Julio de Mesquita Neto recebeu Prêmio Pena de Ouro por defender a liberdade de imprensa

Jornalista denunciou no exterior a censura e a violência contra jornalistas no Brasil durante a ditadura militar

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Foto do author Liz Batista

Em 3 de setembro de 1974, o jornalista Julio de Mesquita Neto (1922–1996) recebeu o prêmio Pena de Ouro para a Liberdade, atribuído pela Federação Internacional dos Editores de Jornais a quem se destaca na defesa da liberdade de imprensa. Julio Neto denunciou no exterior a censura e a violência contra jornalistas no Brasil sob a ditadura militar. Na direção do Estadão, lutou contra a censura imposta em 1968, pelo AI-5. Recusou-se a praticar a autocensura, o que levou o regime a instalar censores na redação do Estadão e do Jornal da Tarde de 1972 a 1975.

Julio de Mesquita Neto recebe o Prêmio Pena de Ouro para a Liberdade, em 1974 Foto: Associated Press - 03/09/1974

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Em Copenhague, em agradecimento ao prêmio, Julio Neto denunciou a censura no País. Este trecho do discurso foi cortado pelos censores da reportagem que noticiava a premiação e preenchido por versos de “Os Lusíadas”. A página original e a censurada podem ser acessadas no site do Acervo Estadão.

Os versos de Camões foram publicados 655 vezes a partir de 2 de agosto de 1973 no lugar de notícias vetadas pela ditadura militar. Até hoje, Julio Neto foi o único brasileiro a receber o Prêmio Pena de Ouro.