Violência no Rio de Janeiro retoma níveis pré-UPPs

No 1º trimestre, 1.459 pessoas foram mortas, próximos dos 1.562 casos de 2008, ano de início das Unidades de Polícia Pacificadora

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Os dados de criminalidade no primeiro trimestre de 2014, divulgados pelo Instituto de Segurança Pública, mostram que a violência no Rio voltou aos níveis do mesmo período de 2008, quando o Estado ainda não havia iniciado o programa de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) - a primeira unidade começou a funcionar em dezembro daquele ano no Morro Santa Marta, em Botafogo, na zona sul. Por conta do recrudescimento da violência, com aumento de homicídios dolosos, autos de resistência e crimes contra o patrimônio, o governo antecipou o plano especial de segurança da Copa e suspendeu a segunda folga semanal de 2 mil policiais militares.O índice de criminalidade divulgado na sexta-feira mostrou que 1.459 pessoas foram assassinadas no primeiro trimestre de 2014 - próximo do número de 1.562 registrados em 2008. Em 2012, ano em que houve o menor índice de homicídios (4.030, no total), o primeiro trimestre teve 1.100 casos.Depois das UPPs, índices de ocorrências vinham mostrando declínio. Houve 358 autos de resistência (morte em confronto com a polícia) registrados no primeiro trimestre de 2008. Esse número caiu para 111 em 2012 e 96 em 2013. Em 2014, voltou a subir - está em 153. Os roubos de veículos haviam caído de 7.359 nos três primeiros meses de 2008, para 5.598 em 2012. No primeiro trimestre deste ano, ultrapassou a marca pré-UPP - foram registrados 9.209. Os roubos de rua (índice que reúne número de assaltos a transeuntes, roubos de celular e em transporte público) também voltaram a subir. Houve 20.648 casos de janeiro a março de 2008. Em 2012, houve 15.422 casos no período. Este ano, foram registrados 23.675."Essa ideia que se espalhou de que há migração do crime está fazendo sentido. Há mudança de padrão da criminalidade na Baixada Fluminense e outras áreas da região metropolitana do Rio, como Niterói e São Gonçalo, não só com aumento da criminalidade, mas com pessoas que passaram a circular armadas. Há uma rearrumação do mundo do crime. E as políticas de segurança foram lentas para responder a isso", afirmou a cientista política Sílvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Cândido Mendes. "O que estamos vendo é um momento de crise da política de segurança, e essa crise vem vindo desde 2013", afirmou. "Chegamos a um momento ótimo em 2012, com redução dos homicídios. Mas isso não se sustentou. A política das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) não tem sido mais suficiente para segurar os índices de redução de crimes contra a vida."Os dados referentes à atividade policial, comparando-se os primeiros trimestres de 2008 e 2014, mostram que a produtividade vem crescendo. Os registros de apreensão de drogas cresceram 211% (a quantidade não é divulgada), recuperação de veículos teve aumento de 25% e cumprimentos de mandados de prisão subiram 60%. Já o número de registros de armas apreendidas caiu 11%.O Estado tem 38 unidades de polícia pacificadora, que abrangem mais de 250 favelas e 1,5 milhão de pessoas. O governador Luiz Fernando Pezão disse, na sexta-feira, que não haverá mudança no programa de pacificação. Já o secretário José Mariano Beltrame ressaltou que os dados são referentes aos primeiros meses do ano. "Não dá para avaliar em cima de dois meses. Olhem o histórico que eu acho que o saldo é muito positivo", afirmou.

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