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A prisão do sargento Manoel Silva Rodrigues não foi a primeira de integrantes da Aeronáutica envolvidos com o tráfico internacional de drogas. Há 20 anos, foram encontrados 32,9 quilos de cocaína num avião cargueiro Hércules C-130 da FAB na Base Aérea do Recife. O avião de prefixo 2466 seguia do Rio de Janeiro para Palma de Mallorca, na Espanha, em 19 de abril de 1999. O cargueiro também deveria passar nos Estados Unidos, onde iria ser carregado com peças de aviões.
O comandante do voo e oito tripulantes não foram presos na hora, pois a investigação conjunta da FAB e da PF apontava que eles não saberiam da carga. Dias depois, o tenente-coronel-aviador Paulo Sérgio Pereira Oliveira foi preso e confessou ter entregue as malas com cocaína ao piloto major-aviador Antonio Takuo Tani, a pedido do seu irmão, José Carlos Oliveira, que receberia a encomenda na Espanha.
Três oficiais da Aeronáutica e três civis foram indiciados no Inquérito Policial Militar (IPM) que investigou o caso. Os outros militares indiciados foram o tenente-coronel da reserva Washington Vieira da Silva e o major-aviador Luiz Antônio da Silva Greff. Também foram indiciados o ex-policial civil Adílson Nunes, José Roberto Monteiro Zau e Luiz César de Oliveira. Condenados a penas de 16 e 17 anos, os militares acusados foram presos, mas receberam habeas corpus em recursos judiciais.
A droga apreendida em Recife em 1999 estava em duas malas, coberta apenas por algodão e não houve qualquer preocupação em disfarçar o conteúdo. A cocaína estava distribuida em 30 pacotes com adesivos ilustrados com personagens infantis. Segundo a Polícia Federal, a cocaína tinha 98,96% de grau de pureza e foi avaliada em US$ 3 milhões a preço final de mercado.
O caso ganhou mais notoriedade com a CPI do narcotráfico no Congresso Nacional. Segundo se apurou há 20 anos, a participação de oficiais da FAB no tráfico internacional de drogas não se restringiu à apreensão do Hércules em Recife. Investigações apontavam que os traficantes que representam cartéis estavam cooptando militares da Força Aérea para esse tipo de crime, e um informe sigiloso nesse sentido chegou a ser feito por altos escalões da Polícia Federal à chefia do Estado-Maior das Forças Armadas.
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