Eurico Gaspar Dutra
18/5/1883, Cuiabá (MT) – 11/6/1974, Rio de Janeiro (RJ)
Realizou os estudos secundários no Externato São Sebastião e no Liceu Cuiabano. Em 1901, alistou-se no Exército em sua cidade natal, mas foi considerado incapacitado pela junta de saúde que o examinou. Alistou-se novamente em Corumbá, onde foi aceito. Participou de um levante contra o presidente Rodrigues Alves, foi cadete da Escola de Guerra de Porto Alegre e, em 1912, foi nomeado instrutor da Escola de Artilharia e Cavalaria. Foi instrutor da cavalaria da Escola Militar do Realengo e da Escola de Aplicação de Artilharia e Engenharia entre 1912 e 1915. Casou-se em fevereiro de 1914, com Carmela Leite, com quem teve dois filhos. Em 1916, foi promovido a primeiro-tenente e, ainda esse ano, inscreveu-se para a Escola de Estado Maior. Participou da fundação da revista Defesa Nacional, na qual publicava artigos sobre técnica militar. Dutra ingressou na Escola de Estado Maior em 1921. Em junho do ano seguinte, foi promovido a capitão. Participou da repressão à revolução paulista de 1924 e, em 1927, foi promovido a major. Recusou-se categoricamente a participar do movimento militar de 1930, e lutou ao lado das tropas leais ao governo Washington Luís. Em dezembro de 1931, com o novo governo já instalado, foi promovido a coronel. Lutou ao lado do governo Vargas contra os rebeldes paulistas em 1932. Em julho do ano seguinte, foi nomeado diretor da aviação militar, além de ter sido eleito para a presidência do Clube Militar. Em 1935, foi um dos principais responsáveis pela debelação da revolta comunista no Rio de Janeiro, comandada por Luís Carlos Prestes. Tornou-se ministro da guerra em dezembro de 1936 e, no ano seguinte, autorizou a destruição da comunidade de Caldeirão, formada por seguidores do beato José Lourenço, no Ceará. Com o golpe de 1937, que estabeleceu o Estado Novo, Dutra permaneceu no comando da pasta da Guerra. Nessa ocasião, tomou uma série de medidas visando modernizar o exército, como a promulgação do Regulamento Disciplinar do Exército e a construção de várias escolas militares. Durante a Segunda Guerra Mundial, teve dúvidas a respeito de qual potência apoiar, os Estados Unidos ou a Alemanha nazista. Defendeu a redemocratização do país em 1945, embora tivesse passado oito anos à frente do ministério da guerra e apesar de ter colaborado com a instituição do Estado Novo. Apoiou o golpe que tirou Vargas do poder e concorreu à presidência no mesmo ano. Foi escolhido presidente por meio de eleições diretas no pleito de 1945. Sua figura era associada ao governo Vargas, que havia conquistado apoiadores nas classes populares. Assumiu formalmente a presidência no dia 31 de janeiro de 1946. No mesmo ano, foi promulgada a quinta constituição brasileira, que restabeleceu a divisão dos poderes, as eleições para cargos do executivo e do legislativo e outras garantias do Estado Democrático de Direito. O governo Dutra foi caracterizado por um retorno ao liberalismo econômico e por seus ensaios desenvolvimentistas. O presidente instituiu o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço Social do Comércio (Sesc). Aliou-se aos norte-americanos, rompeu relações diplomáticas com a União Soviética e perseguiu o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Foi criticado por correntes sindicais devido à política intervencionista do Ministério do Trabalho. Incentivou a importação de bens, controlou salários e proibiu os jogos de azar. Durante seu governo foi realizada a Copa do Mundo no Brasil, em 1950, mas o torneio não teve grande apoio da esfera federal. Um dos planos de desenvolvimento mais importantes do governo Dutra foi o “Salte” ( que previa investimentos nos setores de Saúde, Alimentação, Transporte e Energia). Construiu a rodovia Presidente Dutra, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro, e a usina Paulo Afonso. Deixou a presidência em 1951, mas não abandonou a vida pública. Discursou contra o governo João Goulart e tentou se tornar presidente em 1965, após o golpe militar. No entanto, não obteve sucesso, tendo se afastado gradualmente da política. Enviou, contudo, desejos de uma “fecunda administração” ao presidente Castelo Branco e, mais tarde, elogiou a “tolerância” de Costa e Silva. Faleceu no Rio de Janeiro.
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