Graça Aranha

Escritor

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Por Redação

José Pereira da Graça Aranha

21/6/1868, São Luís (MA) - 26/1/1931, Rio de Janeiro (RJ)

Sua família era próspera e culturalmente rica, o que propiciou ao autor intenso crescimento intelectual. Se graduou em Direito pela Faculdade de Recife, onde teve como mestre o filósofo, poeta, crítico e jurista brasileiro Tobias Barreto, que o influenciaria profundamente.

Assumiu o cargo de juiz de direito no Rio de Janeiro, ocupando depois a mesma função em Porto do Cachoeiro (hoje Santa Leopoldina), no Espírito Santo. Nesse município buscou elementos necessários para criar sua obra mais importante, "Canaã". Um marco do chamado pré-modernismo, publicada em 1902, junto com "Os Sertões", de Euclides da Cunha.

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O romance aborda a imigração alemã no estado do Espírito Santo, por intermédio do conflito entre dois personagens principais, Milkau e Lentz, que representam diferentes linhas filosóficas. Milkau acredita que alcançou a ‘terra prometida’, ou melhor, Canaã, o paraíso oferecido por Deus ao patriarca Abraão, história presente no Antigo Testamento. Já Lentz crê na superioridade da raça ariana, alimentando um racismo e um preconceito inconcebíveis, não conseguindo se adaptar ao novo contexto. Para este personagem, os mestiços que habitam o país são preguiçosos e ociosos.

Canaã pertence à fase pré-modernista brasileira, que apresenta a renovação formal, a nacionalização, o regionalismo e a preocupação com a realidade brasileira. Reflete uma situação histórica nova que diz respeito à imigração alemã no Espírito Santo. Temas como opressão feminina, imperialismo germânico, militarismo, corrupção dos administradores públicos, ostracismo e conflito de adaptação à nova terra são tratados no romance.

Na França publicou, em 1911, o drama "Malazarte". Em 1920, de volta ao Brasil escreve “A estética da vida” e, três anos mais tarde concluí “A correspondência de Joaquim Nabuco e Machado de Assis”.

Suas influências provêm de origens distintas, tanto no campo filosófico quanto na esfera cultural. Por sua atuação na diplomacia tem a oportunidade de percorrer diversos países da Europa, nos quais se atualiza artisticamente, entrando em contato com correntes pós-simbolistas que então despertavam no continente europeu. Assim, ao retornar para o Brasil, traz consigo estes novos ideais e procura inseri-los na literatura brasileira.

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Na famosa Semana da Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, Graça Aranha  empreende uma contundente crítica às instituições que tentavam ditar as regras estéticas da época. Em 1924 ele não hesita em realizar na própria Academia de Letras uma palestra, intitulada ‘O Espírito Moderno’, na qual afirma ser este estabelecimento um equívoco, pois não consegue absorver as mudanças. Depois de 1922 aderiu ao Modernismo, e seu rompimento com os tradicionalistas, agrupados em torno de Coelho Neto, causou um verdadeiro escândalo.

Graça Aranha é considerado um dos chefes do movimento renovador de nossa literatura, fato que vai acentuar-se com a conferência lida na Academia Brasileira de Letras, em 19 de junho de 1924. No mesmo ano rompe com a Academia a qual acusou de passadista e dotada de total imobilismo literário. Ele próprio chegou a declarar "se a Academia se desvia desse movimento regenerador, se a Academia não se renova, morra a Academia!".

Afonso Celso tentou, em 19 de dezembro promover o retorno de Graça Aranha. Este, contudo, três dias depois, agradeceu o convite.

Graça Aranha também publicou o romance “A viagem maravilhosa”, tentativa de criação de um estilo novo. A morte interrompeu a autobiografia “O meu próprio romance”, publicada postumamente.

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