Éder Zumbano Jofre
26/3/1936, São Paulo
No dia 24 de janeiro de 1928, José Aristides "Kid" (como era conhecido) Jofre, pai de Eder, partiu de Buenos Aires para São Paulo onde se casou e estabeleceu uma academia de luta. Quando Eder ainda tinha quatro anos, a família se mudou para o Peruche, zona norte da cidade. "Jofrinho", como se convencionou dizer, era pugilista nato: seu pai, José Aristides "Kid" Jofre, e seis de seus tios maternos também eram lutadores de boxe. O pugilista começou a praticar boxe desde cedo e, aos 7 anos, estreou em um ringue no Ginásio do Pacaembu, quando derrotou um garoto mais velho. Lutaria quatro anos como amador e, apesar de não ter obtido grandes títulos nesta época, nunca perdeu um campeonato nacional e só teve duas derrotas. Entre 1957 e 1966, lutou como peso-galo (cerca de 52,2 quilos na categoria de peso do boxe), colecionando uma série de prêmios e honras. No dia 19 de fevereiro de 1960, derrotou Ernesto Miranda, então detentor do título de campeão sul-americano dos peso-galo. No dia 18 de novembro de 1960, conquistou o título de campeão mundial pela NBA (National Boxing Association; na época, a União Europeia de Pugilismo, outra associação importante, não reconhecia Eder Jofre como campeão) quando derrotou o mexicano Eloy Sanches no sexto assalto em Los Angeles. A vitória se tornou motivo de orgulho do pugilismo nacional, rendendo a Jofre uma série de elogios, inclusive por parte do presidente Jânio Quadros e do governador de São Paulo, Carvalho Pinto. Ficou conhecido como "Galo de Ouro". Nos anos seguintes, lutou contra nomes importantes que disputavam o título de campeão mundial. Seu primeiro adversário, o italiano Piero Rollo, foi derrotado por nocaute no nono assalto em março de 1961. Outros lutas como contra o venezuelano Ramon Arias e o britânico Johnny Caldwell, tiveram destino similar. Jofre reteve o título de campeão mundial até 1965, vencendo vários de seus adversários por nocaute. Neste ano, contudo, perdeu o título, por pontos, para o lutador japonês Masahiko Harada. A contagem dos pontos feita pelos jurados foi contestada por alguns especialistas. Mesmo entre os jurados havia discordância: um deles contava 72 pontos contra 71 em favor de Eder.Abandonou a carreira de lutador em 1966, tendo permanecido cerca de três anos longe da profissão. Depois, em 1969, resolveu voltar aos ringues, agora na categoria dos peso-pena. Conquistou novas vitórias, mas seu desempenho marcial foi acerbamente criticado pela mídia. No dia 5 de maio de 1973, tornou-se campeão mundial dos peso-pena ao derrotar José Legra, por pontos, em Brasília. Um ano depois por se recusar a cumprir um contrato assinado por um de seus representantes, Marco Lázaro, foi destituído do título de campeão mundial dos penas pelo Conselho Mundial de Boxe (CMB). Apenas em 1981 seria declarada, pelo Supremo Tribunal Federal, sua vitória judicial contra o ex-empresário. Em 1976, após a morte do pai, Jofre abandonou o boxe. No total, lutou 81 vezes, com 77 vitórias (52 nocautes) , 2 empates e 2 derrotas. Em 1983, foi eleito pelo CMB como o melhor peso-galo do boxe contemporâneo. O pugilista passou então à carreira política. Já em 1980, participava do Grupo de Assessoria e Participação do governador Paulo Maluf. Em 1982, candidatou-se a vereador de São Paulo pelo PDS (Partido Democrático Social), partido de direita e herdeiro do ARENA, extinto em 1993. Neste ano, o boxeador foi eleito como suplente, assumindo a cadeira em 1986 e permanecendo como vereador por quatro mandatos, até 2000. Defendeu, entre outros projetos, a massificação do boxe junto à juventude. Entrou para o Hall da Fama do boxe em 1992. Sobre ele, Mike Tyson, ex-campeão dos pesos pesados, declarou “Quando penso em Brasil, penso em Eder Jofre. Assisti a muitos teipes de suas lutas e gostava do seu estilo agressivo. Foi um grande campeão". Em 2011, o pugilista completou 75 anos. “Passou rápido”, disse, “Mas não posso me queixar. Deus foi bom comigo”.
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