Link

Fones de ouvido sem fio: o melhor amigo da sua orelha

Discretos, pequenos e práticos, aparelhos com Bluetooth se tornaram hit no Brasil; preços e qualidade do som, porém, variam bastante nos dispositivos disponíveis no mercado

Texto: Bruna Arimathea, Bruno Capelas, Bruno Romani, Giovanna Wolf e Guilherme Guerra

16 de novembro de 2020 | 11h00

Role para ver a série completa


Eles cabem na palma da mão, não têm fios, mas são capazes de fazer a diferença no nosso dia a dia. Antes da quarentena, eram parceiros para qualquer jornada no transporte público. Durante o isolamento social, viraram dispositivos de primeira hora para quem precisa fazer videochamadas ou se concentrar ouvindo música em casa. São os fones de ouvido sem fio – ou earbuds –, uma categoria bastante recente entre os eletrônicos, mas que tem chamado a atenção de cada vez mais brasileiros.

Uma amostra disso é a quantidade de produtos disponíveis no mercado, de diferentes marcas, preços, desenhos e qualidades sonoras. Neste guia, decidimos reunir as principais marcas do mercado, considerando aspectos como praticidade, bateria, qualidade de som e a capacidade dos aparelhos de funcionarem lado a lado do celular, com comandos para assistentes de voz, por exemplo. É hora do som… na orelha!


Galaxy Buds Live: um feijão estranho, mas bastante funcional

Com um estranho formato de feijão, o Galaxy Buds Live tem um design diferente dos outros fones de ouvido no mercado. E há um motivo para isso: o aparelho acompanha a anatomia da orelha, encaixando-se perfeitamente logo na primeira tentativa de usá-lo. Ele também fica firme no ouvido, sem dar a impressão de que vai cair a qualquer momento — o que é ótimo para exercícios físicos.

Os Buds Live têm um acabamento brilhante que, especialmente na versão bronze (nova queridinha da Samsung que aparece em toda a linha do Galaxy Note 20), faz o dispositivo parecer uma joia. O seu estojo, que é pequeno e delicado, também ajuda a dar essa impressão.

A conexão simples com o celular, via Bluetooth, é outro destaque, com ajuda do app Galaxy Wearable. O app também tem algumas funções para controlar o fone, como uma ferramenta de equalizador, com que é possível ouvir uma música nos modos normal, nítido, dinâmico, suave, mais agudos e mais graves — com essa última opção ativada, por exemplo, os graves do funk “Parado no Bailão” ficam bastante em evidência. De forma geral, os Buds Live oferecem um som limpo e nítido.

O app também tem um recurso que te ajuda a buscar os fones de ouvido caso você os perca — afinal, eles são pequenos e, com descuido, somem fácil. Quando essa ferramenta é acionada pelo celular, os fones começam a fazer um barulho parecido com os sons de passarinhos. Com isso, é só correr pela casa com o ouvido atento para procurar os dispositivos.

Com preço de R$ 1,3 mil, os Buds Live têm como principal falha o recurso de cancelamento de ruído. Ele não é capaz de abafar barulhos, como fazem os AirPods Pro. É uma experiência bem diferente: ele só é capaz de amenizar sons recorrentes, como uma TV ligada, e mesmo assim não bloqueia totalmente o barulho. Para quem está em busca de um aparelho um pouco mais barato, vale a pena conferir ainda o Galaxy Buds+, geração anterior do fone da Samsung, lançada no início do ano.

Galaxy Buds Live

Bateria: 6 horas de autonomia

Cancelamento de ruído: sim

Comando de voz: sim

Peso: 5.6 g cada fone

Preço: R$ 1,3 mil


Air Pods Pro: versão de luxo do topo de linha da categoria

Os AirPods Pro são a versão de luxo dos AirPods, fones de ouvido sem fio da Apple que continuam a fazer muito sucesso de vendas – para quem pode pagar, claro.

Boa parte das novidades estão no design. O fone é menor e mais pesado que os AirPods, o que lhe dá melhor equilíbrio no ouvido durante exercícios físicos. Ele também possui borrachas de silicone intra-auriculares e personalizáveis (a caixa vem com três tamanhos para serem escolhidos), que isolam melhor o som e se ajustam melhor aos ouvidos. Por causa dessas mudanças, alguns defeitos da versão simples foram minimizados, como a limpeza e o suor. No entanto, isso não faz dos AirPods Pro uma versão “profissional”, como o nome leva a acreditar.

A grande novidade, no entanto, está no cancelamento de ruído ativo, função que permite, por meio de software e hardware, isolar o som do áudio que está sendo reproduzido. É como ouvir um podcast ou mensagem de áudio no metrô sem ser perturbado pelo barulho do transporte. Mas pode haver problemas no dia a dia, como ao atravessar a rua, em que a audição é essencial para a nossa segurança. Pensando nisso, a Apple criou o “Modo Ambiente”, no qual há entrada de som externo, mas sem que o áudio seja atrapalhado.

Outras funções que já vinham dos AirPods foram aprimoradas ou mantidas sem muita diferença. A reprodução de sons graves está menos estridente, microfone capta bem a voz mesmo em espaços barulhos e o pareamento com o iPhone continua perfeito. Mas tudo isso tem preço.

AirPods Pro

Bateria: 4 horas e 30 minutos de autonomia

Cancelamento de ruído: sim

Comando de voz: sim

Peso: 5,4g cada fone

Preço: R$ 3 mil


Huawei FreeBuds 3: opção às líderes do mercado

A Huawei chegou ao mercado brasileiro em 2019 com a promessa de trazer celulares capazes de fazer frente a Apple e Samsung. A jornada da empresa por aqui deu errado após os problemas políticos com a Casa Branca, mas a chinesa segue no País com bons acessórios, esperando tempos mais calmos na diplomacia internacional.

Um bom exemplo dessa safra são os FreeBuds 3, uma opção interessante aos fones topo de linha do mercado, de… Apple e Samsung. É importante fazer a ressalva, porém, de que essa análise faz sentido especialmente considerando o preço dos aparelhos.

Diferente da versão anterior, o FreeBuds 3, da Huawei, não possui as borrachinhas que fixam os fones na orelha - conector é mais parecido com o formato dos fones com fio da Apple - e podem ficar um pouco soltos sem o ajuste.

O cancelamento de ruído é satisfatório, mas não permite isolamento total do barulho externo, e pode ser ativado com dois toques no fone esquerdo. Na proposta, a partir do aplicativo próprio da Huawei é possível controlar qual o nível de ruído desejado, mas o app tem compatibilidade apenas com celulares Android.

O carregamento total do estojo leva cerca de 30 minutos e a bateria dura cerca de 3 horas sem precisar carregar por vez. Uma recarga no estojo também rende algumas horas a mais no fone. No total, é possível aproveitar cerca de 9 horas de reprodução sem precisar de nenhuma tomada no caminho.

Huawei FreeBuds 3

Bateria: 4 horas de autonomia

Cancelamento de ruído: sim

Comando de voz: não

Peso: 4,5 g cada fone

Preço: R$ 1,3 mil


Powerbeats Pro: ideal para quem faz academia

O Powerbeats Pro, da Beats, parece ser o fone ideal para quem frequenta academias. Nesse quesito, ele certamente supera os AirPods, seu ‘irmão mais velho’ – afinal, ambos são produtos da Apple. Os dois dispositivos têm o mesmo chip de reconhecimento de voz, mas o Powerbeats consegue oferecer características únicas.

Ao contrário de vários modelos in-ear, o Powerbeats Pro tem uma haste de silicone que passa por trás da orelha. Esse ‘abraço’ garante uma fixação mais firme do aparelho, além de permitir um encaixe mais profundo do alto-falante no canal auditivo. Ele permanece firme mesmo quando a gravidade joga bastante contra.

Em relação ao cancelamento de ruído, os Powerbeats não tem o recurso, como a segunda geração dos AirPods, lançada no final de 2019. Porém, dado o encaixe do aparelho com a orelha, a potência dos falantes e a equalização de áudio, é possível que o usuário não sinta falta do recurso.

A bateria dos Powerbeats se destaca: a Beats fala em até 9 horas de autonomia. Para recarregar a bateria do estojo, e dos fones, é preciso conectá-lo a um cabo Lightning/USB – um cabo desses acompanha o estojo, mas para quem tem o celular Android vira uma pequena desvantagem.

Em relação à qualidade de som, o caldo de graves com pequenos toques de agudo é suficiente e não afeta a experiência. Agora, para os nerds do áudio, a qualidade pode decepcionar um pouco.

Powerbeats Pro

Bateria: 9 horas de autonomia

Cancelamento de ruído: não

Comando de voz: sim

Peso: 20,3 g cada fone

Preço: R$ 2,1 mil


Mi True Wireless Earphones 2 Basic: quase clone, mas de bom custo-benefício

A primeira impressão ao pegar o Mi True Wireless Earphones 2 Basic, da Xiaomi, nas mãos, é de que se está diante de uma cópia muito boa dos AirPods, da Apple. Não é à toa: além de ter dado origem à categoria, em 2016, o aparelho da empresa de Tim Cook serviu como referência de design para uma série de rivais. As diferenças, no entanto, já aparecem na hora em que se coloca o fone da companhia chinesa no ouvido.

Primeiro, porque suas hastes são mais grossas que as do rival americano. Segundo, porque o acabamento é em um material que não transmite sensação de resistência. Terceiro, porque sua fixação não é perfeita no ouvido – e às vezes o aparelho dá a impressão que vai cair durante o uso. Mas tudo isso tem uma boa explicação: o preço – com o valor de um AirPod, é possível comprar dois ou três pares de fones de ouvido da Xiaomi.

É no custo-benefício que o aparelho da chinesa se destaca: ele traz um som de boa qualidade e bem equalizador, ficando a dever apenas em graves em alguns gêneros musicais. Além disso, ele é um dispositivo prático e sua bateria de longa duração é uma vantagem no segmento. Outro ponto a favor é o fato de que os fones têm muitas das funções automatizadas presentes em aparelhos da categoria, como o uso sincronizado com assistentes de voz (e vale tanto para Siri, no iPhone, quando no Google Assistant em qualquer Android), o uso de botões para volume e a capacidade de desligar ou pausar a música se um fone sai da cabeça.

E o preço, claro, se destaca: aqui no Brasil, ele é vendido por R$ 500, sendo uma boa opção para quem está em busca de um fone de ouvido sem fio, mas tem dúvida se a experiência de um aparelho na casa de quatro dígitos compensa.

Mi True Wireless Earphones 2 Basic

 Bateria: 5h de autonomia

Cancelamento de ruído: não

Comando de voz: sim  

Peso: 4,7 g cada fone

Preço: R$ 500


Moto Buds Charge: modelo de entrada é aperitivo limitado

O MotoBuds Charge, da Motorola, é um bom fone de ouvido sem fio para quem está querendo entrar na moda dos earbuds: é barato, a qualidade de som é satisfatória e ele encaixa bem na orelha. Hoje, o aparelho está disponível em um kit com o Moto G9 Play: você compra o celular e desembolsando mais R$ 100, leva o fone.

O principal diferencial do MotoBuds Charge é a caixa do fone, que tem um pequeno cabo para conectá-la ao celular —  com isso, é possível carregar a bateria do dispositivo sem a necessidade de ter uma tomada por perto. Ele também tem microfone para você falar em ligações.

Porém, o fato de o MotoBuds Charge ser um produto de entrada pesa em algumas características. Apesar de ser honesta, a qualidade do som perde para outros modelos do mercado. Outro problema é o barulho característico do “Hello Moto”, que muitas vezes parece um grito bem no ouvido.

Além disso, o processo de parear o aparelho com o celular exige algumas tentativas: você precisa tirar os dois fones quase ao mesmo tempo da caixa para eles serem reconhecidos pelo celular. Para alguém que não tem muita destreza com produtos tecnológicos, pode ser uma dificuldade.

Moto Buds Charge

 Bateria: 5 horas de autonomia

Cancelamento de ruído: não

Comando de voz: sim

Peso: não disponível

Preço: Disponível em um kit com o Moto G9 Play, por mais R$ 100


Expediente

Editor executivo multimídia Fabio Sales / Editora de infografia multimídia Regina Elisabeth Silva / Editores assistentes multimídia Adriano Araujo, Carlos Marin, Glauco Lara e William Mariotto / Edição de texto Bruno Capelas / Reportagem Bruna Arimathea, Bruno Capelas, Bruno Romani, Giovanna Wolf e Guilherme Guerra  / Designers Multimídia Danilo Freire, Dennis Fidalgo, Lucas Almeida e Vitor Fontes

O Estadão deixou de dar suporte ao Internet Explorer 9 ou anterior. Clique aqui e saiba mais.