O filme O Corvo "já nasceu cult”. Essa foi a ideia abordada pelo crítico de cinema Luiz Carlos Merten na matéria sobre a estreia do longa no Brasil, publicada no Estadão de 19 de agosto de 1994. No texto, o jornalista explica que alguns dos elementos que o alçaram à tal classificação já estavam presentes antes da morte de seu protagonista, Brandon Lee, num trágico acidente nas filmagens. Um erro na checagem das armas cenográficas durante uma cena fez com que Lee fosse alvejado e morto por uma munição com projétil verdadeiro, deixada por engano na arma, que deveria conter apenas balas de festim. Quase 30 anos depois, num incidente semelhante, a diretora de fotografia Halyna Hutchins foi morta por um tiro disparado pelo ator Alec Baldwin nas filmagens do filme Rust, trazendo à memória o caso de Brandon Lee.
O Corvo, dirigido por Alex Proyas, foi adaptado dos quadrinhos de James O'Barr e chegou às telas mergulhado numa estética gótica/dark e acompanhada por uma trilha sonora cheia de sucessos, como seu o tema principal Burn criado pelo The Cure.
A história, que conta a saga doroqueiro Eric Draven (personagem de Lee) que retorna do mundo dos mortos guiado por um corvo para vingar-se dos vivos que mataram ele e sua noiva, já havia entusiasmado os amantes do gênero quando ainda em produção. A expectativa em torno da atuação de Brandon Lee, filho da lenda do cinema Bruce Lee, também era grande. Todo o ambiente levava a crer no potencial de sucesso do filme.
O fatal acidente nas filmagens, em 31 de março de 1993, a comoção gerada pela tragédia e até uma certa curiosidade mórbida, em torno do mito de que a cena da morte de Lee teria sido mantida na versão final, colaboraram para alta bilheteria do filme, que faturou cerca de 94 milhões de dólares. A obra conquistoufãs e ganhou quatro sequências. >> Estadão - 16/6/1994
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