40 anos depois, a censura digital

Exatas quatro décadas separam dois atos de restrição à liberdade de expressão e de imprensa

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Foto do author Edmundo Leite

19 de setembro de 1972. No arquivo de O Estado de S. Paulo, Armando Augusto Bordallo iniciava a guarda de um material que durante os próximos dois anos e quatro meses resultaria em três grandes volumes encadernados. Eram as primeiras impressões das páginas com as notícias cuja publicação eram vetadas pessoalmente por censores instalados na sede da empresa depois que o jornal recusou a autocensura. Os riscos em forma de X marcam os trechos do texto que não poderiam ser publicados.

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19 de setembro de 2012. Exatas quatro décadas depois do início da coleção de notícias censuradas, o Estado é notificado pela Justiça Eleitoral de Macapá a retirar da internet um texto publicado no blog do jornalista João Bosco Rabello sobre o atual prefeito da capital do Amapá, Roberto Goes, do PDT. O Estado acatou a ordem judical e recorre da decisão. 

Há 40 anos, praticamente não havia possibilidade de recurso. As páginas censuradas naqueles tempos de ditadura foram escondidas por Bordallo durante anos em um local distante da coleção regular do jornal. Desde o lançamento do Acervo Estadão, em maio, elas podem ser vistas na íntegra, em sua versão original, como foram planejadas, e como foram publicadas, mutiladas pela caneta dos censores.

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Propagadora de informações e ao mesmo tempo o seu próprio arquivo, a internet ainda não tem um meio eficaz de garantir o arquivamento pleno e eterno de conteúdos retirados da rede, embora já existam algumas iniciativas nesse sentido.

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A história da censura so jornal nos anos de chumbo está contada no livro Mordaça no Estadão, do jornalista José Maria Mayrink.

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            Índices e volumes do material censurado entre 1972 e 1975

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