Estadão teve papel ativo, direto do front, durante a Revolução de 32

Irmãos Mesquita se alistaram e foram para a frente de batalha no Vale do Paraíba; repressão ao jornal aumentou após o fim do conflito e a derrota dos paulistas

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Foto do author Liz Batista

Maior conflito militar brasileiro no século 20, a Revolução Constitucionalista de 1932 é capítulo definidor da história nacional. A estimativa oficial fala em 700 revolucionários constitucionalistas mortos no levante, que exigia do governo de Getúlio Vargas uma nova Constituição. O Estadão teve papel preponderante na revolução. A família Mesquita expressava o descontentamento das forças políticas e econômicas de São Paulo que haviam apoiado Vargas e a Revolução de 1930, que derrubou a República Velha, mas agora eram confrontadas com um interventor sem trânsito no Estado e com o adiamento das amplas reformas prometidas pelo movimento tenentista.

Combatentes paulistas posam para foto com o 'Estadão' em mãos; levante exigia do governo de Vargas uma nova Constituição Foto: Acervo Estadão - julho de 1932

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A insatisfação se espalhou também pelas outras classes. A revolução estourou em 9 de julho de 1932, e o jornal assumiu posição de voz ativa defensora do levante, noticiando, mobilizando e arrecadando fundos para os revolucionários. Entre os cerca de 200 mil soldados voluntários estavam os irmãos Julio de Mesquita Filho (1892-1969), Francisco Mesquita (1893-1969) e Alfredo Mesquita (1907-1986), que se alistaram e foram para a frente de batalha no Vale do Paraíba.

Após 84 dias de combates, os paulistas - em desigualdade de forças - capitularam em 2 de outubro de 1932. Embora vencido militarmente, o movimento pressionou o governo provisório, e os constitucionalistas viram importantes demandas concretizadas. Em 1933, Vargas nomeou um paulista, Armando de Sales Oliveira (1887-1945), interventor de São Paulo. Em 1934 uma nova Constituição foi promulgada.

Com a derrota da Revolução de 1932, Julio de Mesquita Filho e Francisco Mesquita partiram para o exílio em Portugal. Com a anistia aos constitucionalistas, retornaram ao País. Seguiram combativos ao crescente autoritarismo de Vargas, consolidado com o golpe que instalou a ditadura do Estado Novo, em 1937. A partir daí, cresce a repressão ao Estadão. Julio Filho, então diretor, foi preso 17 vezes e afastado para o exílio novamente, e o jornal ficou sob intervenção estatal. Veja imagens raras do conflito.

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