Nereu de Oliveira Ramos
3/9/1888, Lajes (Santa Catarina) – 16/6/1958 Curitiba (Paraná)
Nereu Ramos era descendente de uma importante família de proprietários rurais e políticos de Santa Catarina. Seu pai, Vidal José de Oliveira Ramos, havia sido deputado provincial do Império e deputado estadual por várias legislaturas. Três de seus primos também foram deputados, senadores e interventores do estado de Santa Catarina.
Nereu estudou no internato Nossa Senhora Conceição e, em 1905, matriculou-se na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Foi redator da revista do Centro Acadêmico XI de Agosto. Bacharelou-se em 1909, e retornou à cidade natal no ano seguinte, passando a atuar com advogado. Em 1911, mudou-se para Florianópolis, onde trabalhou como jornalista e político, tendo sido eleito deputado estadual. Renunciou ao mandato para participar como delegado brasileiro das conferências internacionais de Direito Marítimo e Letras de Câmbio, que ocorreram na Bélgica e na Holanda. Atuou, mais tarde, como oficial de gabinete de seu pai, que era presidente de Santa Catarina. Fundou o jornal A República em 1921 e defendeu o movimento da “Reação Republicana” que havia lançado Nilo Peçanha como candidato contra Artur Bernardes. Foi opositor dos governos estaduais de Antônio Pereira da Silva (1924-1926) e Adolfo Konder (1926-1930).
Em 1927, Nereu ajudou a afundar o Partido Liberal Catarinense, que se alinhou à Aliança Liberal, força oposicionista que lançou Getúlio Vargas como candidato contra o conservador Júlio Prestes. Foi eleito deputado federal em 1930, mas com a chamada “revolução de trinta” teve o mandato encerrado com o fechamento do congresso. Em 1932, ajudou a fundar a Faculdade de Direito de Santa Catarina. Foi deputado da constituinte reunida em 1933 e um dos 26 deputados integrantes da Comissão Constitucional responsável pela análise do anteprojeto de Constituição apresentado pelo governo provisório.
Durante a o governo Vargas, Nereu Ramos foi governador e interventor do estado de Santa Catarina. Nessa função, foi responsável pela renovação das estradas e rodovias do estado, pela criação de postos de saúde e pela construção do edifício do Departamento de Saúde Pública. Também foi responsável pelo combate ao crescente movimento nazista nesse estado, vinculado aos imigrantes alemães.
Em 19 de setembro de 1946, Nereu foi eleito vice-presidente da república na chapa de Eurico Gaspar Dutra por meio de voto indireto. Tornou-se, pouco tempo depois, presidente do PSD e deputado federal. Entre 1951 e 1955, Nereu Ramos foi presidente da Câmara dos Deputados. Foi eleito senador em outubro de 1954 e, um ano depois, foi escolhido para ser presidente do Senado.
No dia 11 de novembro de 1955, um movimento militar aliado ao Congresso conseguiu depor o presidente Carlos Luz, que havia substituído Café filho na chefia da república. Segundo os militares e alguns parlamentares, Carlos Luz e Café Filho estariam vinculados à articulação de um movimento golpista contra a posse legal do presidente Kubitschek. Nereu assumiu a presidência no dia 11 de novembro e foi confirmado presidente da república pelo Congresso no dia 22, quando foi votado o impedimento do presidente Café Filho, que estava afastado por questões de saúde. Em seu governo, preocupou-se em assegurar a transmissão legítima do poder a seu sucessor eleito, Juscelino Kubitschek, o que realizou em 1956.
No mesmo ano, foi nomeado ministro da Justiça e dos Negócios Interiores, cargo do qual se exonerou um ano depois. Então, reassumiu sua cadeira no Senado, tendo falecido num acidente aéreo ocorrido no dia 16 de junho de 1958.
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