Nova geração de consoles torna difícil uma pergunta que era simples até o ano passado; preços, jogos exclusivos e compatibilidade com outros dispositivos são diferenciais
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Existe uma espécie de fenômeno raro que acontece no mercado de games, supostamente a cada seis ou sete anos: a chegada de uma nova geração de consoles. 2020 é um destes anos. Mais que isso: este novembro de Black Friday no Brasil também é o mês que marca a chegada ao País dos novos videogames de Sony – PlayStation 5 – e Microsoft – Xbox Series S e X. Como se não fosse suficiente, a Nintendo também lançou recentemente no Brasil o seu Nintendo Switch, fazendo o jogador que está a fim de gastar seu rico dinheirinho em um console ver suas opções se multiplicarem.
A questão vai além do preço e das especificações técnicas: depende também do tipo de jogo que cada jogador aprecia, do que ele já jogou antes e de que experiências ele deseja viver nos próximos anos com um controle na mão. É por isso que este guia talvez seja um desafio – vale ler, como complemento a ele, o especial “como escolher o videogame certo”, com dicas para orientar a compra.
Aqui, vamos apresentar individualmente cada um dos consoles disponíveis no mercado brasileiro. Lançados em 2013, o PlayStation 4 e o Xbox One ainda têm algum tempo para agradar os jogadores. Com estreia global lá fora em 2017, mas recém-chegado aqui, o Nintendo Switch pode ser uma opção bacana para famílias e fãs do encanador Mario. Além disso, há os novatos, que serão divididos aqui: o PlayStation 5, apesar de ter dois modelos, aparecerá em uma só análise porque a maior diferença se encontra na presença ou não do leitor de mídia física. Já o Xbox Series terá seus dois modelos presentes – uma vez que as disparidades entre S, mais simples, e X, mais parrudo, são bastante significativas.
É importante considerar ainda que utilizaremos os preços sugeridos pelas marcas como referência. No caso dos novos consoles, é bastante difícil imaginar que os descontos aparecerão nesta Black Friday. Já para os antigos, pode ser uma boa oportunidade de pechincha. Fique de olho – e faça suas apostas.
Lançado em novembro de 2013 no Brasil, o Xbox One viveu uma trajetória tortuosa em seus primeiros momentos – e pagou o preço por isso. Apesar de ter boas especificações técnicas, o videogame ficou mais caro que o rival pela inclusão do sensor de gestos Kinect – uma ideia boa, mas cujo potencial estava em outras áreas que não os games. Além disso, a falta de fôlego de jogos exclusivos da Microsoft para competir com a rival Sony se tornou um problema, especialmente depois que a empresa de Bill Gates lançou suas cantadas com suas séries clássicas – Halo, Gears of War, Forza Horizon e Forza Motorsport.
São fatores que explicam porque, globalmente, o Xbox One ficou atrás do rival PlayStation 4 em vendas. No entanto, o aparelho ainda tem muita lenha para queimar – a ponto de ainda ser encontrado em três versões diferentes no varejo local. Das três, vamos destacar aqui o Xbox One S, que ainda será vendida pela Microsoft mesmo com o lançamento dos novos consoles.
Em termos de resolução, o Xbox One S é capaz de rodar filmes e vídeos em 4K, o que é uma boa coisa para quem já tem uma TV com tal resolução. No entanto, seu desempenho não é suficiente para rodar jogos em 4K – algo que só vai ser sentido por quem já tem uma tela desse tipo. Por outro lado, o videogame consegue rodar jogos com HDR, um recurso bem importante para deixar as cores mais vivas. Seu irmão mais velho, o já descontinuado Xbox One X (mas ainda possível de encontrar nas lojas), tem desempenho superior rodando jogos em 4K, mas seu preço já não compensa mais face à nova geração de consoles.
E por que comprar um videogame “antigo”? Primeiro, porque o Xbox One ainda deve receber jogos novos por pelo menos dois anos, seguindo um padrão da indústria. Segundo, porque muitos jogos já lançados estarão em promoção – e para quem não os jogou, eles proporcionam ótimo custo benefício. Terceiro, porque a Microsoft é dona do Xbox Game Pass, serviço de assinatura que custa R$ 30 e permite acesso a uma biblioteca de mais de 100 jogos, com direito a exclusivos do Xbox no dia de lançamento. É uma ótima opção para quem quer gastar pouco.
Xbox One S
Preço: R$ 2,4 mil (média do varejo)
Resolução máxima: 4K (filmes); 1080p / 60fps (games)
Bateria: não se aplica
Controles: 1
Armazenamento: 500 GB/ 1 TB / 2 TB
Mídia: Sim (BD/DVD)
The Last of Us. God of War. Uncharted. Gran Turismo. Ghost of Tsushima. Street Fighter V. Horizon Zero Dawn. Spider-Man. Nos últimos anos, os donos de um PlayStation 4 tiveram inúmeros motivos para encher a boca e falar bem de seu console – e olha que a lista acima contempla apenas jogos exclusivos, sem considerar aqueles que estavam disponíveis também para o rival Xbox. É justamente pela força de seus clássicos (e a renovação de sua coleção) que a Sony vendeu mais de 100 milhões de aparelhos nos últimos anos em todo o planeta.
Para quem esteve fora do mundo dos games nos últimos anos, comprar um PlayStation 4 pode ser a chance de aproveitar todos esses jogos por preços camaradas – afinal, muitos deles já estão em promoção. Além disso, a alta popularidade do console também ajuda na longevidade de muitos jogos online, algo que se tornou definitivamente importante ao longo da última geração de consoles. De quebra, um PlayStation também é um ótimo leitor de Blu-ray, algo que pode satisfazer os fãs de mídias em tempos de streaming.
No entanto, nem tudo faz sentido no videogame, cuja principal versão atualmente vendida no Brasil é a do PlayStation 4 Slim, introduzida em 2016. Assim como o Xbox One S, o PlayStation 4 Slim também roda jogos apenas em 1080p e 60 frames por segundo. Para um momento em que as TVs já estão se tornando Ultra HD, pode não ser a melhor compra. Se você não tem uma tela dessas (e não almeja ter em breve), porém, a escolha pode fazer sentido. Vale lembrar que a versão mais cara do PS4, o PS4 Pro, também não roda jogos em 4K nativo.
De qualquer maneira, o jogador que comprar o PlayStation 4 tem ainda a seu serviço a PlayStation Plus, serviço de partidas online que também traz bons jogos gratuitos – caso do hit Fall Guys, uma das sensações de 2020.
PlayStation 4 Slim
Preço: R$ 2,5 mil (média do varejo)
Resolução máxima: 1080p (Full HD) a 60fps (games)
Bateria: não se aplica
Controles: 1
Armazenamento: 500 GB/1 TB / 2 TB
Mídia: Sim (BD/DVD)
Há pelo menos uma década e meia, a Nintendo busca criar uma terceira via no mercado de videogames. Em vez de entrar na disputa ferrenha por especificações técnicas e jogos exclusivos com Sony e Microsoft, a japonesa busca criar novas formas de jogar. Foi assim com o Wii, que trouxe os pioneiros controles de gestos. Foi assim com o Wii U, que tinha um controle em formato de tablet, mas naufragou pela falta de bons jogos pensados exclusivamente para ele.
E é assim desde 2017 com o Switch, um dos mais engenhosos dispositivos de massa já feitos. Misto de videogame de mesa com game portátil, o aparelho conquistou jogadores pelas suas múltiplas possibilidades de uso e por jogos que entendem bem essa dinâmica, que serve tanto para quem viaja muito como para festas com amigos (lembra delas? Pois é). Além disso, é um dos videogames que têm a maior quantidade de jogos incríveis dos últimos anos, incluindo os já clássicos The Legend of Zelda: Breath of the Wild e Super Mario Odyssey, além de reedições de franquias como Mario Kart, Super Smash Bros e Pokémon.
Mas não é só: pela primeira vez, a Nintendo também conseguiu atrair a atenção dos produtores independentes e alçou vários games feitos de forma alternativa ao estrelato – caso de Celeste, por exemplo, hit em 2018. Por outro lado, o console também não é perfeito: tem pouco espaço interno (e quando usado com um cartão SD, por vezes fica lento). Sua resolução também começa a ficar ultrapassada: na tela portátil, é apenas HD; na TV, chega no máximo a Full HD, em um momento em que as 4K vão se popularizando. É uma questão de escolha – mas para quem já tem um console da atual geração, o Switch pode ser a terceira via perfeita para muita jogatina bacana.
Nintendo Switch
Preço: R$ 3 mil
Resolução máxima: 1080p (Full HD) a 60fps
Bateria: 4310 mAh
Controles: 2 (individuais) ou 1 (portátil)
Armazenamento: 32 GB, aceita cartão SD
Mídia: Sim (cartucho)
Na geração atual de videogames, um dos motivos pelos quais a Microsoft saiu perdendo foi ter um videogame mais caro (nos EUA) que a rival Sony – culpa, como já dissemos, do Kinect. Na nova geração, a empresa aprendeu a lição. Mais que isso, soube pular adiante da rival com um console que serve como porta de entrada para o futuro dos videogames – o Xbox Series S.
Com preço amigável, muito próximo aos praticados no varejo nacional para os videogames da geração anterior, o Xbox Series S é um meio do caminho interessante: é capaz de rodar tanto jogos antigos do Xbox One quanto o que vem por aí com o Xbox Series, tendo um ciclo de vida bastante longo. Além disso, o console vem turbinado pelas propostas de serviço da Microsoft, como a Xbox Live Gold e o Game Pass, que podem fazer o jogador novato nem saber qual é a cor da caixinha dos jogos da marca (resposta certa: verde).
O videogame vem ainda com um novo controle – bastante similar ao do Xbox One, ele ganhou melhorias de design (a textura mais firme) e de jogabilidade (o botão direcional analógico tem maior precisão). Por outro lado, o custo-benefício tem seus entraves: o Xbox Series S não tem leitor de mídia física, prendendo o jogador ao mundo dos games digitais. Ele também não tem poder de processamento para rodar games em 4K nativo, utilizando upscaling, o que pode frustrar quem acabou de comprar uma TV nova. E seu espaço de armazenamento é exíguo, o que pode forçar o jogador a manter uma coleção menor de games instalados no console.
Xbox Series S
Preço: R$ 2,8 mil
Resolução máxima: 1440p (Quad HD), com upscaling para 4K
Bateria: não se aplica
Controles: 1
Armazenamento: SSD, 512 GB
Mídia: Não
Caixa não, caixote! O Xbox Series X levou a sério o nome que carrega e mostra a que veio já no design. É um caixotão (ainda que menor que o rival PS5), o que pode ser um desafio para colocá-lo na decoração da sua sala. Mas tal construção tem seu motivo: é o videogame mais parrudo da atualidade em termos de especificações técnicas, com processadores e memória avançados. No entanto, ainda é cedo para dizer se isso vai se reverter em uma vantagem prática, uma vez que a otimização entre hardware e software importa tanto ou até mais que as especificações em si. Nos nossos testes, porém, o resultado até aqui impressiona.
Ainda que seja difícil imaginar uma evolução gráfica significativa (ainda mais em jogos já muito realistas como o que vimos na última geração), o Xbox Series X traz três aspectos de fôlego para os games: a atualização de frequência das imagens, a quantidade de frames por segundo e a presença massiva do HDR (recurso que, entre outras coisas, detalha melhor as cores). É algo que também está presente no PlayStation 5, em uma briga que será nivelada por alto.
Se a Sony tem exclusivos, a Microsoft tem serviços – como já dito no texto acima, o Game Pass é um diferencial tanto para quem está chegando agora ao mundo dos games quanto para jogadores já experimentados, mas que farão o salto de geração agora. Além disso, há o diferencial do EA Play e também da retrocompatibilidade com todos as gerações do Xbox. Já o PlayStation só terá jogos compatíveis com o PS4 e ainda engatinha na oferta de bibliotecas de games. Se isso será suficiente para mudar os rumos do mercado, como diria o poeta, só o tempo vai dizer.
Xbox Series X
Preço: R$ 4,6 mil
Resolução máxima: 8K, 120 fps
Bateria: não se aplica
Controles: 1
Armazenamento: 1 TB (SSD)
Mídia: Sim
Quem viveu a última década no mundo dos games, sabe o quanto o PlayStation 4 dominou o mercado com seus jogos exclusivos, boas promoções e uma estratégia bem pensada da Sony. Recém-lançado lá fora e aqui no Brasil, o PlayStation 5 chega com o desafio de manter a companhia japonesa batendo recordes de vendas. A primeira coisa que chama a atenção é que ele tenta provar que tamanho é documento, sendo de longe o maior videogame da empresa até aqui (e poderá ser um desafio para o seu rack da sala).
Ao contrário da Microsoft, a Sony optou por fazer uma versão única de seu console, apenas variando na inclusão (ou não) do leitor de mídia física. Por um lado, é interessante porque não faz o videogame perder especificações em prol de uma vantagem no mercado. Por outro, pode tornar o aparelho menos acessível em um ano tão difícil. Além disso, a escolha de optar só por jogos digitais pode ser difícil em um dispositivo com pouco espaço de armazenamento, ao menos nesta versão de lançamento.
Em termos de jogatina, é uma máquina parruda e que pode ficar ainda melhor com o tempo – segundo a Sony, uma atualização para o futuro permitirá que o aparelho rode jogos em 8K, algo ainda distante do mercado (e que depende de telas com tal resolução, claro), mas que pode fazer diferença em alguns anos. Além disso, o videogame tem HDR e altas taxas de atualização (120Hz, padrão ouro no mercado) e consegue rodar games consistentemente com muitos frames por segundo.
Para agora, o que fará diferença mesmo são os exclusivos da Sony: franquias como Spider-Man e Souls terão jogos já na estreia do console, enquanto títulos de Gran Turismo e Horizon vem aí em breve. É só o começo de uma nova jornada.
PlayStation 5
Preço: R$ 4,2 mil (sem leitor de mídia física) / R$ 4,7 mil (sem leitor de mídia física)
Resolução máxima:4K (no lançamento); 8K (update)
Bateria: não se aplica
Controles: 1
Armazenamento: 825 GB (SSD)
Mídia: Não/Sim (BD/DVD)
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Editor executivo multimídia Fabio Sales / Editora de infografia multimídia Regina Elisabeth Silva / Editores assistentes multimídia Adriano Araujo, Carlos Marin, Glauco Lara e William Mariotto / Edição de texto e reportagem Bruno Capelas / Designers Multimídia Danilo Freire, Dennis Fidalgo, Lucas Almeida e Vitor Fontes