Item indispensável na rotina do professor mineiro Samuel Araújo, de 37 anos, o laptop o acompanhou até mesmo no feriadão de carnaval. Em Barretos, cidade do interior paulista, nada de folia. Ele usou os dias de descanso para rever a namorada, atualizar os e-mails e estudar inglês. Matriculado num curso exclusivamente online desde o início do ano, Samuel tenta aproveitar ao máximo os recursos disponíveis na escola virtual. "Já estudei em escolas tradicionais, mas era difícil frequentar as aulas", explica. "Agora posso acessar o site sempre que quiser e tenho aprendido muito."A flexibilidade de horário é apontada como o grande diferencial por quem recorre a métodos alternativos de aprendizado de idiomas. São pessoas que precisam estudar uma língua estrangeira, mas não conseguem acompanhar as aulas de um curso tradicional, que, em geral, exige presença em sala de aula. De olho nesse público, algumas empresas oferecem ao aluno a opção de cumprir seu objetivo via internet e até por telefone.O professor Samuel Araújo estuda na English Town, que se autodenomina "a maior escola online de inglês do mundo" e está há dez anos em atividade no País. Segundo o gerente-geral Pércio de Luca, a empresa tem mais de 20 mil brasileiros matriculados e recebe cerca de 2 milhões de visitas anuais de pessoas que buscam conteúdo gratuito. "O fato de as pessoas conhecerem cada vez mais a internet mudou os hábitos, e elas passam a reconhecer que o ambiente de aprendizagem virtual pode ser tão ou mais eficiente que o tradicional."Segundo ele, o perfil dos alunos é bastante heterogêneo - de jovens universitários a executivos, passando por donas de casa. A engenheira Ana Luiza Bergamini, de 39 anos, nasceu nos Estados Unidos, cresceu no Brasil e retornou várias vezes aos EUA. Professora de inglês há sete anos, ela criou, em 2006, o Inglês Online, um diretório de sites em inglês. "No início era um hobby. Comecei a ensinar e vi que quase ninguém conhecia os bons sites que eu encontrava." Com o tempo, passou a disponibilizar, gratuitamente, lições, arquivos de áudio e exercícios. "Daí as pessoas começaram a pedir um curso", lembra. No ano passado, planejou o lançamento de um curso e redesenhou o site.As aulas da primeira turma, do módulo básico, começaram no mês passado, com 155 alunos. "É para o pessoal que tem mais dificuldade na internet, porque a maioria dos recursos para estudar inglês está em inglês, ou seja, é mais apropriada para quem já tem uma compreensão ao menos intermediária do idioma."Algumas escolas de idiomas tradicionais também estão investindo no online. Yázigi e Seven Idiomas têm cursos exclusivamente via internet, enquanto a Cultura Inglesa e o CNA disponibilizam, na rede, exercícios extras para complementar o aprendizado de seus alunos. O CCAA vende um sistema de aprendizagem autônoma, em que o aluno compra o mesmo material didático das salas de aula, estuda e precisa ir à escola mais próxima para fazer avaliações. São elas que determinam o avanço no curso.Segundo Marcos Polifemi, diretor pedagógico do Centro de Linguística Aplicada do Yázigi e responsável pela House of English, ambiente virtual criado pela escola para o ensino online, os alunos têm contato com a língua desde o primeiro dia e professores de plantão ajudam a elaborar um plano de estudos. "Mas se o aluno quer aprender a falar, o curso tem fragilidades", admite. Entre elas, o contato reduzido com professores.Conversação. O desenvolvimento da habilidade de conversação é o ponto fraco de alguns cursos online, entre eles, o da Seven Idiomas, empresa que representa no País a Net Languages. Cada aluno tem um tutor, professor da Seven, que o acompanha, corrige as redações e conversa com ele, mas apenas por e-mail. "Oferecemos atividades de compreensão auditiva, gramática e interpretação de textos", diz o CEO da Seven, Steven Beggs. "Faz sucesso na internet o curso que oferece mais conteúdo e menos prática."
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