Encarregado de uma missão cultural francesa, o escritor argelino Albert Camus visitou o Brasil entre julho e agosto de 1949. A viagem incluiu passagens pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Salvador e foi marcada por inúmeras conferências para o público acadêmico.
Em 4 de agosto de 1949, um dia após a chegada do autor de O Estrangeiro (1942) e O Mito de Sísifo (1941) em São Paulo, o Estadão publicou o roteiro planejado para o ilustre visitante, que seria ciceroneado pelo escritor Oswald de Andrade. A agenda contou com uma série de conferências, além de visita à Rádio Cultura, à Penitenciaria do Estado (Carandiru) e à cidade de Iguape para assistir às tradicionais festas do Divino.
Dias após a partida de Albert Camus, Luis Martins publicou no Estadão uma crítica à sanha de hospitalidade que se abateu entre os brasileiros que receberam o literato: “Que tivéssemos demonstrado a Camus a nossa admiração pelo escritor e o nosso carinho pelo homem da 'Resistência', certíssimo. Mas, que tivéssemos inaugurado essa espécie de 'semana Camus', com briguinhas de namorados, porque "Fulano quer monopolizar Camus sem deixar nem um tiquinho pra gente'; que nos exibíssemos em ciumezinhos e despeitozinhos de aldeia o nosso delirante desejo de conversar com Camus, pegar no braço de Camus, convidar Camus para almoçar, segurar o chapéu de Camus.”
Em 1978, a obra póstuma Diário de Viagem, joga um pouco de luz sobre a visita do intelectual à América do Sul, em especial ao Brasil. Nas páginas, Camus se revela um visitante um tanto irritadisso e entediado, e pouco impressionado pelas paisagens, música e culinária brasileiras.
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