Sucursal do Estadão no Rio foi invadida por policiais armados com metralhadoras na década de 1950

Motivo foi a publicação do artigo ‘Manifesto ao povo brasileiro’, de Carlos Lacerda, chamando Juscelino Kubitschek de ‘exibicionista delirante’; editorial do jornal no dia seguinte condenou a invasão da polícia à redação

Por Equipe Acervo

Em 24 de agosto de 1956, a sucursal do Estadão no Rio foi invadida por policiais armados de metralhadoras que exigiam dos jornalistas a entrega de todos os exemplares da edição daquele dia. O motivo foi a publicação do artigo intitulado “Manifesto ao povo brasileiro”, de Carlos Lacerda (1914-1977). Nele, Lacerda chamava o então presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) de “exibicionista delirante”.

O presidente Juscelino Kubitschek ao lado de seu vice João Goulart durante evento no Distrito Federal em 1956 Foto: Acervo Estadão - 05/12/1956

No dia seguinte, o jornal publicou o editorial “Violência inexplicável”, condenando a invasão da polícia à redação. “Atentados representam um insulto à democracia”, dizia o texto. Julio de Mesquita Filho (1892-1969), diretor do Estadão, denunciou a arbitrariedade à Associação Interamericana de Imprensa .”Tudo isto é da mais flagrante ilegalidade. Tudo isto é contra a Constituição”, protestou Mesquita.