O Estadão percorreu mais de 15 mil quilômetros de estradas, em sete Estados do Norte e do Centro-Oeste do País, para traçar um mapa da violência em ações de disputa de terras, grilagem e desmatamento. Os repórteres André Borges e Leonencio Nossa e os repórteres-fotográficos Dida Sampaio e Hélvio Romero mostraram o avanço do crime organizado nessas regiões, o desmatamento de árvores ameaçadas de extinção, chuvas de veneno, suicídio de índios, violência contra mulheres e um mercado que opera sob a lógica do crime, em que matadores de aluguel e milicianos torturam, matam e incineram corpos.
A reportagem também trouxe um levantamento inédito de assassinatos em conflitos rurais por terras e madeira e apontou que pelo menos 1.309 pessoas haviam sido mortas por este motivo desde 1996 – pequenos agricultores e indígenas representavam 97% desses homicídios.
Menos de um mês após a publicação de “Terra Bruta”, uma audiência pública foi convocada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados para discutir os conflitos abordados na série. Os membros da comissão solicitaram à Polícia Federal a lista das empresas de segurança atuantes em áreas de conflitos rurais para análise. Leonencio Nossa e André Borges foram convidados a integrar a mesa de debate da audiência.
Terra Bruta conquistou os prêmios Petrobras de Jornalismo, Vladimir Herzog, Dom Helder Câmara e Direitos Humanos de Jornalismo. Conseguiu ainda o segundo lugar no Prêmio Latino-Americano de Jornalismo Investigativo, do Instituto Prensa Y Sociedad (IPYS) e da Transparência Internacional, e foi finalista do Global Shining Light Award, prêmio de jornalismo investigativo promovido pela Global Investigative Journalism Network (GIJN). O material foi ainda indicado como uma das 12 melhores reportagens investigativas em todo o mundo em 2015-2016.
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