Uma multidão lotou as galerias do Congresso para assistir a votação da Proposta de Emenda Constitucional Dante de Oliveira em 25 de abril de 1984. A emenda propunha o restabelecimento das eleições diretas, extintas desde 1964 , quando o golpe destituiu o presidente João Goulart e instaurou a ditadura militar.
Após a extensa mobilização nacional pelo voto direto durante a campanha ‘Diretas Já!’, com passeatas que reuniram milhares de pessoas nas grandes capitais do País, a emenda não alcançou a votação necessária e foi rejeitada. A sessão parlamentar começou às 23 horas e foi até às 3h da madrugada de 26 de abril daquele ano. O resultado foi anunciado. Faltaram 22 votos. Foram 298 a favor, 65 contra, 113 ausências e três abstenções.
“E de repente o clima de euforia que marcou a campanha pelas eleições diretas desapareceu e só restou o desencanto e a frustração”,assim o Estadão de 27 de abril de 1984 traduzia o sentimento dos brasileiros. Multidões, entoando o Hino Nacional, saíram às ruas em protesto pela decisão.
Sem a aprovação da emenda, a oposição voltou-se para a candidatura de Tancredo Neves à presidência nas eleições indiretas de 1985. A primeira eleição direta, depois de 21 anos de ditadura militar, foram realizadas em 1989.
Luto
Na capa do Jornal da Tarde, a outra publicação do Estadão na época, a frustração foi estampada com uma capa todo em preto, simbolizando um luto pela derrota. Na contra-capa, a lista com o nome dos deputados que votaram contra a emenda.
Jornal da Tarde - 26 de abril de 1984