Exposição reúne jornais centenários de Brasil e Portugal em Recife

Painel com jornais centenários em exposição no Recife Foto: Edmundo Leite/Estadão

Quando o Diário de Pernambuco circulou pela primeira vez em Recife numa longinqua segunda-feira de 7 de novembro de 1825, o Brasil contava apenas três anos e dois meses de independência de Portugal. "Faltando nesta cidade assaz populosa um Diario de Annuncios, por meio do qual se facilitassem as transações, e se comunicassem ao publico noticias, que a cada um em particular podem interessar, o administrador da Typographia de Miranda e Companhia se propoz a publicar todos os dias da semana excepto os domingos somente o presente diário", dizia a introdução do então folheto de quatro páginas.

Além da grafia da época, a diferença de costumes nesses quase dois séculos que se passaram pode ser notada com o "avizo" que encerrava a publicação: "Faz-se saber aos Srs. Assignantes deste Diário que na occazião de lhe ser entregue se as suas portas se acharem feixadas o Diário será mettido por baixo das mesmas, porque se torna muito incommodo procurar duas ou trez vezes a qualquer dos Srs. Assignantes para lhes entregar em mão propria dito Diario."

Mais antigo jornal da língua portuguesa e da América do Sul em atividade, o jornal pernambucano continua informando Recife e chegando impresso aos seus assinantes. Não mais como um folheto por baixo da porta, mas também pelas plataformas digitais. Perto de complater 194 anos, o Diário de Pernambuco é um dos 53 periódicos presentes na exposição "Jornais Centenários do Brasil e Portugal: Um Legado Cultural", que vai até o dia 17 de novembro na Galeria Baobá do Campus Casa Forte Fundação Joaquim Nabuco, na avenida 17 de Agosto, 2187, no Recife.

Primeira edição do jornal do Diário de Pernambuco Foto: Diário de Pernambuco

O Estado de S. Paulo, este Estadão que começou como a A Província de São Paulo em 4 de janeiro de 1875, integra a exposição como o segundo mais antigo em atividade no País, atrás do jornal recifense e à frente de O Fluminense, que começou a circular em 1878 na cidade de Niterói. Ao todo são 53 veículos de imprensa expostos, 18 do Brasil e 35 de Portugal, com destaque para a cidade de Aveiro, que tem cinco títulos na lista [veja abaixo].

Memória do Mundo - Mais que uma lista de longevidade dos veículos expostos com a capa da primeira edição e outra recente, a exposição pretende reafirmar a importância das publicações jornalísticas como um patrimônio da língua portuguesa e da história.

João Palmeiro, que preside a Associação Portuguesa de Imprensa, disse na abertura da exposição que pretende candidatar esse conjunto de jornais no programa Memória do Mundo, voltado à preservação de documentos de memória coletiva da Unesco [Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura].

Presidente da Associação de Imprensa de Pernambuco, que organizou a exposição junto com a entidade portuguesa, Múcio Aguiar, torce, e trabalha, para que a exposição e outras iniciativas estreitem os laços entre os veículos dos dois países, que - apesar de comungarem a mesma língua - ainda continuam separados por um instransponível Oceano Atlântico quando se trata de imprensa escrita.

Jornais centenários presentes na exposição:

1825 | Diário de Pernambuco | Recife [PE], Brasil

1835 | Açoriano Oriental | São Miguel, Açores

1855 | A Aurora do Lima | Viana do Castelo, Portugal

1864 | Diário de Notícias | Lisboa, Portugal

1870 | Diário dos Açores | São Miguel, Açores

1874 | Mensageiro do Coração de Jesus | Braga, Portugal

1875 | O Estado de S. Paulo | São Paulo [SP], Brasil

1876 | Diário de Notícias Madeira | Funchal, ilha da Madeira

1878 | O Penafidelense | Porto, Portugal

1878 | O Fluminense | Niterói [RJ], Brasil

1879 | Soberania do Povo | Aveiro, Portugal