Roubo de dados da Petrobras foi espionagem, diz PF

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Por RODRIGO VIGA GAIER E MAURÍCIO SAVARESE

A espionagem industrial é a única linha de investigação da Polícia Federal para apurar o roubo de informações sigilosas da Petrobras, ocorrido em janeiro e divulgado na semana passada, afirmou o superintendente da PF no Rio de Janeiro, Valdinho Jacinto Caetano. Segundo inquérito aberto na quinta-feira depois do Carnaval, quase uma semana após o comunicado do furto, os dados continham informações de uma sonda que trabalhava na bacia de Santos. Foram furtados quatro notebooks e dois HDs da estatal com dados sigilosos sobre a exploração de petróleo no local. A Petrobras anunciou no ano passado a existência de um campo gigante de petróleo e gás natural na bacia de Santos, na chamada área pré-sal. "Havia no contêiner material de escritório e laptops, não levaram todo o material, o que nos leva a descartar que foi um roubo comum. Quem procura HD não está praticando um roubo comum, havia um interesse específico de um determinado assunto", disse ele a jornalistas em entrevista coletiva nesta terça-feira. MAIS CASOS Caetano confirmou que este não foi o primeiro caso envolvendo furtos de dados da Petrobras, conforme informou à Reuters o diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) Fernando Siqueira na última sexta-feira. "A Petrobras disse que tinha casos semelhantes a esse. Há um ano, um ano e meio, ela comunicou à Polícia Civil, mas os dados furtados não tinham informações importantes", disse Caetano. A PF ainda não sabe precisar o local exato do furto das informações, mas desaprovou o sistema de segurança da estatal. "Não há como negar, o sistema de segurança para esse material é bastante falho, muita gente tinha acesso a esse material. A segurança é adequada para escritório, mas inadequada para informações importantes, houve falha na segurança", afirmou. Ele disse que um inquérito vai determinar se a falha foi da Petrobras ou das empresas envolvidas, a norte-americana Halliburton e a transportadora Transmagno. Ele confirmou ainda que uma mesma chave era usada para abrir o cadeado de vários contêineres, o que torna o sistema ainda mais inseguro. DEPOIMENTOS A Polícia Federal já ouviu nove pessoas até agora envolvidas diretamente na segurança e no transporte do material. Outras 15 pessoas ainda devem ser interrogadas, informou Caetano. O delegado afirmou que os inquéritos têm prazo legal de 30 dias para serem concluídos, podendo ser prorrogados por mais um mês. "Mas nesse caso de importância não tem prazo para concluir", garantiu. Ele disse que um delegado da Polícia Federal de Brasília foi designado para auxiliar nas investigações, mas não soube informar o nome. Em Macaé, onde foi aberto o inquérito sobre o roubo, a Polícia Federal está ouvindo depoimentos, nesta terça-feira, de um funcionário da empresa norte-americana Halliburton, prestadora de serviços da Petrobras, e de dois trabalhadores da companhia de transportes Transmagno, encarregada de levar o contêiner até Macaé. A advogada da Transmagno, Valéria Manhães, afirmou que a empresa fará um rastreamento nos seus caminhões para identificar o trajeto percorrido e os horários nos quais o veículo trafegou no percurso entre o Rio de Janeiro e Macaé. Segundo ela, o trajeto, que normalmente é feito em cerca de três horas, demorou mais do que isso devido a chuvas e a um pernoite do dia 29 para o dia 30 de janeiro. O motorista da empresa e outro funcionário não-identificado depuseram nesta terça-feira na sede da Polícia Federal em Macaé. (Edição de Denise Luna)

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