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Silvio Santos foi candidato a presidente em 1989 e assustou adversários por alguns dias

Apresentador e dono do SBT chegou a fazer campanha pelo Partido Municipalista Brasileiro

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Foto do author Edmundo Leite
Atualização:

Você votaria em Silvio Santos para presidente do Brasil? Na histórica campanha eleitoral de 1989, a primeira eleição presidencial direta após o fim da ditadura militar, isso quase foi possível. Após fracassar numa tentativa de sair candidato pelo PFL no lugar de Aureliano Chaves, o apresentador de TV e dono do SBT chegou a fazer campanha pelo nanico Partido Municipalista Brasileiro por alguns dias e liderar as pesquisas de intenção de voto.

O apresentador de TV e dono do SBT em campanha em 1989. Foto: Luiz Antônio Costa

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Em uma manobra para viabilizar a candidatura do homem do baú, o candidato Armando Corrêa renunciou em favor de Silvio Santos poucos dias antes das eleições. Com a pressa, no entanto, não deu tempo para trocar o nome na cédula, então os eleitores que quisessem elegê-lo precisariam votar no nome de Corrêa.

Silvio, então, gravou mensagens explicando que os eleitores deveriam marcar o nome do candidato que ele estava substituindo, ao lado do número 26. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por sua vez, recebeu e julgou diversos pedidos de impugnação apresentados por partidos adversários.

Mesmo com todos esses entraves, o apresentador aparecia bem colocado nas pesquisas de intenção de voto, chegando a figurar em segundo lugar, atrás apenas do líder, Fernando Collor de Mello (PRN). Além de Collor, concorriam ao pleito presidencial Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Paulo Maluf (PDS) e Leonel Brizola (PDT).

Os ministros do TSE, por sete votos a zero, no entanto, decidiram barrar a candidatura, entendendo que Silvio Santos era inelegível por ser concessionário de uma rede de televisão, além de considerar inexistente o Partido Municipalista.

Apesar de curta, a participação de Silvio Santos nas eleições presidenciais foi marcada por momentos emblemáticos, como o jingle utilizado na campanha, que era uma adaptação da tradicional música do Programa Silvio Santos, exibido todos os domingos à tarde. Na versão para a corrida presidencial de 1989, a letra dizia “Silvio Santos já chegou”, em vez de “Silvio Santos vem aí”. Leia detalhes da curta candidatura nas páginas do Estadão da época:

Estadão - 10/11/1989

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O apresentador Silvio Santos candidato em 1989. Foto: Acervo Estadão

Estadão - 10/11/1989

Silvio Santos candidato a presidente em 1989. Foto: Acervo Estadão

Estadão -2/11/1989

Silvio Santos canditato a presidente em 1989. Foto: Acervo Estadão

Filiação ao PST e o governo do Estado

Além de concorrer à presidência em 1990, o dono do SBT tentou novamente entrar na política, desta vez disputando as eleições para governador do Estado de São Paulo, quando se filiou ao PST (Partido Social Trabalhista) em 2 de abril daquele ano. Bem cotado nas pesquisas de intenção de voto, ele preferiu não se afastar de seus programas de TV, que representavam uma parte significativa do faturamento da emissora.

No entanto, a candidatura novamente não avançou. Em 20 de junho de 1990, a assessoria comunicou ao Jornal da Tarde que “Silvio Santos absolutamente não é candidato, porque quer continuar fazendo seus programas na TV e não deve abandonar suas empresas. Este não é um ano bom para ele fazer política. As empresas do grupo têm 15 mil funcionários, e ele não deve abandoná-las para ser candidato a governador.”

Retorno ao PFL e nova confusão para 1992

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Em 18 de março de 1992, Silvio Santos se filiou novamente ao PFL, por influência de Marcondes Gadelha (ex-senador paraibano e seu vice na chapa de 1989), Hugo Napoleão (piauiense, então presidente do partido) e Edison Lobão (então governador do Maranhão). À época, especulava-se que ele poderia lançar-se como candidato a prefeito de São Paulo nas eleições de 1992. A possibilidade dividia opiniões.

“Se o PFL lançar candidato, não tem sentido mantermos o acordo que existe desde antes da minha eleição”, indicava o então governador paulista, Luiz Antônio Fleury, do PMDB, ao Estadão. Conforme consta na Nota Nº 00047/G1/CAC, elaborada pelo governo em 1992: “O presidente nacional do PDS, Paulo Maluf, ficou bastante aborrecido diante da possibilidade de Silvio Santos vir a ser o candidato do PFL à Prefeitura de São Paulo”. O documento ainda analisava: “Se levada a efeito, poderá dividir os votos do eleitorado contido no espectro político-ideológico de centro-direita, favorecendo a candidatura do senador Eduardo Suplicy, do PT”.

Dentro do partido também não havia uma unanimidade. Enquanto a direção nacional apoiava a candidatura de Silvio, o diretório regional de São Paulo buscava impedir que o apresentador concorresse, e alguns nomes do partido chegaram a recomendar que delegados da sigla parassem de se reunir com o apresentador. Em determinado momento, fez-se uma intervenção na seção regional do partido, abrindo-se uma disputa jurídica, e uma liminar obtida junto ao TRE anulou a legalidade de uma convenção realizada. Ao fim das contas, o partido acabou sem candidato na capital paulista nas eleições de 1992.

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