Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o número de mortes e casos da Oceania tem sido relativamente baixo: 943 mortes e 30.657 casos (até dezembro). A condução dada à crise pelo governo da Nova Zelândia chamou atenção e levou à reeleição da primeira-ministra Jacinda Ardern.
O Partido Trabalhista, da primeira-ministra, venceu com ampla margem as eleições gerais do dia 17 de novembro, com quase 50% dos votos, um “resultado excepcional”, imediatamente reconhecido pela oposição.
Os trabalhistas de centro-esquerda registraram 49% de apoio e seu aliado, o Partido Verde, somou 7,6%. O Partido Nacional, de Judith Collins, principal força de oposição, apareceu com 27%.
Jacinda Ardern, de 40 anos, no poder desde 2017, agradeceu aos eleitores pela confiança depositada nestas eleições que ela própria descreveu como “eleições da covid”. Sua campanha se concentrou exatamente em seu sucesso na luta contra a pandemia. “Obrigada às muitas pessoas que nos deram seu voto, que confiaram em nós para continuar liderando a recuperação da Nova Zelândia”, disse ele a seus apoiadores.
Ao tomar posse, no dia 3 de dezembro, a primeira-ministra nomeou membros de seu governo, uma equipe com significativa presença feminina e na qual a comunidade Maori está bem representada.
Ardern destacou que sua prioridade é continuar lutando contra a pandemia e relançar a economia, afundada pelo impacto do coronavírus.
Com cinco milhões de habitantes, a Nova Zelândia registrou apenas 25 mortes por coronavírus, e sua estratégia foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para seu segundo mandato, Jacinda também prometeu promover projetos de infraestrutura, especialmente a construção de moradias sociais e investimentos em energias renováveis, e a formulação de políticas para continuar reduzindo as desigualdades e a pobreza no país.
Durante seu primeiro governo, a popularidade da primeira-ministra foi impulsionada também pela maneira como enfrentou os bombardeios de Christchurch (sul), onde um supremacista branco australiano matou 51 fiéis a sangue frio em duas mesquitas. Sua compaixão e empatia pelas vítimas, as quais visitou cobrindo os cabelos, e a firmeza de sua resposta política, especificamente no que diz respeito ao controle da posse de armas e de conteúdos extremistas nas redes sociais, receberam elogios dentro e fora do país.
Judith Collins admitiu a derrota: “Para a primeira-ministra Jacinda Ardern, para quem telefonei, parabéns, porque se trata, creio eu, de um resultado excepcional para o Partido Trabalhista”.
A presidente do Partido Trabalhista, Claire Szabó, atribuiu a vitória retumbante ao carisma de Ardern, que conquistou o apoio em massa dos neozelandeses com a “Jacinda-mania”, quando assumiu o partido em 2017. À época, ela mal chegava a 24% nas pesquisas. “Não há dúvida de que a grande e forte liderança de Jacinda Ardern foi um enorme fator em tudo isso”, acrescentou.
A Nova Zelândia conta com leis muito rígidas para os dias de votação, restringindo a cobertura da imprensa e a propaganda política enquanto as seções ainda estão abertas. O objetivo é evitar que os eleitores sejam influenciados.
Cerca de 1,7 milhão de pessoas (quase metade do eleitorado total) votaram cedo, uma proporção muito maior do que nas eleições anteriores. Inicialmente, as eleições seriam realizadas em 19 de setembro. Foram adiadas, devido a um surto de coronavírus, já contido, em Auckland. / AFP
Expediente
Editor executivo multimídia Fabio Sales / Editora de infografia multimídia Regina Elisabeth Silva / Editores assistentes multimídia Adriano Araujo, Carlos Marin, Glauco Lara e William Mariotto / Editor de Internacional Cristiano Dias / Infografista Edmilson Silva, Gisele Oliveira e Mauro Girão / Designer multimídia Dennis Fidalgo / Edição de texto Fernanda Simas e Rodrigo Turrer