Em seus 150 anos, o Estadão registrou os grandes fatos históricos de São Paulo, do Brasil e do Mundo. Mas seus repórteres e fotógrafos também voltaram seus olhares para acontecimentos cotidianos, história das pessoas em seus dia-a-dia e seus lugares. Acontecimentos que nem sempre foram capa de jornal.
Neste ano de 2025 em que o jornal comemora seu sesquicentenário, o Acervo Estadão faz uma seleção diária possível de alguns desses acontecimentos arquivados nas milhares de páginas internas do jornal ao longo dos 150 anos. A estreia é com esse registro do fotógrafo Reginaldo Manente e do repórter Raundau Marques.
CHUÁ
A foto de Reginaldo Manente é uma daquelas que parece ter som. Ao redor, é possível ouvir os carros subindo e descendo a ladeira da Augusta e o atrito das rodas com os paralelepípedos. No centro da foto, escuta-se o assovio do motor do fusquinha, o chuá do espirro d’água e as interjeições e xingamentos dos pedestres.
“Rio Augusta”
No final de setembro de 1970, a cidade ganhava mais um rio. Ele começava como um filete de água de um cano estourado na avenida Paulista (esquina com a Haddock Lobo) desembocava no da rua Augusta, da onde descia até chegar à sua foz, um bueiro na rua Caio Prado.
Para formar o volume de água, vários outros filetes se juntavam no trajeto, transformando assim a charmosa Rua Augusta em rio.
Foi com essa metáfora que a reportagem de Randau Marques, publicada com o nome do repórter ao contrário no Jornal da Tarde, abordou o vazamento de esgoto que mudou completamente por semanas a rotina movimentada da rua repleta de lojas e serviços do centro de São Paulo.
Para registrar a dificuldade dos moradores, pedestres e comerciantes, o fotógrafo Reginaldo Manente, conseguiu capturar diversos momentos pelos quais eles passavam. Um deles é exatamente em frente ao muro onde funcionava o colégio Des Oiseaux - hoje parque Augusta - , quando um pedestre tenta escapar inutilmente da água lançada para a calçada após um carro passar pela poça.
Jornal da Tarde - 5 de agosto de 1970
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