Gilberto Passos Gil Moreira
26/6/1942, Salvador (BA)
O interesse pela música surgiu a partir dos cantores Orlando Silva e Luiz Gonzaga, que Gilberto Gil ouvia na infância em Ituaçu no interior da Bahia. Começou a aprender acordeom aos nove anos, quando se mudou para a capital baiana. Estudou no Colégio Marista e, na adolescência, ganhou da mãe um violão, instrumento que viria a tocar por influência de João Gilberto.
Aos dezoito anos formou o grupo Os Desafinados. Cursou Administração de Empresas e, durante a faculdade, teve contato com a música erudita contemporânea, por meio de um grupo de compositores que incluía o suíço radicado no Brasil Walter Smétak e o alemão Hans Joachim Koellreuter. Conheceu Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Tom Zé após gravar seu primeiro compacto solo (“Povo Petroleiro e Coça Coça”, “Lacerdinha”) em 1962. Com eles se apresentou na inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador, em junho de 1964 com o show “Nós, por Exemplo”. Formou-se um ano depois, quando se mudou para São Paulo com a esposa Belina e arrumou emprego na empresa Gessy-Lever. Conheceu Chico Buarque, Torquato Neto e José Carlos Capinam e, no mesmo ano, cantou a música “Iemanjá” no 5º Festival da Balança, promovido pelo Diretório Acadêmico João Mendes Jr. da Universidade Mackenzie. O evento, do qual também participou Maria Bethânia, foi gravado pela RCA.
O sucesso viria no programa “O Fino da Bossa” - transmitido pela TV Record e apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues – em que Gil apresentou músicas como “Eu Vim da Bahia” e “Louvação” (que é também o nome de seu primeiro LP, de 1967). Foi o suficiente para deixar o emprego na Gessy-Lever e assinar contrato com a Philips.
No Rio de Janeiro, participou de festivais da TV Record e da TV Rio, e apresentou o programa Ensaio Geral na Excelsior. Ficou em segundo lugar no 3º Festival da Record depois de apresentar a canção “Domingo no Parque” com os Mutantes. A música germinaria o Tropicalismo, junto a “Alegria, Alegria” de Caetano Veloso, que ocupou a quarta colocação no Festival. O movimento se opunha à Bossa Nova com músicas polêmicas, repletas de crítica social em suas letras. Em 1968 Gil lançou o LP que leva seu nome e, junto a outros grandes nomes da MPB, integrou o disco “Tropicália ou Panis et Circensis”, que trazia o movimento à baila. O cantor representou a Tropicália em 1970 no Festival da Ilha de Wight, ao lado de artistas de grande sucesso internacional na época como Jimi Hendrix, The Who e The Doors.
Durante a Ditadura, com o Ato Institucional nº 5, em 1969 Gil e Caetano foram tachados de “subversivos” pelo regime militar e se exilaram na Inglaterra. Em turnê pelos Estados Unidos Gil gravou um disco em inglês e, no programa Som Livre Exportação, declarou que ele e Caetano continuariam a trabalhar em prol da música popular brasileira. Foi depois dessa turnê que passou a acrescentar elementos novos, da música americana e africana, ao repertório. Lançou “Expresso 222”, “Refazenda, Refavela” e, mais tarde, “Realce”, em que ficou evidente seu interesse por reggae e pop. Com Caetano e Gal Costa lançou ainda “Doces Bárbaros”.
Na década de 1980 trabalhou com Jimmy Cliff e com ele lançou uma versão em português de “No Woman No Cry”, do ídolo do reggae Bob Marley. Foi eleito vereador de Salvador no começo dos anos 1990 pelo Partido Verde e, três anos depois, lançou “Tropicália 2” com Caetano. A gravação inclui a versão cover da música “Wait Until Tomorrow” de Jimi Hendrix, que é considerada um dos melhores trabalhos de Gilberto Gil desde o fim dos anos 1960. Fez em 2000 uma parceria com Milton Nascimento, da qual saiu o disco “Gil e Milton”.
Em 2 de janeiro de 2003, com a posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva foi nomeado Ministro da Cultura, demitindo-se em julho de 2008 para se dedicar à carreira artística.
Dentre os sucessos de Gilberto Gil, destacam-se “Preciso Aprender a Só Ser”, “Eu Só Quero um Xodó”, “Punk da Periferia”, “Parabolicamará”, “Sítio do Pica-pau Amarelo”, “Soy Loco por Ti América”, “Realce”, “Toda Menina Baiana”, “Drão” e “Se Eu Quiser Falar com Deus”.
Páginas selecionadas pelo Editor
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19680607-28575-nac-0007-999-7-not/busca/Gilberto+Gil
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19690725-28924-nac-0012-999-12-not/busca/Gilberto+Gil
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19691204-29037-nac-0016-999-16-not/busca/Gilberto
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19720115-29689-nac-0006-999-6-not/busca/Gilberto+Gil
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19790804-32021-nac-0019-999-19-not/busca/Gilberto+Gil
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19830514-33185-nac-0016-999-16-not/busca/%22Gil%22
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19860617-34139-nac-0049-cd2-3-not/busca/Gilberto+Gil
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19870108-34313-nac-0075-cd2-1-not/busca/Gilberto+Gil
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19890527-35051-nac-0061-cd2-1-not/busca/Gilberto+Gil
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19901104-35498-nac-0104-cd2-18-not/busca/Gilberto+Gil
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19920122-35889-nac-0040-cd2-2-not/busca/Gilberto+Gil
- http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19940117-36615-nac-0052-cd2-d3-not/busca/Gilberto+Gil
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.