A reportagem de um jornalista americano incomoda o presidente do Brasil e o Ministério da Justiça cancela o visto que autoriza a presença do repórter estrangeiro no País. O caso aconteceu em maio de 2004, quando o repórter Larry Rohter, do jornal The New York Times, publicou um texto em que mencionava o consumo de bebidas alcoólicas pelo presidente brasileiro, então no segundo ano de seu primeiro mandato.
O artigo “Hábito de beber do líder brasileiro torna-se preocupação nacional”, publicado em 9 de maio de 2004 no jornal americano, o repórter afirmava que Lula “nunca escondeu sua predileção por uma copo de cerveja, uma dose de uísque ou, melhor ainda, um gole de cachaça, a forte bebida brasileira feita com cana de açúcar”.
A reação do governo foi imediata. Após divulgar, no mesmo dia da publicação, uma nota em que se dizia "indignado" com a "reportagem caluniosa e difamatória" e dizer que tomaria as medidas cabíveis, dois dias depois, o governo anunciava o cancelamento do visto de Rohter. A punição ao jornalista foi anunciada pelo Ministério da Justiça, dizendo que sua presença no País era incoveniente:
“Em face de reportagem leviana, mentirosa e ofensiva à honra do Presidente da República Federativa do Brasil, com grave prejuízo à imagem do país no exterior, publicada na edição de 9 de maio passado do jornal The New York Times, o Ministério da Justiça considera, nos termos do artigo 26 da Lei nº 6.815, inconveniente a presença em território nacional do autor do referido texto. Nessas condições, determinou o cancelamento do visto temporário do sr.William Larry Rohter Junior."
Diante da reação contrária de várias entidades que saíram em defesa da liberdade de imprensa, inclusive do Judiciário, e da repercussão negativa no Brasil e no exterior, o governo voltou atrás no cancelemento do visto, ao dizer que considerava que o jornal americano se retratou e se desculpou, o que não aconteceu. Veja nas páginas do jornal como foi o vai e vem do caso.
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