Riocentro: a bomba que tentou barrar a abertura política no Brasil

Cobertura do ‘Estadão’ desempenhou papel importante no esclarecimento da ação terrorista frustrada, ocorrida em 1981

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Foto do author Liz Batista

A cobertura do Caso Riocentro pelo Estadão desempenhou papel importante no acesso à informação e no esclarecimento dos fatos que envolveram a ação terrorista frustrada, ocorrida em 1981.

A equipe de jornalistas da sucursal do Rio acompanhou o inquérito, conduziu uma investigação sobre as circunstâncias e os envolvidos no atentado, localizou e entrevistou fontes. Sob a coordenação do chefe de reportagem Ruy Portilho, a apuração do repórter Antero Luiz confirmou que a bomba do Riocentro explodiu no colo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, que estava no banco do carona do Puma dirigido pelo capitão Wilson Machado. Ambos eram membros do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Rosário morreu na ação. As reportagens colocaram em xeque a versão oficial, de que os militares haviam encontrado a bomba e seriam vítimas do ataque - e não os executores.

'Estadão' confirmou que a bomba do Riocentro explodiu no colo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, que estava no banco do carona do Puma Foto: Carlos Chicarino/Estadão - 31/4/1981

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O atentado, planejado para ser o maior da história do Brasil, continua impune. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisou e descartou recurso do Ministério Público Federal (MPF) para reabrir o processo criminal. Em 2014, em entrevista ao Estadão, a viúva do militar morto no atentado relembrou as ameaças que sofreu para não falar sobre a ação que pretendia culpar a esquerda. Em 2024, apuração do repórter Marcelo Godoy apontou que, em 1980, o subcomandante do DOI do Rio foi procurado por um grupo de subordinados que apresentaram um plano para explodir bombas no show do dia do trabalhador, no Riocentro.

Segundo a Comissão Nacional da Verdade, entre janeiro de 1980 e abril de 1981, cerca de 40 atentados foram perpetrados com o intuito de obstruir o processo de abertura política no Brasil. O caso Riocentro foi o mais emblemático. O Estadão recebeu os prêmios Esso e Vladimir Herzog pela cobertura.

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