Estadão revelou ‘pedaladas fiscais’ de Dilma, que embasaram pedido de impeachment

Descoberta, feita pelos repórteres Adriana Fernandes e João Villaverde, exemplificou uma das manobras contábeis utilizadas por Tesouro e Ministério da Fazenda para melhorar artificialmente contas federais

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Foto do author Liz Batista

Em maio de 2014, reportagem do Estadão revelou que, às vésperas do anúncio oficial do resultado fiscal da União, o Banco Central havia localizado uma diferença de R$ 4 bilhões numa “conta paralela” de um banco privado. O montante entrou como crédito a favor da União, o que melhorou o resultado do déficit primário daquele mês e dissimulou o valor real do rombo nas contas públicas.

A descoberta, feita pelos repórteres Adriana Fernandes e João Villaverde, exemplificou uma das manobras contábeis utilizadas pelo Tesouro e pelo Ministério da Fazenda para melhorar artificialmente as contas federais. A chamada “contabilidade criativa” do governo Dilma Rousseff (PT) era alvo recorrente de críticas de especialistas em contas públicas, investidores e mercado financeiro.

Dilma Rousseff andando de bicicleta no Palácio da Alvorada Foto: Dida Sampaio/Estadão

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O jornal também mostrou que o atraso no repasse de dinheiro para bancos públicos e privados e para autarquias, como o INSS, era feito de forma intencional pelo Tesouro para melhorar artificialmente as contas federais, no que ficou conhecido como “pedaladas fiscais”. Em 2015, relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgado com exclusividade pelo Estadão, demonstrou que R$ 37,1 bilhões em “pedaladas fiscais” tinham sido omitidos das contas federais.

As “pedaladas fiscais” embasaram o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, sob a acusação de crime de responsabilidade. O Estadão trouxe ao leitor como se posicionariam os deputados e senadores nas votações nas duas Casas Legislativas. Diariamente, o placar do impeachment era atualizado tanto na versão digital quanto na impressa do jornal.

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Em 31 de agosto de 2016, o plenário do Senado Federal votou pela cassação do mandato da ex-presidente. Em 2023, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) manteve a decisão da primeira instância e votou pelo arquivamento da ação de improbidade contra Dilma.