A guerra em 'Éramos Seis': novela retrata a Revolução Constitucionalista de 1932

Trama se passa durante o maior conflito brasileiro do século 20; conheça sua história

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Por Liz Batista
Imagem da novela 'Éramos Seis' e notícia do Estadão falando sobre a Revolução Constitucionalista de 1932. Foto: Reprodução/Globo Foto: Reprodução/Globo

A novela de época das 18h da Globo, Éramos Seis entra em sua fase final. Nela, a família da protagonista Dona Lola, vivida pela atriz Glória Pires, vive um dos períodos mais conturbados da história de São Paulo e do País. A trama, baseada no livro homônimo de Maria José Dupré tem sua 5ª versão produzida para a televisão, agora sob autoria de Angela Chaves, e nos capítulos atuais encontra-se em plena década de 1930. Nela, a família Lemos, assim como tantas outras famílias paulistas se vê marcada pela Revolução Constitucionalista.

O Estado de S.Paulo - 10/7/1932 Foto: Acervo/Estadão

Para Dona Lola e seus filhos os eventos são definidores em sua sua saga. O primogênito da família, Carlos (Danilo Mesquita), morre após tomar um tiro da polícia durante as manifestações que antecederam o levante em São Paulo. Revoltado com a morte do irmão e motivado pelos ideais do movimento, o filho do meio, Alfredo (Nicolas Prattes), se alista e parte para a guerra. Inês, a personagem vivida por Carol Macedo, que sente-se dividida pelo amor de ambos os irmãos, após perder Carlos, também participa do esforço de guerra  paulista contra o Governo Provisório encabeçado por Getúlio Vargas. Ela parte para o fronte para cuidar dos combatentes feridos como enfermeira.

Imagens do capítulo onde Carlos leva um tiro durante manifestação em São Paulo.Reprodução/ Globo Foto: Reprodução/ Globo

O Estadão não só cobriu como participou ativamente da Revolução Constitucionalista em 1932. Naquele ano, enquanto as forças políticas e econômicas de São Paulo exigiam uma nova Assembleia Constituinte, novas eleições e o fim do governo provisório, o descontentamento com os interventores nomeados pelo governo provisório se espalhou também pelas classes populares. Em meio ao clima de tensão, a morte de cinco estudantes, que tomaram parte na manifestação contra os interventores, se transformou no estopim da revolução, o maior conflito militar da história brasileira no século 20.

Capa do Suplemento Rotogravura de 25/8/1932 comos retratos dos estudantesMário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza e Antônio de Camargo Andrade,os primeiros a morrer pela causa constitucionalista. Foto: Acervo Estadão

Os paulistas perderam o conflito contra as tropas federais. No entanto, muitas das bandeiras defendidas pelo movimento viram-se concretizadas após a batalha. Em 1933, Getúlio Vargas nomeou um paulista, Armando de Sales Oliveira, interventor de São Paulo. Em 1934 uma nova Constituição foi promulgada.

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Durante aRevolução de 1932, uma das capas (14/9/1932) foi o túnel na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. 

Na  cobertura do jornal é possível encontrar os eventos narrados pela novela, o desenrolar da situação sociopolítica do período, além de diferentes relatos e imagens do levante que mobilizou São Paulo. No jornal, estão documentadas  tanto as decisões políticas, como o envolvimento da população naquele que foi o maior conflito militar da história brasileira no século 20.

O Suplemento em Rotogravura guarda registros fotográficos raros, como a mobilização dos batalhões na capital e no interior, a partida dos soldados para o combate e até momentos de descontração dos combatentes, como o registrado num Chafariz na cidade de Rio Claro.

Suplemento Rotogravura- 25/8/1932 Foto: Acervo/estadão
No interior do Estado, batalhão se refresca em um chafariz. Imagem publicada noSuplemento Rotogravurade 14/9/1932 Foto: Acervo

As fotos  também mostram o apoio e participação feminina, no suplemento é possível ver imagens de moças reunidas em associações costurando as fardas para os soldados constitucionalistas. 

Voluntárias costuram para as tropas constitucionalistas em oficina montada na Casa Pfaff, na rua Senador Feijó. Imagem publicada noSuplemento Rotogravurade 14/9/1932 Foto: Acervo

O Estadão e a Revolução Constitucionalista de 1932.  Leia o texto publicado no Estadão em 2012 sobre o conflito:

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O Estado de S.Paulo - 09/7/2012 Foto: Acervo/Estadão

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"O relato do front em um clique 'Acervo Estadão' leva à internet cobertura completa do conflito feita pelo jornalAutor: Liz Batista/ Acervo Estadão

No maior conflito militar da história brasileira no século 20, os combatentes que perderam no campo de batalha venceram no campo político. Essa foi a vitória obtida pelos paulistas na Revolução de 32.

Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza e Antônio de Camargo Andrade foram os primeiros a morrer pela causa - o total de mortos, porém, ainda é controverso, variando de 634 até 1.050 -, e foram transformados em mártires. Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, cujos nomes inspiraram a sigla MMDC, inflamaram a crescente mobilização no Estado em prol da retomada do regime democrático constitucional e da realização de eleições.

Defensor do movimento constitucionalista, o Estado cobriu todo o desenrolar do conflito, as manifestações que tomaram as ruas pedindo autonomia e defendendo a Constituição, a morte dos quatro jovens, a organização da guerra civil, a sublevação armada e os 87 dias de batalha sob o comando de Isidoro Dias Lopes, Bertoldo Klinger e Euclides Figueiredo.

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O Estado, crítico da posição do Governo Provisório e de seu chefe, transformou-se num grande difusor dos ideais revolucionários e objetivos. Nos meses de batalha, relembrou leitores - muitos deles combatentes e colaboradores - por quais princípios liberais e democráticos lutavam. Em seus editoriais, o termo "Governo Provisório" passou a não figurar. Para que não houvesse dúvida contra o que lutavam, o governo central era a "ditadura", termo que mais adiante passou a ser grafado com "D" maiúsculo.

Publicou comunicados conclamando a nação, Estado por Estado, a apoiar o movimento paulista. Falando para grupos, escreveu a todos, aos "médicos do Brasil", aos "engenheiros do Brasil", aos "industriais do Brasil", aos "estrangeiros". Manteve em suas colunas o "Diário de um soldado voluntário", no qual um combatente contava o dia a dia no front, entre agruras da guerra, difíceis combates e calorosas acolhidas em cidades interioranas. Abraçou a campanha de doações, agradeceu às senhoras paulistas - "alma do movimento libertador", que, "de tudo, dos tesouros do coração, das joias materiais mais valiosas, se tem despojado para alimentar a guerra."

Com leitores espalhados por todo o território nacional, desempenhou papel importante na comunicação e na organização do esforço de guerra. Catalisou apoio para a causa, para infortúnio dos adversários, que, em agosto de 1932, chegaram a distribuir no Rio edições falsificadas do Estado para manobrar a opinião pública da capital. Analisando o trabalho do jornal durante e após a Revolução, não é difícil compreender por que Getúlio Vargas, em 1940, no Estado Novo, não apenas manteve o Estado sob censura, mas o confiscou e designou um interventor para o jornal. Mais que lhe infligir o silêncio, valia manufaturar suas palavras."

O Estado de S.Paulo - 08/7/2012 Foto: Acervo/Estadão

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