Quarenta e oito repórteres e 11 fotógrafos foram mobilizados pelo Estadão para cobrir o incêndio no Edifício Joelma, que deixou 187 mortos e 300 feridos em 1974. Um deles, Sergio Motta Mello, entrou no prédio ainda em chamas e narrou a experiência em uma reportagem intitulada “Três horas dentro do prédio”.
“No 13º andar do edifício Joelma, ainda em chamas, um relógio de ponto marca as horas: nove e dez. Mas é meio-dia e quinze. Os ponteiros retorcidos e parados do relógio apontam o momento em que o fogo interrompeu seu trabalho - e as vidas das pessoas e funcionários que saltaram para o cimento do pátio, ou então viraram cinzas. Faz exatamente quinze minutos que eu estou dentro do prédio e, sobre o pátio da garagem, antes de chegar aos escritórios carbonizados, mais acima, vejo os que não resistiram e saltaram.”
O laudo pericial do Instituto de Polícia Técnica sobre o incêndio foi concluído em março de 1974, reabrindo o debate sobre a revisão do Código de Obras de São Paulo. Em vigor desde 1934, o código nunca havia passado por um exame que o adequasse às novas condições da cidade e melhorasse seu sistema de prevenção e combate a incêndios – o Joelma, por exemplo, não tinha escadas de emergência.
Quase dois anos antes, em 24 de fevereiro de 1972, o Estadão noticiava outro grande incêndio, no Edifício Andraus. O fogo destruiu o prédio de 32 andares na Avenida São João, também no centro de São Paulo. Dezesseis pessoas morreram e outras 300 foram resgatadas de helicóptero do topo do prédio.
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