Rachel de Queiroz

Escritora

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

Rachel de Queiroz

17/11/1910, Fortaleza (CE) – 4/11/2003, Rio de Janeiro (RJ)

PUBLICIDADE

A primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras era descendente de famílias tradicionais do Ceará: filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, e parente do escritor José de Alencar. Ainda na infância presenciou a terrível seca de 1915 e migrou com a família para o Rio de Janeiro e, em seguida, Belém, onde residiram por dois anos. A experiência serviu de tema para seu livro de estreia, o romance social "O Quinze" (1930). Já de volta ao Ceará, conclui os estudos regulares e se dedicou à leitura de autores nacionais e estrangeiros, especialmente franceses, orientada pela mãe. Aos 17 anos, já de volta a Fortaleza, publica seu primeiro texto no jornal O Ceará, sob o pseudônimo Rita de Queluz, e é convidada a ser colaboradora do veículo. Ali publica o folhetim “História de um Nome” e organiza a página de literatura do jornal.

A publicação de "O Quinze", em tiragem modesta de mil exemplares com recursos financeiros próprios, recebe críticas positivas de intelectuais de São Paulo e do Rio de Janeiro, e confere à escritora o Prêmio da Fundação Graça Aranha, consagrando-a como personalidade literária no país. Na década de 1930, mantém uma breve relação com o Partido Comunista, sendo inclusive fichada pela polícia política de Pernambuco, e publica os romances "João Miguel" (1932), "Caminho de Pedras" (1937) e "As Três Marias" (1939). Casa-se com o poeta José Auto da Cruz Oliveira e muda-se para Maceió, onde se torna amiga dos escritores Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Após a decretação do Estado Novo, é detida, acusada de subversão, e seus livros são queimados em Salvador. Após a morte da única filha, vítima de septicemia aos 18 meses de idade, e da separação do marido, muda-se para o Rio de Janeiro, em 1939, onde conhece o médico Oyama de Macedo, com quem vive durante 42 anos. Ali começa a colaborar no Correio da Manhã, O Jornal, Diário da Tarde e O Cruzeiro.

Publica na revista O Cruzeiro, em formato de folhetim, o romance O galo de ouro (1950), e escreve duas peças de teatro, "Lampião" e "A beata Maria do Egito". Em 1957, recebe o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. No ano seguinte, reúne alguns de seus textos no livro "Cem Crônicas Escolhidas" (1958). Durante a década de 1960, colabora com a deposição do presidente João Goulart e é nomeada a integrar o Conselho Federal de Cultura, pelo presidente Castelo Branco. Em 1966, torna-se a primeira mulher brasileira a ser delegada de uma Assembleia Geral da ONU, integrando a Comissão dos Direitos do Homem. Nessa época, publica ainda uma série de livros de crônicas e também seu primeiro livro infantil, "O Menino Mágico" (1969). Paralelamente à atividade de escritora e jornalista, também atua como tradutora, entre 1940 e 1970, de cerca de quarenta livros. Em 1977, torna-se a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Na década de 1980, recebe diversos prêmios e condecorações. "As Três Marias" é adaptado para a televisão e "Dôra, Doralina" (1975), para o cinema. Em 1988, inicia sua colaboração semanal no jornal O Estado de S. Paulo, e também no Diário de Pernambuco. Publica, em 1992, o romance "Memorial de Maria Moura", considerado sua obra-prima. A saga da cangaceira nordestina é adaptada para a televisão e transmitida em cerca de 15 países. No ano seguinte, recebe o Prêmio Camões. Escreve, em parceira com a irmã Maria Luiza de Queiroz Salek, o livro de memórias "Tantos Anos" (1998). A escritora, que já havia sofrido um derrame em 2000 e tinha problemas de locomoção, falece alguns dias antes de completar 93 anos, vítima de um infarto.mulheres no Acervo

Publicidade

Páginas selecionadas pelo Editor

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.