Joelma e Andraus: fogo e tragédia em SP

Incêndios na década de 1970 foram palco de cenas dramáticas da história da capital

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Por Liz Batista

O incêndio no edifício Joelma entrou para a história como o maior da capital, deixou 187 mortos e mais de 300 feridos, em 01 de fevereiro de 1974. Quase dois anos antes, em 24 de de fevereiro de 1972, no edifício Andraus, um prédio de 32 andares na Avenida São João no Centro S.Paulo, 16 pessoas morreram e outras 300 foram resgatadas de helicóptero no topo do prédio. A rápida propagação do foto tornou impossível o uso das escadas de emergência. 

O Estado de S.Paulo - 02/02/1974 Foto: Acervo/ Estadão
O Estado de S.Paulo - 25/02/1972 Foto: Acervo/ Estadão

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Fogo no Joelma. Foi numa manhã de sexta-feira, com chuva fina, que a cidade de São Paulo assistiu, horrorizada, seu pior incêndi, em 01 de fevereiro de 1974. Do alto do edifício Joelma, pessoas se atiravam para fugir das chamas. Os bombeiros lutaram contra o fogo por mais de 10 horas, mesmo assim o incêndio deixou 187 mortos, mais de 300 feridos e a lembrança de algumas das cenas mais dramáticas da história da capital. 

O Estadão cobriu todos os momentos da tragédia: o alastramento do fogo, o pânico dos que não conseguiam sair, os atos de heroísmo, a calma que salvou vidas, o intenso trabalho dos bombeiros que combateram as chamas e realizaram salvamentos por mais de dez horas. Entre os milhares de curiosos que lotavam as ruas do centro, muitos solidários, que paravam para rezar pelos que estavam no Joelma, alguns traziam cartazes pedindo calma aos que estavam no prédio e recomendando que não saltassem. No dia seguinte, a edição do jornal recontou “A história do maior incêndio de São Paulo”.

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O Estado de S.Paulo - 02/02/1974 Foto: Acervo/ Estadão

O incêndio. Por volta das 8h30, as pessoas que passavam pelas calçadas da avenida Nove de Julho e da praça da Bandeira  no centro da cidade, notaram a fumaça que saia das janelas do edifício Joelma. O expediente já havia começado para os funcionários do banco Crefisul, que ocupava os 25 andares do prédio, quando um problema com a instalação do ar-condicionado do 12º andar  provocou um curto circuito e o fogo que rapidamente se alastrou pelo edifício de salas acarpetadas, com  forros de fibra e uma decoração repleta de cortinas e móveis de madeira. 

Chamas tomam conta do edifício Joelma, 01/02/1974. Foto: Acervo/ Estadão

Em meia hora, as chamas tomaram conta de quatro andares. A alta temperatura e a fumaça tornaram impossível a circulação pelas escadas do edifício. Logo, o pânico e a histeria tomou conta das pessoas. Contrariando as recomendações, alguns se arriscaram e se salvaram usando os elevadores, já que o prédio não possuía escadas de incêndio. Os elevadores foram utilizados até a parada completa do sistema elétrico, o que ocasionou a morte de um ascensorista. 

Homem aguarda bombeiros do lado de fora de uma das janelas do edifício Joelma, 01/02/1974. Foto: Acervo/ Estadão

Com a lembrança ainda viva do incêndio no edifício Andraus, em 24 de fevereiro de 1972 , onde muitos foram salvos por helicóptero, - algumas pessoas tentavam subir até o topo do prédio. Mas, o Joelma não tinha heliponto e o calor intenso não permitia que as aeronaves pousassem com segurança no prédio. No caso do Joelma um conjunto de fatores tornou as condições ainda mais desesperadoras, os hidrantes do prédio não funcionavam, as mangueiras dos carros dos bombeiros não tinham pressão suficiente para alcançar todos os andares.   

Helicóptero de salvamento tenta resgatar pessoas no topo do edifício Joelma, 01/02/1974. Foto: Acervo/ Estadão

O laudo pericial do Instituto de Polícia Técnica sobre o incêndio foi concluído em março de 1974,  reabrindo o debate sobre a revisão do Código de Obras de São Paulo. Em vigor desde 1934, o código nunca havia passado por  um  exame que o adequasse às novas condições da cidade e melhorasse seu sistema de prevenção e combate a incêndios.

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O Estado de S.Paulo - 13/3/1974 Foto: Acervo/ Estadão

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