Cachorros não são apenas companheiros domésticos. Nas forças armadas, policiais e do corpo de bombeiros eles desempenham importantes funções como busca, localização, resgate, vigilância e até de defesa e ataque. Em 1973, o Jornal da Tarde, publicação do Estadão, acompanhou uma sessão de salto de cães paraquedistas do Exército Brasileiro.
50 anos depois, o Acervo Estadão digitalizou os negativos fotográficos originais arquivados em suas salas de preservação e mostra imagens inéditas não publicadas na reportagem da época, que utilizou apenas um dos fotogramas.
A reportagem, publicada em 20 de março de 1973, sem identificação de autoria do texto e das fotos, fez a cobertura da conclusão de uma espécie de “formatura” da turma de oito cachorros da raça pastor alemão que estavam finalizando um treinamento especial que os preparou para missões em lugares de difícil acesso.
“Com um desempenho considerado perfeito”, os saltos dos cachorros paraquedistas foram realizados sobre o Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. “Os cães pastores são considerados agora cães paraquedistas do Exército e deverão participar de operações de busca e salvamento na selva amazônica”, dizia a matéria.
Os oito pastores alemães saltaram de paraquedas, a 300 metros de altura, de um avião Búfalo C115, da FAB (Força Aérea Brasileira) para participarem de missões de busca e salvamento na selva amazônica.
Treinos interrompidos
O treinamento especial para os saltos durou duas semanas. Os cursos de adestramento de cães paraquedistas pelo Exército existiam há mais de 15 anos, informava a reportagem.
Mas os treinamentos “estavam interrompidos desde 1970, porque os equipamentos nesses dois anos não ofereciam condições de segurança para os animais: soltavam-se frequentemente durante os saltos.
Redesenhados para aderir mais ao corpo, e reforçados na parte posterior, os novos coletes de salto foram testados ontem, e aprovados pelo treinador, o tenente-veterinário Luiz Alberto Soares.”
“Para o treinador, o mais importante no adestramento dos cães paraquedistas é fazer com que eles percam o medo da altura e fortaleçam as patas dianteiras, que servem de apoio, na queda depois do salto.”
Preparação física e obediência
A reportagem também informava que “a preparação de um cão para o para-quedismo dura de um a dois anos. Antes de começar os saltos, o animal passa por testes básicos de verificação de sua capacidade física e obediência aos comandos.
Os oito cães pastores que saltaram ontem, antes de serem submetidos às aulas especiais de para-quedismo, aprenderam a nadar e a transpor cursos de água. Selecionados entre os melhores exemplares do canil central da Brigada de Pára-Quedistas, eles se exercitaram para os saltos durante 15 dias (uma média de quatro saltos diários).
Os exercícios incluem saltos simulados de avião, saltos de uma plataforma de 1,20m de altura, subida e descida de rampas e corridas de cinco mil metros”.
O texto dizia que, naquele momento, “o canil central da Brigada de Pára-Quedistas tem 15 animais adultos e cinco filhotes, alguns dos quais sendo treinados como cães de guarda, para servirem como sentinelas do quartéis do Exército.”
Negativos fotográficos
Digitalização
Digitalização dos negativos fotográficos: Gilberto Bonfim e Andrio Feijó.
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