O podcast do jornal Folha de S.Paulo,“A mulher da casa abandona” trouxe, novamente, ao noticiário um caso de trabalho escravo envolvendo um casal de brasileiros em 2000. O engenheiro René Bonetti e sua esposa Margarida Bonetti foram acusados de agressão contra uma ex-empregada doméstica e de mantê-la por quase 14 anos em condições de trabalho análogas à escravidão na casa em que viviam nos Estados Unidos.>> Estadão - 11/02/2000
René foi condenado, Margarida, figura central do podcast, escapou para o Brasil. Hoje o crime está prescrito e, segundo juristas, por ser brasileira ela não poderia ser extraditada.
Na época, o caso teve grande repercussão na imprensa americana e brasileira. Como mostrou a cobertura do Estadão, assinada pelos correspondentes Paulo Sotero e Monica Yanakiew, o jornal The Washington Post dedicou um editorial ao assunto. A Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Representantes aprovou um projeto de lei obrigando diplomatas e profissionais estrangeiros que levassem empregadas domésticas aos Estados Unidos a respeitar direitos básicos de assalariados.>> Estadão - 11/02/2000
O crime também levou o Ministério da Justiça a criar um serviço telefônico para receber “denúncias sobre trabalhadores mantidos em condições de servidão por estrangeiros ou americanos que patrocinam sua ida para os EUA”.
Confira outros detalhes da cobertura:
Em 11 de fevereiro de 2000, o caso foi chamada de capa do Estadão, com a notícia da condenação de René Bonetti pela Justiça americana. Bonetti foi considerado culpado por três crime, por ter mantido sua empregada em regime análogo à escravidão, sem pagar salário por anos, por ter colocado sua vida em risco e mantê-la nos Estados Unidos como imigrante ilegal.>> Estadão - 18/02/2000
Na data, a sentença ainda não havia sido proferida. A matéria informava que a pena máxima poderia chegar a 20 anos de cadeia. - Bonetti foi condenado a 6 anos e meio de prisão e a pagar indenização de cerca de 110 mil dólares à vítima por salários atrasados, além de multa de 100 mil dólares.
A notícia trazia outros detalhes, informava que Margarida não estava sendo julgada nos Estados Unidos porque havia viajado para o Brasil. Durante o processo, antes do veredito, René declarou “se eu for condenado, vou aconselhar minha mulher a não voltar”. Margarida não voltou ao Estados Unidos, foi considerada foragida no país e, segundo o podcast, entrou para a lista de procurados do FBI.
No julgamento, como mostrou o Estadão, a defesa tentou alegar que a vítima era uma “amiga da família” e vivia na residência dos Benetti nessa condição e não como empregada. Ao depor, René ao afirmar tal tese, disse que ela não era sua empregada pois era “incompetente” e “débil mental” e era totalmente dependente.>> Estadão - 15/8/2000
O caso chegou ao conhecimento das autoridades em 1998, quando vizinhos do casal Bonetti, em Gaithersburg, Washington, internaram a vítima num hospital para tratar um tumor. O Serviço Social informou a polícia sobre a negligência do casal de brasileiros. Analfabeta e sem falar inglês, a empregada doméstica depôs por meio de um intérprete no julgamento realizado num tribunal federal do Estado de Maryland. Disse que era tratada como escrava e descreveu várias humilhações e abusos físicos por parte de Margarida Bonetti.>> Estadão - 16/6/2001
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