Uma metrópole que crescia moldada pelo processo de industrialização. Assim era a capital paulista no início do século 20. Sem planejamento municipal e política de desenvolvimento urbano claros estruturados pelo poder público, a organização espacial de São Paulo tem muito a creditar à iniciativa privada. Com concepção urbanística inovadora, a companhia City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited – a famosa Companhia City – foi uma das empresas que tiveram participação ativa no desenvolvimento da cidade. Trazendo o conceito inglês de bairro-jardim ao mercado imobiliário paulistano, a empresa responsável pela criação de tradicionais áreas da cidade chegou a São Paulo em 1912.
Primeiro projeto da Companhia City, o bairro do Jardim América, foi concebido pelos urbanistas ingleses Barry Parker e Raymond Unwin e considerado, além de um investimento arriscado, um desafio arquitetônico. Localizado em uma região considerada inadequada para habitação, o novo bairro surgiu após a drenagem de um milhão de m² de charcos e pântanos, na margem norte do Rio Pinheiros. Foi a primeira área de loteamento planejado da capital. Com regras de zoneamento, direcionamento do trânsito e normas de construção com limites de ocupação do espaço, tornou-se um padrão de qualidade para os futuros loteamentos – todas as legislações urbanas adotadas na cidade tiveram nos regulamentos da City seu ponto de partida – e modelo para os projetos dos Jardins Europa e Paulistano, Pacaembu, Alto de Pinheiros e City Lapa.
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