E se você pudesse conhecer em detalhes a casa daquele seu amigo com quem tem ótima relação, fala todo dia há muitos anos, mas que mora em outro bairro, cidade ou país? No que repararia primeiro? Na portaria, no banheiro, no piso ou… nas rotativas e no museu? Estranho? Não se esse amigo for o Estadão, e a casa, a nossa sede no bairro do Limão, na zona norte de São Paulo. Foi esse o convite que fizemos a dez leitores: é nosso aniversário de 150 anos; venham conhecer a nossa casa - e não reparem a bagunça, estamos fazendo história todos os dias por aqui.
Com olhares atentos e celulares a postos, os assinantes puderam ver de perto a rotina e os bastidores da produção do Estadão, online e impresso, e da Rádio Eldorado, que funciona no mesmo prédio e foi inaugurada em 1958.
A visita começou então com um pouco de história, uma vez que temos isso para dar e vender, né? No Museu do Estadão, os leitores puderam ver a primeira impressora do jornal, além de exemplares históricos, como a primeiríssima edição, que viu a luz do sol em 4 de janeiro de 1875, ainda sob o nome de batismo, A Província de São Paulo. No caminho até a redação, eles passaram por nossa galeria de fotos emblemáticas e conheceram as (incríveis) aventuras por trás delas.
E foi com uma foto que Richard Antonio Rinald, de 53 anos, tomou contato com o Estadão. Ainda menino e sem saber ler, era atraído pelas imagens do jornal. Depois, o pai lia para ele até que, em processo de alfabetização, ia montando suas frases sozinho com nossas páginas impressas. Quando seu pai morreu, há 29 anos, Rinald assumiu a assinatura do Estadão, que já durava 40 anos, e nunca mais largou: “É como se fosse o meu café da manhã; se eu não tiver o jornal, me sinto mal”, conta.
Ele passou o hábito aos filhos, de 11 e 16 anos, que preferem a versão digital. E também aos alunos: professor da rede pública, Richard usa recortes do Estadão nas aulas. Recentemente, viu o impacto disso: o filho mais velho prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e reconheceu temas da prova graças ao jornal.
João Victor Vellani, de 59 anos, também tem uma longa história com o Estadão: são mais de 35 anos de assinatura, que começou na casa dos pais. “O Estadão para mim sempre foi uma leitura de muita credibilidade, sempre gostei de ler o jornal por deixar o assunto mais detalhado, me aprofundar mais.” Nostálgico, ele lembra da adolescência, quando conferia no jornal os diversos anúncios e a programação dos cinemas. Hoje, é leitor assíduo da coluna de Celso Ming, em Economia, e ouvinte da Rádio Eldorado, cuja seleção de músicas descreve como “atemporal”.
Por falar em Eldorado, é claro que a rádio mais cool do País não poderia ficar de fora desse tour. Lá, o grupo assistiu a gravações de programas ao vivo e se impressionou ao saber que o piano que fica no estúdio foi usado em composições como Ovelha Negra, de Rita Lee.
Um jornal de peso
Um dos momentos mais legais do passeio para muitos foi no Acervo do Estadão, onde tiveram uma aula de como preservar documentos históricos e, consequentemente, a nossa memória. Ali está “o relato cru do que aconteceu”, segundo Edmundo Leite, coordenador do espaço. Ao observar de perto edições impressas há décadas e fotos inéditas, os assinantes notaram como a trajetória do Estadão se entrelaça com a história do Brasil.
Estudante de Jornalismo, Adnael de Lima Nogueira, de 29 anos, encontrou no Estadão também uma referência para sua formação. Inspirado pela chefe, jornalista e assinante, ele acompanha de perto as notícias pelo aplicativo e pelas nossas redes sociais, sempre com as notificações ativadas. “Quando alguém pergunta: ‘Um jornal de peso? Um veículo grande?’ O Estadão é a referência que vem de primeira à mente”, diz. Na visita à sede, além do acervo, que ele descreveu como “um mergulho na história”, Nogueira apontou a complexidade de produção de notícias como “marcante”.
Depois de passar pela redação, o “centro nervoso” da operação, o passeio terminou na gráfica, uma espécie de parque de diversões para adultos, onde os assinantes entenderam como é organizada a distribuição dos exemplares impressos e acompanharam o processo de impressão do jornal - uma preferência de alguns do grupo.
Caso de Marcelo Pinheiro Novais, de 60 anos, que mantém há décadas o hábito de ler o Estadão impresso logo cedo, começando por Economia, essencial para seu trabalho como industrial. “Desde os 18 anos, quando passei a assinar por conta própria, eu devoro o jornal todos os dias”, conta. E ele é daqueles que guardam recorte quando gostam da reportagem, caso dos rankings de delícias do Paladar - que são bem úteis mesmo, né?
Quarenta anos de cartas
E já que estamos entre amigos, o que dizer daquele camarada que te escreve cartas? O economista e matemático Silvano Corrêa, de 85 anos, cultivou esse hábito quando morou por dez anos nos Estados Unidos. No Brasil, manteve o costume com o Estadão, que assina desde 1967, por considerá-lo “o jornal de mais peso no País, equivalente ao The New York Times”.
Sua primeira carta ao Estadão foi enviada em 1983, e falava sobre o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), que provocou uma resposta do então presidente da Associação de Produtores de Açúcar e Álcool. Embora tenha enviado sua última carta em outubro de 2023 - culpa da vista cansada e do desânimo com a política -, Corrêa continua lendo o Estadão, mas agora prioriza as edições de fim de semana. Segundo ele, foram no total cerca de 400 cartas, hoje reunidas em um livro que preserva essa história.
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