A quebra da Bolsa de Nova York, que deu início à maior crise do capitalismo financeiro no século 20, foi manchete do Estadão em outubro de 1929. Além da cobertura noticiosa da Quinta-feira Negra, o jornal se diferenciou por trazer um artigo analítico do renomado economista e cientista político Robert Lacour-Gayet, que explicava as origens da crise e da bolha especulativa.
O mercado americano amargou perdas que somaram mais de US$ 14 bilhões e a economia do país entrou numa profunda crise, a chamada Grande Depressão, que durou cerca de 12 anos. A crise também provocou o desaquecimento de várias economias ocidentais. No Brasil, a economia baseada na produção do café sofreu, enfraqueceu as oligarquias e abriu terreno para a Revolução de 1930.
Em 2008, em meio à crise financeira desencadeada pelo estouro da bolha das hipotecas podres (subprime) nos Estados Unidos e sua repercussão na economia global, o jornalista, empresário, escritor e bibliófilo José Mindlin (1914-2010) comparou as crises, conjecturou sobre seu reflexo na economia brasileira e relembrou seu tempo como redator do Estadão em 1929, aos 15 anos. Ao jornal, Mindlin externou sua preocupação: “Quando eles (EUA) sofrem, o mundo vive as consequências”.
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