma trabalhista um retorno para os trabalhadores de uma forma esperada e divulgada pela mídia. Esse é um ponto, falar que a reforma trabalhista, como foi divulgada em diversas mídias, queria melhorar o emprego, a empregabilidade, antes da pandemia, não foi resolvida. Então não adianta falar que tem várias reformas que precisa, ser feitas, se as próprias que foram aprovadas não estão resolvendo, antes da pandemia, o dólar já estava alto antes de a reforma da Previdência ter sido aprovada, porque tem um monte de coisas que acontecem no nosso país e fazem também o dólar ficar alto, mas a reforma da Previdência também não teve tanto retorno no quesito de as pessoas falarem que vai melhorar, o mundo vai melhorar vai melhorar mas aí vez também a pandemia que prejudicou tudo isso. A questão do orçamento doméstico, não só o orçamento doméstico, mas também o orçamento familiar, eu vejo que a gente tem que chegar a conversar e analisar tudo isso que acontece na nossa vida, principalmente na academia. As pessoas fizeram o seguinte: quando estavam precisando do auxílio emergencial ele pegaram o auxílio emergencial, só que agora metade delas não vai receber, e como fica a economia, queria te perguntar isso para o Guilherme e para a Sara, sobre com o fica a economia para essas pessoas que não vão receber, perderam familiares nesse momento de pandemia, por conta do coronavírus, que também são pessoas que precisavam pagar as contas de casa, perderam pais, avós que precisavam ali organizar o orçamento doméstico, que sustentavam a casa, e é essa é a minha preocupação, sou muito otimista, mas essa minha preocupação, familiares que perderam pessoas que eram detentores ali para pagar as contas, como é que fica? Sou muito otimista com a vacina, espero, tem até um site que mostra para gente sobre quanto tempo você vai ser vacinado, dependendo das informações do governo, mas o que me preocupa são as pessoas que perderam familiares que pagaram as contas, e aí eu queria tirar dúvida com vocês, como fica a economia com essas pessoas que infelizmente perderam a vida por causa da pandemia.
Guilherme Benchimol - Eu posso começar aqui, depois a Sara complementa. Você comentou Nath, algumas coisas sobre a reforma da Previdência, trabalhista, tem algumas reformas a gente faz que o efeito realmente não é no curto prazo, demora um pouco mais de tempo mesmo. Então, é importante, a questão da Previdência era como é que você consegue equilibrar as contas públicas ao longo prazo para que a gente não tenha uma calamidade fiscal, e isso volta a ter volta a ter juros altos, isso traz a inflação e assim por diante. A Trabalhista é como você consegue criar um ambiente no Brasil mais amistoso, por que não adianta a gente criar uma série de encargos e de benefícios que no final não permitem que o empregado seja contratado, mas isso demora tempo até que a gente precisa aconteçam, não é um, dois ou três anos, são alguns anos. E sobre a sua pergunta de como é que fica? Realmente é uma tragédia, é fundamental que a economia volte e não tenho dúvida de que muitas pessoas ainda vão sofrer, a sociedade civil está se organizando, uma série de empresas que fizeram doações e que ajudaram dentro do possível. A AP também foi uma delas, mas acaba sendo uma gotinha no oceano, é fundamental que a gente vacine o quanto antes. E eu falei, acredito que no mais tardar até julho ou agosto, que o grupo mais crítico já vai estar vacinado e, com isso, uma parte da economia já consegue voltar. Isso não vai resolver no curtíssimo prazo, mas é a solução que nós temos. Infelizmente o Brasil é um país mais pobre, a gente não pode oferecer os benefícios que os americanos oferecem, se não o país quebra. Eu diria que é dessa forma que eu enxergo, não tem solução fácil no curto prazo, infelizmente.
Sara Delfim - Complementando o que a Nath e o Guilherme, queria até falar sobre o que a Nath falou, a gente aprovou a reforma da Previdência, a gente fez várias coisas e o dólar não mudou, continua em alta. Isso é super interessante, porque é natural do brasileiro associar a alta do dólar com crise, porque a nossa história, acontece uma crise externa, um choque externo o dólar sobe e a gente tem a inflação dos importados, e a inflação sobe e o Banco Central agia subindo juros para combater essa inflação que vinha do dólar. O que mudou? Porque o dólar continuou o alto depois da reforma da Previdência, que foi um marco na nossa história aprovar essa reforma, porque pelo motivo benigno, a gente tem que pensar que, às vezes, pode ser bom ter o dólar alto. O Brasil ele nunca foi o maior exportador de soja ou de minério de ferro, na verdade, a gente sempre foi o maior exportador de juro real, a gente tinha um dos maiores juros do mundo, então todo tipo de capital especulativo vinha para o Brasil, seja para Bolsa, seja para renda fixa, só pelo carrego daquele juro alto, uma hora que você traz o juro de 15% para 2%, o que o gringo vai vir fazer com o dinheiro dele aqui, não tem mais a molezinha do juro alto todo mês. Então, isso estruturalmente deixou a nossa moeda mais fraca e menos valorizada em relação ao dólar, esse é o motivo bom da desvalorização do real, foi pelo motivo bom, pela queda estrutural da taxa de juros, não está associada a uma crise externa. Esse é o primeiro ponto que as pessoas têm que entender, que não necessariamente a desvalorização que aconteceu foi pelo motivo, foi pelo motivo bom da gente estar com juros padrão mundial, juros baixos. Sobre a tragédia, voltando ao ponto da Nath, a gente fez muitas dessas reformas, mas infelizmente você tem um período de transição em que as empresas se preparam, os trabalhadores também se preparam, tem toda a legislação é um processo. Infelizmente a gente foi atropelado pela crise do ano passado, mas à medida que a gente volte a se recuperar, que o PIB volte a crescer, essa reforma trabalhista facilita a contratação das pessoas, o trabalho intermitente, temporário, isso vai ajudar as pessoas a se recolocarem no mercado de trabalho, mas não é da noite para o dia, é um processo. Uma outra coisa, a gente acha que o governo tem que ajudar sim as pessoas, tem que dar o voucher, tem que dar o auxílio emergencial, a gente tem que ajudar as pessoas, porque também é uma maneira de ajudar o Brasil daqui para frente. O fiscal é tempo, isso vai se ajustar, a economia voltando a crescer, arrecadação de impostos voltando, as reformas sendo endereçadas. E uma outra coisa é que a gente tem uma dívida alta, mas a nossa dívida está em reais, que é a nossa moeda, que é a moeda que o Brasil imprimi, tem o direito. Não é que a gente tem um alto endividamento em dólar, em euro, e que a gente não vai sair desse buraco. Quando a gente tem dívida na nossa própria moeda, a gente pode dar o benefício do tempo para que as coisas possam se ajustar.
Catherine Vieira - Queria voltar para o micro, com esse aumento de pessoas querendo investir, querendo se informar, e também com essa facilidade maior, tanto de plataformas e redes, temos aí o tipo de rede social, e um monte de gente também falando. Queria falar um pouquinho dos riscos também, como é que fica, porque assim como aparece gente com boa informação de educação financeira, também surgem boatos, especulações, golpes ficam mais fáceis com promessa de ganho de dinheiro fácil. O que o investidor precisa ficar mais atento, no que gente precisa avançar nessa essa preocupação com o risco, que risco que vocês vêm de importante nesse momento. Guilherme quer começar?
Guilherme Benchimol - Eu diria que quando você começa a ter o juros baixos, o perfil das pessoas vai mudando e aparecem novos influenciadores que talvez não tragam o conteúdo mais adequado, mas eu diria que eu que o saldo é super positivo, tem existem influenciadores brilhantes a Nath uma delas e isso tudo ajuda a levar conteúdo de qualidade as pessoas, isso não seria possível há 10, 20, Eu diria que o principal cuidado é a pessoa ter a consciência dos riscos que está correndo, é sempre importante ela recorrer algum consultor, alguém que possa apoiá-la, isso sempre ajuda, e não faltam sites sérios que permitem que a pessoa possa aprofundar seu conhecimento e auxiliá-la e possa ler a respeito. Eu sei que o tema dinheiro, é um tema sobre o qual muita gente não gosta de conversar e acha melhor delegar, mas a melhor forma de aprender mais é justamente estudar mais sobre o assunto, não é tão complicado assim quanto parece. E aí quando você conhece e acaba tendo acesso a conteúdo e influenciadores, isso acaba te ajudando no processo de conhecer novos produtos, de conhecer novas oportunidades e acaba se transformando num ambiente bastante fértil, mas a Nath é craque nesse tema e pode falar melhor do que a gente.
Nathália Rodrigues - Todo investimento tem seu risco, tanto a poupança, tesouro direto, você investir na Bolsa, a questão é o perfil com a Sara já falou aqui. O perfil é muito importante, ou como o Guilherme falou de você achar alguém certificado para te ajudar. Às vezes você, quando você está trabalhando, fazendo um monte de coisas, é mais fácil, porém, na minha opinião pessoal, nada melhor do que você cuidar do seu próprio dinheiro e entender o que a pessoa está fazendo com seu dinheiro. Eu vejo que todo investimento tem o seu risco, a questão é você saber o seu perfil e o que é melhor para minha carteira, não pode ser melhor para você, porque eu tenho objetivos e metas diferentes, eu tenho pensamentos diferentes de querer criar valor sobre o meu negócio, sobre a minha vida, e todo mundo tem que saber qual é o seu perfil, é muito importante. Não acho que exista o melhor investimento. Se a pessoa está falando para ti que esse é melhor investimento, não necessariamente pode ser para você, e como eu já conversei várias vezes no meu canal, pessoas que não são certificadas pela CVM não podem indicar investimentos para você, não podem. É importante você achar alguém certificado para te indicar, aconselhar e você saber o que ela está fazendo com seu dinheiro e entender sobre o Mercado. Não adianta estar passando no Jornal Nacional falando sobre Bolsa, por exemplo, que a Bolsa caiu e você não sabe o que está acontecendo, porque afeta o seu dinheiro. Qualquer coisa que acontece na economia afeta o seu dinheiro, por isso é importante você entender cada tipo de investimento, o seu perfil, e também existem perfis investidores, existem investimentos de curto, médio e longo prazo. Aí cada objetivo da sua vida você vai encaixar no seu investimento, por isso é importante. A minha carteira é diferente do Guilherme, da Sara, da Catherine e é importante todo mundo entender seu perfil e não achar que existe o melhor investimento, o melhor local para alocar os seus investimentos, cada um tem o objetivo e sua meta.
Sara Delfim - Acho que é isso, que a Nath e o Guilherme falaram tudo, cada investidor tem o seu perfil, tem investidor que gostava de mais risco, outros de menos risco, você vai na XP tem lá uma prateleira, um cardápio, de vários tipos de produtos e fundos, com diferentes riscos, e eu acho que investidor ele tem que pensar numa poupança de curto prazo, aquela quer para sua emergência, para que ele imprevisto que é importante, eu pessoalmente tenho essa parte de emergência em produtos de pouco risco como a renda fixa, agora a minha poupança, pensando a médio longo prazo, pensando no futuro dos meus filhos, aí eu tendo de colocar em produtos que tem um nível de volatilidade um pouco maior, um risco um pouco maior, mas que acredito que a longo prazo vai remunerar bem a minha poupança, mas é o que a Nath falou, não tem fórmula igual para todo mundo, cada um tem o seu perfil, o seu horizonte de investimento.
Guilherme Benchimol - Vale acrescentar no ponto da Sara, eu acredito muito que é a melhor maneira de você otimizar os seus investimentos de longo prazo, é de fato você comprar boas companhias listadas na Bolsa, comprar bons negócios e a história prova isso. Acho que a melhor maneira de você fazer isso é investir através de bons fundos de investimento. Então, é só separar aquele dinheiro que você não vai usar no curto prazo, e você tem uma cabeça e de pelo menos cinco anos, eu acho que você pode estudar essa direção que uma direção bastante concreta coerente e vai trazer bons frutos a longo prazo, obviamente, que tem risco, tem volatilidade, acontecem as crises no meio do caminho, mas estudem o histórico de bons fundos de ações que vocês vão ver que é um é algo extremamente atraente, para quem acima de tudo não precisa do dinheiro no curto prazo.
Catherine Vieira- Quer dizer, investir em uma empresa é quase como se tornar sócio de um empreendimento. Na outra opção, que ainda tem pouco aqui no Brasil, mas vocês até são representantes dela, que é o empreendedorismo, as pessoas fazerem a aposta no próprio negócio, isso é um tipo de investimento, o Brasil está começando a pensar mais nisso? Queria que vocês falassem da sua experiência, a Nath, o Guilherme e a Sara que se associou à Dahlia que é um empreendimento de gestão de fundos. Podem falar sobre a experiência de vocês, Nath quer começar?
Nathália Rodrigues - Queria dizer antes, que o Guilherme começou com R$ 10 mil e eu comecei com R$ 50. Então isso mostra que, independente, do valor, essa diferença é importante falar, porque eu comecei o meu negócio com R$ 50, colocando um negócio atrás para fazer uma os vídeos no YouTube, comecei a gravar com celular Moto G, e o que eu sinto como dor, como empreendedora, é a parte fiscal, é muito difícil, é muito complicado você abrir seu negócio, você querer entender como se regularizar, como abrir um MEI, e como transformar em ME, que é uma microempresa, e passar para empresa de pequeno porte, não é explicado isso para gente. Você começa assim, o que que está acontecendo? Eu vou lá e tento procurar, porque essa parte tributária é muito complicada no Brasil, parece que é feito para você se complicar, não é possível. Então essa é uma dor minha de entender a parte tributária do nosso país, como se regularizar, como pagar os impostos se é Simples Nacional, se você vai ser lucro presumido ou lucro real, e por isso é importante empreendedores compartilharem e não guardarem a fórmula para si, a gente compartilhar, entender, eu falo sobre o MEI no meu canal, de como eu comecei, como MEI, como fiz para entrar e emitir nota fiscal. Então, essa é uma dor que sentia. Hoje eu estou aprendendo ainda mais com a minha contadora. E criar ideias, eu vejo aqui a internet é essencial para quem quer abrir o seu negócio também. A internet vai te ajudar muito a você abrir o seu negócio, para você criar uma conexão com seus clientes, porque querendo ou não, Nath Finanças é uma empresa de pequeno porte, tem dois anos, é uma bebê comparada a Sara e ao Guilherme, mas está crescendo aos pouquinhos. É tão legal você ver o seu negócio com a missão, visão e valores. Não adianta gente, você só saber o que você gosta por amor, saber o serviço ou produto, você tem que saber fazer seu fluxo de caixa, organizar sua empresa, fazer a administração do seu negócio de uma forma organizada, e quanto mais você vai buscando informações, quanto mais você cresce você vai pagar imposto. Então, tem que separar o dinheiro para você pagar os impostos, fazer sua reserva de emergência, e eu vejo que foi muito importante para mim fazer administração, como eu sou formada, por que me ajudou muito ter essa visão bem maior do meu próprio negócio, como montar, organizar, administrar, temos aí 15 funcionários e é muito legal você saber administrar o seu negócio, na forma organizadinha, não tenha medo de pedir ajuda, você não sabe tudo, então contrate um contador, um administrador, um profissional para te ajudar, e não se esqueça: separe a pessoa física e pessoa jurídica! Coloque também seu pró-labore, o valor que você precisa do salário, para você pagar as suas contas e, por favor, não pegue o dinheiro da empresa por achar que seu, o dinheiro é da empresa, pelo amor de Deus, esse é um dos maiores erros que as pessoas cometem.
Guilherme Benchimol - Eu não comecei tão pequenininho quanto a Nath, eu comecei com R$ 10 mil reais, eu trabalhava no Invest Shopping com a Catherine, inclusive, a minha área acabou sendo cortada, eu fui demitido, e eu comecei a empresa por isso. Eu não queria sentir essa dor novamente, eu confesso que no começo eu não tinha um business plan muito claro, mas eu sempre gostei de sonhar grande, mas eu aprendi que sonhar grande não significa começar a grande, eu comecei pequenininho, dando aula, ensinando as pessoas, e aos pouquinhos eu fui linkando os pontos. Quando você acredita muito no seu projeto, quando você é uma pessoa muito obstinada e você se cerca das pessoas certas, eu diria que isso é a coisa mais importante de tudo. Empreender é aprender a delegar, aprender a montar um time, aprender colocar as pessoas certas na posição certa, literalmente. Você vai voando cada vez mais alto, e a minha empresinha, que começou do nada lá há 20 anos literalmente, abriu o capital na Nasdaq no passado, e acaba se transformando em uma das grandes empresas do Brasil. Então é prova de que o Brasil é um mar de oportunidade, basta você acreditar em si próprio novamente, e você não buscar atalhos. É possível sim chegar lá, e sempre digo que se eu fosse um extraterrestre tivesse que investindo a terra eu apostaria no Brasil, é muito mais fácil empreender um lugar onde falta tudo, do que talvez no lugar onde as burocracias sejam menores, nos Estados Unidos, na Europa ou na Ásia, as burocracias são um pouco menores, não há dúvida disso, mas a competição muito maior. E você quer empreender onde você chega com novidade, e no Brasil tudo é novidade, então, eu tenho certeza que nos próximos anos esse ambiente vai mudar e é bacana saber que, talvez, a nossa história consiga inspirar outras pessoas a também montar em outras XPs em outros segmentos e isso é muito gratificante, saber que você inspirar outras pessoas a seguirem caminhos semelhantes.
Sara Delfim - Eles falaram tudo, acho que empreender é primeiro você tem que ter o propósito, a missão e as pessoas, porque no fundo a empresa é o reflexo das pessoas, então, com as pessoas certas e um propósito certo a chance de sucesso é razoável. A gente começou a Dahlia, também no início de 2018, sem ajuda, sem a captação já dada, gente começou com o nosso dinheiro, com a poupança dos sócios, e deu tudo certo, graças a Deus, aí hoje a gente está com 160 mil cotistas, o que também para nós é muito gratificante ver que a gente consegue levar ao nosso cotista, ao nosso investidor, uma mensagem clara do que a gente está fazendo, do que a gente acha do mercado. A gente tem um canal super aberto com todo mundo ou no Instagram, ou no Linkedin, ou mesmo através do nosso site. A gente acha que isso é importante, porque a gente está tocando o dinheiro das pessoas, das famílias, então, a gente tem que ter essa proximidade, a gente tem que contar para eles o que a gente está pensando, e de forma clara e de forma muito simples. A gente tem aqui que só comemorar o que a gente conseguiu realizar nesses três anos, e tudo volta ao início da nossa conversa aqui, é o juro baixo, esse cenário de juros baixos estimula você a tomar risco, a empreender, a criar novos negócios. A pandemia que nos acordou para várias outras realidades e a gente tem visto várias novas empresas vindo à bolsa, porque criaram tecnologias novas, ou estão criando, reinventando coisas que hoje fazem sentido a gente tem como consumidor, e que não fazia sentido ter antes da crise. A crise trouxe o reaprendizado de como se pode viver, acho que de forma mais leve, mais flexível, sem tantas amarras e isso estimula também a criação de novos negócios, novos empreendedores e muitos vindo inclusive para Bolsa. Mas uma coisa que não havia no Brasil era muito essa cultura de venture capital, de você investir em empresas fechadas, empresas que estão nascendo, e eventualmente no futuro ter um evento de liquidez com a venda dessa empresa, e hoje a gente vê assim o brasileiro comum, o brasileiro médio discutindo esse tipo de oportunidade, porque de fato tem muita oportunidade. De novo, acho que o juro baixo e a questão da pandemia, que trouxe uma nova realidade, são coisas que no fundo tem ajudado muito nessa perspectiva, então, eu acho que empreender nesse momento, tendo uma missão e as pessoas certas faz muito sentido.
Catherine Vieira - Gente a gente está estourado em nosso tempo, dá vontade de passar a tarde toda conversando com vocês, quero agradecer muito a vocês, a Brazil Conference. Se
vocês quiserem fazer assim muito rapidinho, que a gente já estourou, é um recadinho final aí de 30 segundos ou menos, no máximo.
Sara Delfim - Eu queria agradecer muito o convite de vocês, é uma honra dividir o palco com a Nath, com o Benchimol. Agradeço a todos, e acho que a minha mensagem é que no final a humanidade vai prevalecer, a gente já vê a luz no fim do túnel e minhas coisas vão dar certo.
Nathália Rodrigues - Eu gostaria de agradecer a todo mundo que assistiu, agradeço também à Sara, ao Guilherme, à Catherine, foi maravilhoso e também deixo uma frase aqui - Não desista. Comece agora a se organizar financeiramente, comece agora a investir, pode ser com R$ 10, R$ 20, R$ 30, o importante é começar. Qualquer coisa estou nas minhas redes sociais Nath Finanças.
Guilherme Benchimol - Também agradeço a participação e a minha mensagem é quase uma convocação a todos esses alunos que estão estudando fora do Brasil, ou que estão em outras escolas mundo afora, que voltem o quanto antes e ajudem a gente a fazer o Brasil cada vez melhor. Como disse anteriormente, não faltam oportunidades aqui no Brasil, o que falta são pessoas corajosas, com ideias boas e que façam a coisa certa a longo prazo, é assim que a gente vai construir o Brasil que a gente sempre sonhou obrigado. Mais uma vez gente. Obrigada pessoal.
Editor executivo multimídia Fabio Sales / Editora de infografia multimídia Regina Elisabeth Silva / Editor de Política Eduardo Kattah / Editores Assistentes Mariana Caetano e Vitor Marques / Editores assistentes multimídia Adriano Araujo e William Mariotto / Designer Multimídia Bruno Ponceano, Dennis Fidalgo, Lucas Almeida, Vitor Fontes e Maria Cláudia Correia / Edição de texto Fernanda Yoneya, Valmar Hupsel e Mariana Caetano