A prisão de sete policiais civis por envolvimento em um esquema de achaque a traficantes e vazamento de inquéritos em São Paulo traz novamente ao debate o abuso de poder, irregularidades e crimes cometidos por agentes do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc).
Entre os escândalos recentes estão denúncias de corrupção e achaque a megatraficantes e a chefe do tráfico internacional.
Em setembro de 2007, semanas após ter sido preso em sua casa na Aldeia da Serra, Barueri, na Grande São Paulo, o narcotraficante colombiano Juan Carlos Abadía denunciou os achaques cometidos por policiais do órgão ligado à Secretaria da Segurança Pública.
Em uma fita de vídeo encaminhada ao Ministério Público, o chefão do cartel do Norte do Vale revelava os esquemas de extorsão e dizia aos promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) que "para acabar com tráfico de drogas em São Paulo, basta fechar o Denarc”. As investigações da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo apontaram que Abadía havia pago resgate de três de seus subordinados e da mulher de um deles, sequestrados e achacados por policiais de Diadema, do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) e do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), todos da polícia de São Paulo.
O caso do traficante Ramon Penagos, conhecido como El Negro, também veio à tona em 2009. O traficante teria convencido policiais do Denarc de que era mineiro de Borda da Mata. Para ficar preso com a identidade falsa de Manoel de Oliveira Ortiz, o bandido, procurado pela Interpol por traficar toneladas de cocaína, disse que pagou € 400 mil aos policiais. El Negro permaneceu incógnito até ser descoberto, naquele ano, por policiais do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic).
Calcula-se que, entre subornos, propinas e resgates a associados, Abadía e El Negro tenham pago US$ 800 mil aos agentes do departamento.
O achaque a traficantes não é prática nova dentro do organismo de segurança do Estado de São Paulo. Antes mesmo da criação do Denarc, em 1987, pelo então governador Orestes Quércia, a Corregedoria da Polícia apurava uma lista de denúncias de extorsões cometidas por policiais da Divisão de Entorpecentes.
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