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Dia D: dissimulação foi fundamental para sucesso da operação decisiva na Segunda Guerra Mundial

Nazistas aguardavam desembarque na Normandia desde 1942, mas mesmo assim foram enganados pelas Forças Aliadas em 6 de junho de 1944

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Atualização:
Desembarque dos Aliados na costa da Normandia em 6 de junho de 1944. Foto: The Illustrated London Review

A operação militar que representou a virada definitiva dos Aliados contra os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, conhecida como Dia D, completa 80 anos. A ação coordenada de Forças por mar, terra e ar, deu início ao desembarque dos combatentes na costa da Normandia em 6 de junho de 1944. Porém, em 1942, quase dois anos antes do ousado desembarque militar, a possibilidade de uma ofensiva na região já havia sido noticiada pela imprensa.

>> Estadão - 7/6/1944

Estadão - 07/6/1944  Foto: Acervo/Estadão

Dia da Vingança

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A primeira descrição dada pelo jornal - à época sob intervenção - para o Dia D foi “Dia da Vingança” no dia em que ele começou, mesmo antes de saber do desembarque oficialmente que só iria ser noticiado na primeira página no dia seguinte.

Apesar do tempo ruim no dia 5 de junho, o seguinte mostrou-se bom o suficiente para o desembarque e surpreendeu o Exército alemão, que não conseguiu barrar a entrada dos Aliados pelo litoral, permitindo assim que tomassem posições na França e virassem definitivamente o curso da história em uma guerra que se encerrou apenas no ano seguinte.

Nazistas em alerta desde 1942

Uma notícia publicada no Estadão em 16 de outubro de 1942 mostra que o Exército alemão monitorava com apreensão movimentações dos britânicos na Normandia. Já se tinha certeza que seria na costa noroeste da França. Só não se sabia em qual ponto da região, ou quando.

O comando Aliado soube muito bem dissimular a ação. Enquanto a invasão era preparada discretamente na Inglaterra, General Patton com sua personalidade nada discreta, acompanhado de uma força militar, promovia encontros secretos em Kent, na costa leste da Inglaterra, afim de atrair publicidade para lá e distrair o Eixo do real local do desembarque que havia sido decidido ao início das operações.

>> Estadão - 16/10/1942

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>> Estadão 16/10/1944 Foto: Acervo Estadão

A suspeita seguiu-se pelo ano seguinte, em 1943, enquanto os preparativos ocorriam na Inglaterra de maneira discreta para não levantar suspeitas do local exato do desembarque. “Se espera apenas a palavra ‘vamos’”, disse em nota o brigadeiro-general Daniel Noce, publicado em junho daquele ano (ver acima).

A agência alemã DNB não errou o local, Normandia, ao citar a movimentação na região em meados de 1942, mas o fator surpresa ficou mesmo por conta do clima naquele mês. Hitler e seus generais subestimaram o tempo que em junho não parecia nada favorável para qualquer desembarque pelo litoral e um dia antes do fatídico 6 de junho a Marinha alemã não foi reconhecer a área por não parecer necessário.

O marechal Rommel, um dos encarregados pela defesa alemã, estava de licença e não se encontrava na região, pois havia saído para celebrar o aniversário de sua esposa no mesmo dia da invasão. Infeliz coincidência.

>> Estadão 9/6/1943

Estadão - 09/6/1943 Foto: Acervo Estadão
Rascunho da ordem do dia com anotações do general Eisenhower (EUA), comandante das Forças Aliadas para início das operações.   Foto: Eisenhower Archives

Destino: Normandia

Estadão - 19 de novembro de 2019

Capa do caderno Viagem de 19 de novembro de 2019 sobre a cidade de Le Havre, na região da Normandia. Foto: Acervo Estadão

A região onde aconteceram as batalhas do DIA D atualmente é um ponto turístico do litoral francês. A apenas três horas de carro de Paris, a cidade de Le Havre é um destino surpreendente, com muita arte e arquitetura e que pode ser desbravado a pé. As memórias da guerra estão em todos os cantos, não em ruínas visíveis, mas sim nas novas linhas da reconstrução modernista feita após o fim do confronto. Apagar os destroços era uma necessidade imediata. Reerguer para seguir em frente.

Além das praias que foram testemunhas da cidade sitiada pelos alemães, há por lá o céu de Monet. O mesmo céu que viu os conflitos bélicos também foi a inspiração para os pintores impressionistas fazerem a sua revolução artística e pacífica. [Leia mais sobre Le Havre]

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