BRASÍLIA - Lideranças petistas na Câmara e no Senado defenderam nesta sexta-feira, 24, a demissão do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que pediu licença do governo para operar a próstata. A posição da oposição é uma reação às declarações do ex-assessor da Presidência José Yunes, que disse ao Estado ter atuado como “mula involuntária” do ministro da Casa Civil ao receber um pacote no seu escritório de advocacia, em São Paulo, das mãos do doleiro Lúcio Funaro. A história apareceu na delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que disse ter mandado entregar dinheiro em espécie no endereço de trabalho de Yunes, em 2014.
Amigo do presidente Michel Temer, o advogado nega ter recebido dinheiro, mas admite que Padilha pediu, por telefone, para ele receber um documento. “Pelo relacionamento político e partidário que tenho com ele, Padilha pediu se eu poderia receber no escritório um documento, um pacote, para que outra pessoa fosse pegar”, contou Yunes ao Estado. “Quem levou o documento, que eu não conhecia, era o Lúcio Funaro. Por isso eu brinquei que fui mula involuntária do Padilha.” Funaro foi preso em julho de 2016 na Operação Lava Jato. Era operador do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
"O ministro Eliseu Padilha não reúne mais condições em permanecer no Executivo e precisa ser demitido imediatamente. Padilha, o auxiliar mais próximo de Michel Temer, foi envolvido em operação com recursos ilegais. Não se trata de denúncia, mas de prova testemunhal contra ele, que partiu de José Yunes, amigo do presidente", disse o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP).
O líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), reforçou a posição do partido ao qualificar de "grave" o episódio. "É uma coisa grave", criticou Costa, ao citar que Yunes teria avisado o próprio Temer, na ocasião vice de Dilma, sobre o envelope. O petista admite, contudo, que não acredita na saída de Padilha do governo, uma vez que o presidente já adotou um padrão de decisão segundo o qual somente quem for alvo de denúncia criminal se afastaria preventivamente. "Se ele (Temer) for usar um critério diferente, já deveria ter saído do cargo", afirmou.
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