Livros pela Revolução de 1932: campanha leiloou obras raras em prol do levante constitucionalista

Ex-Libris foi criado para identificar exemplares doados em benefício de órfãos dos combatentes

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Por Liz Batista
Ex-Libris criado para campanha de leilão de livros raros em pró da Revolução Constitucionalista de 1932. Foto: José Wasth Rodrigues

Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, muitas ações civis fizeram parte do esforço de guerra para angariar fundos para financiar o movimento militar paulista. Uma das mais conhecidas foi a “Ouro para o bem de SP” ou "Ouro para a vitória!", que recebia doações de joias e peças de metais preciosos para ajudar a causa. Uma outra campanha, pouco lembrada, revela um capítulo curioso da mobilização: uma iniciativa voltada para bibliófilos e colecionadores realizada pelo Estadão.

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Numa ação voltada à arrecadação de fundos para os órfãos da revolução, o jornal organizou a venda e leilão de livros raros, publicações e autógrafos e produziu um Ex-Libris especial - criado pelo pintor e artista plástico José Wasth Rodrigues, para os colaboradores da campanha.

Ex-Libris é um tipo de selo ou etiqueta com desenhos e palavras que identifica a biblioteca à qual determinados livros pertencem. A expressão vem do latim e em português significa "dos livros de". Neste caso, os Ex-Libris, numerados sequencialmente, identificariam uma biblioteca dispersa, mas com um propósito comum.

>> Estadão - 9/10/1932

>> Estadão - 09/10/1932 Foto: Acervo/Estadão

Obras preciosas e clássicos, como algumas primeiras edições dos Sermões do Padre Antônio Vieira, uma edição de Os Sertões, autografado por Euclides da Cunha; a edição americana de My airships, de Santos Dumont; um exemplar de Exame de Bombeiros (obra raríssima que na época acreditava-se ser um dos primeiros livros publicados no Brasil); primeiras tiragens de obras de Rousseau, Montesquieu e Voltaire e edições em capa de couro com bordados em fios banhados em ouro e guardados em caixas de madeiras nobres ornamentadas ou entalhadas estavam entre os itens doados e leiloados.

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Foi através da seção "Aos bibliophilos e collecionadores", que o jornal explicou como funcionava a campanha e manteve informado os interessados sobre os itens doados e oferecidos para vendas e leilões: "Livros, autographos, jornaes e curiosidades em favor da revolução: Para serem vendidos em concorrencia publica, revertendo o producto total em benefício dos orphams da revolução constitucional, encontram-se em nosso poder os objectos abaixo mencionados, para os quaes acceitamos offertas (...)"

Ex-Libris da Revolução de 1932. Criado por José Wasth Rodrigues, que também confeccionou as imagens das medalhas comemorativas da campanha do Ouro, o Ex-Libris dessa campanha era enviado aos colaboradores da iniciativa, doadores e compradores para serem colados nos exemplares doados e leiloados. No futuro, Wasth Rodrigues também criaria o ex-libris do cavalinho que se tornaria o símbolo do jornal.

Fotos da coleção de Ex- Libris do historiador e arquiteto Paulo Rezzutti, 2013. Foto: Sérgio Castro/Estadão

A imagem traz um menino com um tambor, uma espada de pau e carregando um estandarte que diz “Si for preciso nós também vamos!”, uma peça de propaganda ufanista. No romance "A locomotiva - a outra face da revolução de 1932", de Afonso Schimidt, o autor lembra dessa figura, uma criança que ia à frente das manifestações com o estandarte com com esses dizeres.

A ilustração de Wash Rodrigues, também o autor do brasão de cidade de São Paulo, se integra ao vasto universo iconográfico do movimento, junto aos panfletos, cartazes e publicidades - como os anúncios de Leite Moça publicados no Estadão de agosto 1932-  que incentivavam a doação do produto aos combatentes nos fronts de batalha.

>>Estadão - 18/8/1932

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Publicidade do Leite Moça durante a Revolução de 1932. >>Estadão - 18/8/1932 Foto: Acervo/Estadão
Medalhas da campanha "Ouro pra a Vitória!" criadas porJosé Wasth Rodrigues, 1932. Foto: Acervo/Estadão

Conclamação - Reconhecido apoiador do levante contra Getúlio Vargas, o jornal, nesse período, buscou ampliar a adesão ao movimento, com conteúdos e campanhas voltados para diferentes setores da sociedade paulista. Publicou comunicados conclamando a Nação, Estado por Estado, a apoiarem o movimento paulista. Falou para diferentes grupos, escreveu aos médicos do Brasil, aos engenheiros, aos lavradores, aos operários, aos  industriais, aos estrangeiros, às mulheres e etc.

Manteve em suas colunas o Diário de um soldado voluntário no qual um combatente contava o dia a dia no fronte, entre agruras da guerra, difíceis combates e calorosas acolhidas em cidades interioranas. Publicou edições especiais do Suplemento Rotogravura com fotografias raras dos combatentes e do front. E empreendeu a ação voltada aos amantes de livros.

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>> Estadão - 24/8/1932

>> Estadão - 24/8/1932 Foto: Acervo/Estadão
Durante aRevolução de 1932, uma das capas (14/9/1932) foi o túnel na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. 
Suplemento Rotogravura- 25/8/1932 Foto: Acervo/estadão

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REVOLUÇÃO DE 32 NAS CAPAS DO JORNAL

>> Estadão - 12/7/1932

Estadão - 12/7/1932 Foto: Acervo Estadão

>> Estadão - 13/7/1932

Estadão 13/7/1932 Foto: Acervo Estadão

>> Estadão - 14/7/1932

Estadão - 14/7/1932 Foto: Acervo Estadão

>> Estadão - 15/7/1932

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Estadão - 15/7/1932 Foto: Acervo Estadão

>> Estadão - 16/7/1932

Estadão - 16/7/1932 Foto: Acervo Estadão

>> Estadão - 17/7/1932

Estadão - 17/7/1932 Foto: Acervo Estadão

>> Estadão - 18/7/1932

Estadão - 18/7/1932 Foto: Acervo/Estadão

>>Estadão - 19/7/1932

Estadão - 19/7/1932 Foto: Acervo Estadão

>> Estadão - 20/7/1932

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Estadão - 20/7/1932 Foto: Acervo Estadão

>>Estadão - 10/8/1932

Estadão - 10/8/1932 Foto: Acervo Estadão

>> Estadão - 30/9/1932

Estadão - 30/9/1932 Foto: Acervo Estadão

>> Estadão - 1/10/1932

Estadão - 1/10/1932 Foto: Acervo Estadão

>> Estadão - 2/10/1932

Estadão - 2/10/1932 Foto: Acervo Estadão
Estadão - 2/10/1932 Foto: Acervo Estadão
Capa do Suplemento Rotogravura de 25/8/1932 comos retratos dos estudantesMário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza e Antônio de Camargo Andrade,os primeiros a morrer pela causa constitucionalista. Foto: Acervo Estadão

FOTOS DA REVOLUÇÃO DE 1932

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