João Rubinato
6/8/1910, Valinhos (SP) – 23/11/1982, São Paulo (SP)
O nome artístico veio da junção de Adoniran Alves, um amigo de boêmia e Luís Barbosa, sambista carioca. Se tornou um dos principais nomes do samba paulista, retratando em suas composições a essência da capital. Parte dessas características vem de sua infância, marcada pela mistura de duas grandes vertentes da população de São Paulo: o sertanejo e o italiano. Cresceu no interior do estado em uma família de imigrantes.
Com uma realidade de pobreza, abandonou os estudos ainda no primário e começou a trabalhar. Foi engraxate, vendedor, ajustador mecânico, tecelão, pintos, serralheiro, garçom e entregador de marmitas.
No começo da década de 1930 começou a tentar a sorte na carreira artística. Participava de programas de calouros na Rádio Cruzeiro do Sul, onde apresentava suas primeiras composições. A falta de talento para cantar e a voz fanha acabaram prejudicando seu início de carreira. Conseguiu o primeiro lugar apenas em 1933 no programa de Jorge Amaral. Passou a gravar anúncios e cantar na emissora até 1934, quando foi para a Rádio Record, convidado por Otávio Gabus Mendes. Em 1935, ao lado de Alvarenga e Ranchinho ganhou a marchinha “Dona Boa” um concurso promovido durante o carnaval pela prefeitura de São Paulo.
Virou comediante, criava e interpretava personagens no programa “Zé Conversa” ,onde dava vida ao personagem título. Participava também do programa de radioteatro “Serões Domingueiros”. Seus programas de rádio duraram até os anos 60.
Entretanto não foi como comediante que Adoniran se tornou conhecido do grande público, mas sim como compositor. Acabou tendo sucesso em especial na parceria com o grupo “Demônios da Garoa” que representava a boêmia e o samba paulista tanto quanto as composições de Adoniran.
Sua primeira obra gravada pelo grupo foi “Malvina”, no meio da década de 40. Por volta de 1949 criou uma de suas composições mais famosas, “Saudosa Maloca”, gravada por Adoniram em 51 e pelos “Demônios” em 55 e que receberia um registro importante no final dos anos 70 na voz de Elis Regina. No mesmo ano outras duas realizações memoráveis. Uma a composição do “Samba do Ernesto”, a outra o casamento de Adoniran com Matilde de Luttif, com quem ficaria até o final de sua vida. Junto com ela escreveria “Pra que chorar” e “A garoa vem descendo”.
Na década de 1950, já com diversos personagens consolidados na rádio, estreia na televisão, participando das primeiras novelas gravadas pela TV Tupi. Participaria também de outros folhetins como “Mulheres de Areia” e “Os Inocentes”. Faz também programas humorísticos como “Ceará contra 007” e de cinema, com destaque para os filmes “O Cangaceiro” e “Cantinho da Terra” de Lima Barreto e “Caído do Céu” onde contracenou com Dercy Gonçalves.
Sua composição mais famosa viria em 1964. Foi nessa ano criado a canção “Trem das Onze” No ano seguinte a música foi premiada no Carnaval carioca(dificilmente uma composição paulista vencia no Rio de Janeiro). Seria eleita em 2000 como a música representante da capital paulista em votação aberta para a população. Fez sucesso em outros carnavais, mas não gostava de ser associado a festa, tendo composto pouco para a folia.
Gravou seu primeiro disco individual apenas em 1974 intitulado de “Adoniran Barbosa”. No ano seguinte seria lançado mais uma coletânea com o mesmo nome. Seu último álbum solo foi em 1980, “Adoniran Barbosa e convidados”. Suas composições acabaram ganhando fama na voz de outros cantores. Além dos “Demônios da Garoa” e Elis Regina, fez parcerias com artistas como Gal Costa, Clementina de Jesus e Vinícius de Moraes.Tinha uma curiosa relação com a Rádio Eldorado. Apesar de nunca ter trabalhado lá, possuía um crachá permanente. Utilizava um sofá para a “siesta” após o almoço se tornando um personagem frequente nos corredores da emissora.
Conhecendo e amando São Paulo como poucos, terminou a vida desiludido pelas mudanças que vivia a cidade. Faleceu esquecido do grande público no Hospital São Luiz, vítima de um enfisema pulmonar. Está enterrado no Cemitério da Paz, na capital paulista.
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