É possível fotografar a alma de uma pessoa? Para Domício Pinheiro (1921-1998), um dos grandes fotógrafos da história do Estadão, sim. A “imagem sobrenatural” em questão retrata Pelé (1940-2022) e foi feita no primeiro jogo do Santos na final do Mundial de Clubes, contra o Benfica, em 1962 no Maracanã.
Mesmo considerada tecnicamente imperfeita, por causa da sub-exposição, e sem que o rosto do jogador apareça nem o símbolo do Santos, todos identificam o rei do futebol na imagem.
Nos anos seguintes, Domício, que acompanhou de perto a carreira de Pelé, selecionou o fotograma várias vezes como destaque de seu trabalho. Em 1975, ele retrabalhou a imagem com uma montagem para a 13ª Bienal de Arte de São Paulo. Na década seguinte, a foto é escolhida como capa e pôster do livro em fascículos Era Pelé – o Atleta do Século. Na morte do jogador, em 2022, ela estampou toda a primeira página do Estadão.
Domício Pinheiro, que trabalhou por mais de quatro décadas no jornal, foi um dos fotógrafos mais próximos do rei do futebol. É o dono de outras imagens icônicas, como a do rosto de Pelé rodeado por uma tuba, parecendo uma auréola, e a do jogador de costas com o uniforme da seleção brasileira todo sujo com marcas de lama.
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