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Como Silvio Santos obteve o canal de TV? Lobby com militares teve até cantor como relações públicas

Detalhamento de como conseguiu o seu canal de televisão com ajuda do músico e de primo de primeira-dama são um dos destaques da entrevista exclusiva de sete horas que o apresentador deu ao Estadão em 1987. Veja imagens trechos inéditos

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Atualização:


Sílvio Santos em sua casa durante entrevista ao Estadão. Foto: Ed Viggiani/Estadão

Sílvio Santos nunca escondeu uma aproximação com integrantes do governo militar para obter a sua concessão do canal de televisão pelo governo militar, na gestão do presidente João Figueiredo. Durante muito tempo, a exibição do quadro semanal “A semana do presidente”, narrado pelo locutor Lombardi no meio do programa Sílvio Santos era vista como uma forma de agradecimento do empresário.

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Na entrevista exclusiva de sete horas que deu ao Estado em 1987, Sílvio Santos contou aos repórteres Luiz Fernando Emediato e Marcos Wilson como foram os passos para a concessão da TVS, que se transformaria no SBT. Conversas com o todo-poderoso do governo, general Golbery do Couto e Silva, e o ministro da Aeronáutica foram narradas por Sílvio Santos e um personagem inusitado aparece na conversa, o cantor e compositor Dom, da dupla Dom e Ravel.

A dupla era apontada como ufanista e apoiadora da ditadura militar por terem gravado a música “Eu te amo meu Brasil” em 1970. Em vez de exaltação à seleção brasileira tricampeã no México, a obra era vista como peça da política do “Brasil Grande”, do regime militar. Mas eles também gravaram “Você também é responsável”, uma música de tema social, apontando os problemas do analfabetismo e o acesso à educação.

Numa resposta inusitada da entrevista, Sílvio Santos disse que pensava que a dupla era comunista. Depois do esclarecimento do ministro da Aeronáutica que não eram - “Não são, não. São caras legais” - Sílvio contratou Dom para ser relações públicas junto aos militares para viabilizar a concessão. E conta que depois foi processado por Dom e que ia pagar o que a Justiça determinasse.

Leia trecho da entrevista sobre a concessão do canal de TV e veja trecho inédito da transcrição. Veja também a íntegra da entrevista publicada em que Sílvio Santos fala de vários outros assuntos.

Dom e Ravel comunistas

É verdade que o Dom, da dupla Dom e Ravel, o ajudou a ganhar a concessão?

Naquele mesmo dia, em Brasília, o Délio me pediu que ajudasse o Dom e o Ravel, mas eu achava que eles eram comunistas. O Délio disse que não, eram de confiança.

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Então concordei em ajudar. O Dom me disse que era mesmo amigo do Délio. Ele trabalhou para mim como relações públicas na área militar, mas eu durante 16 meses só paguei a ele como jurado de meu programa.

Agora está movendo uma ação contra mim e vai ganhar, fazer o quê? Paguei como jurado, não como relações públicas. Se ganhar na justiça, pago de novo. O José Renato, que era do meu júri, primo de dona Dulce Figueiredo, foi relações públicas na área do presidente Figueiredo. E eu atuei nas outras.

Trabalhamos só os três pela concessão, ninguém mais. Ninguém acreditava que a gente ia ganhar. A concessão foi ganha em nome de Carmen Abravanel e Paulito Machado de Carvalho, os nomes estavam lá, foi honesto. O Paulo Machado de Carvalho desistiu e até hoje estou me virando. São 44 estações...

Clique nas imagens para ampliar.

Transcrição da entrevista de Sílvio Santos ao Estadão em 1987. Foto: Acervo Estadão

Estadão - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Arquivo pessoal Silvio Santos/Acervo Estadão

Estadão - Caderno 2 - 18 de outubro de 1987

Entrevista exclusiva de Silvio Santos publicada no Estadão em 18 de outubro de 1987. Foto: Acervo Estadão
Sílvio Santos em entrevista ao Estadão em 1987. Foto: Acervo Estadão

Pesquisa, digitalização, tratamento de imagens, transcrição, indexação, redação e edição: Equipe Acervo Estadão - Andrio Feijó, Carlos Eduardo Entini, Cristal da Rocha, Edmundo Leite, Gabriela Figueiredo e Liz Batista.

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