Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo
4/10/1892, Umbuzeiro (PB) - 4/4/1968, São Paulo (SP)
Chateaubriand, ao contrário do que poderia pensar o senso popular, é prenome. A ideia veio do avô, grande admirador do escritor francês homônimo. Já o sobrenome de Chatô (como era chamado pelos amigos) vinha de uma importante família no cenário político nacional. Filho de Francisco José Bandeira de Melo e de Maria Carmem Guedes Gondim Bandeira de Melo, Chatô teve a vida ligada ao jornalismo onde faria nome e conquistaria o poder. Sua primeira vez em uma redação foi aos 14 anos, pouco tempo antes de entrar para a faculdade de direito, escrevendo para O Pernambuco, de Pedro Avelino. Após a morte do pai continuou trabalhando para custear seus estudos, fazendo artigos sobre política nacional e internacional para o Jornal de Recife e no Diário de Pernambuco.
Após ser aprovado como professor no concurso da Faculdade do Recife, vai para o Rio de Janeiro, tentar obter uma nomeação na então capital federal junto ao presidente Venceslau Brás. Acabou se mudando para a cidade maravilhosa em 1917, quando passou a exercer a profissão de advogado. Chegou a a ser consultor jurídico junto ao Ministério das Relações Exteriores a convite de Nilo Peçanha. Não abandonou o jornalismo, colaborando como comentarista internacional no Correio da Manhã. Mais tarde foi convidado para o cargo de redator-chefe do Jornal do Brasil e correspondente do jornal argentino La Nácion.
Viajou para a Europa em 1920, percorrendo diversos países e escrevendo uma série de reportagens para o Correio da Manhã. Após voltar ao País suas observações foram colhidas no livro “Alemanha, Dias Idos e Vindos”. Por meio de sua influência conquistada em diversos setores da elite, passou a recolher verba para comprar um jornal próprio. O desejo seria concretizado em 1924, quando a soma das economias permitiu Chateaubriand comprar o matutino O Jornal, do Rio de Janeiro, cuja situação financeira estava precária. Seis meses depois iria adquirir o Diário da Noite, de São Paulo. Era o início de um dos grandes conglomerados de mídia do Brasil: os Diários Associados.
Três anos depois, com auxílio do então Ministro da Fazenda, Getúlio Vargas, lançou um dos carros chefes de seu jornalismo, a revista semanal O Cruzeiro. O favor seria devolvido logo em 1928, quando os Diários Associados iniciam uma maciça campanha contra a candidatura de Júlio Prestes à presidência da república e a favor de Vargas. Em 1929, com total apoio de seus jornais a Getúlio, obteve recursos para adquirir O Estado de Minas. Aberta a corrida eleitoral, conseguiu recursos para abrir mais dois jornais: Diário de São Paulo, na capital paulista e Diário da Noite, na capital federal. Com a eclosão da Revolução de 1930 (apoiada e incentivada pelos Diários), viajou para o sul do país, passando com ajuda de Nereu Ramos pelas tropas governistas e se juntou ao exército revolucionário. Graças a seu apoio ao lado vitorioso, conseguiria diversos incentivos governamentais à sua empresa.
Aumentou seu império em 1931 fundando a agência de notícias Meridional. No mesmo ano começaram a surgir as primeiras divergências com o novo governo que culminaria no apoio de Chateaubriand à Revolução Constitucionalista de 1932. Por causa disso teve o maquinário de O Jornal confiscado e quase foi deportado para o Japão.
Ainda na década de 1930 começaria a aumentar o poder de alcance dos Diários Associados quando adquiriu a Rádio Tupi, no Rio de Janeiro. Iria adquirir pouco tempo depois a Tupi de São Paulo e a Educadora, na capital carioca.
Apesar da oposição ao governo Vargas, aceitou o Estado Novo, acreditando ser necessário para o momento que vivia o País. Também no final da década aumentou sua fortuna investindo na agropecuária. Na década de 40 deu inicio a uma campanha para desenvolver a aviação no Brasil e para a redemocratização após a ditadura. Em 1947 deu vazão a uma de suas grandes paixões, a arte, por meio da inauguração do MASP (Museu de Arte de São Paulo) inicialmente na sede dos Diários Associados.
Trouxe a televisão para o Brasil inaugurando a TV Tupi em 1950. Por meio da TV e de seus outros veículos, combateu o nacionalismo, sendo contra o monopólio da exploração do petróleo. Para conseguir defender seus interesses de forma mais efetiva, concorreu e se elegeu senador em 1952 após a renúncia de Vergniaud Wanderley e de seu suplente.
Tentou se reeleger em 1954 e foi derrotado, voltando ao senado no ano seguinte pelo mesmo meio que entrou, após a renúncia de Alexandre Bayma. Renunciou ao cargo em 57 para assumir como embaixador brasileiro no Inglaterra. Em março de 59, adquiriu o Jornal do Comércio.
Sua saúde começou a se deteriorar em 1960, quando foi acometido por uma dupla trombose que causou uma paralisia quase total. Continuou a escrever e fez oposição a Jânio Quadros em suas páginas. Classificou sua renuncia como manobra política. Apoiou o golpe militar em 1964, pouco antes de ter um distúrbio na coronárias, estado que agravou e lhe casou a morte alguns anos depois.
Após seu falecimento os Diários Associados entram em uma séria crise provocada entre outros motivos por divergências entre um de seus filhos, Gilberto e João Calmon, então vice presidente do grupo.
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