O Estadão conquistou seu primeiro Prêmio Esso de Reportagem em 1959, pelo trabalho Diário de um Flagelado das Secas. A série de 11 reportagens, do jornalista Rubens Rodrigues dos Santos, traça um retrato vivo do drama da seca no Nordeste. Suas matérias denunciavam a exploração dos retirantes, a economia corrupta que se desenvolveu em torno do drama de milhares de brasileiros, a venda de votos e a ineficiência das políticas públicas de assistência.

O repórter percorreu o sertão durante uma das piores estiagens do semiárido, em 1958. Partilhou do cotidiano de pequenos proprietários que lutavam contra a fome e alistou-se nas frentes de trabalho mantidas pelo governo, onde 480 mil homens inscritos nos serviços de emergência exerciam um trabalho árduo, mas recebiam pouca comida. Em um dos relatos mais eloquentes dos diários, conta: “O cassaco (trabalhador alistado) come pouco, come mal, come indiferentemente. Come para viver, sem nunca ter podido comer para sentir. Come porque precisa, porque senão o estômago se lhe revolveria em cãibras, porque necessita de forças para trabalhar. E, se alguém indaga por que não usa tempero, por que não melhora o sabor do que prepara, ele sentencia: Tempero de pobre é fome!”