A qualquer hora do dia ou da noite, uma “cidade voadora” (uma Recife inteira) de 1,8 milhão de pessoas está a bordo dos cerca de 10 mil jatos comerciais cortando os céus a 900 quilômetros por hora. Carregam pessoas, esperanças, mas também vírus potencialmente mortais. Junte-se à hipermobilidade a concentração urbana desenfreada e a destruição de florestas e tem-se a receita de uma pandemia global.
A covid-19 foi isso. Matou 7 milhões de pessoas no mundo - mais de 700 mil no Brasil. Era véspera do ano-novo, em 31 de dezembro de 2019, quando o escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS) na China identificou uma declaração da Comissão de Saúde da cidade de Wuhan sobre casos de uma “pneumonia viral”.
A partir daí, a covid-19 provocou impactos em escala global. O primeiro caso registrado no Brasil foi em São Paulo, em fevereiro de 2020. Apenas três meses depois, o Estadão mostrou que as mortes pela doença no País, na época em 50 mil, já superavam violência, acidentes de trânsito e outras enfermidades letais. Os sistemas de saúde dos países entraram em colapso - incluindo o do Brasil, que teve na crise da falta de oxigênio em Manaus uma das faces mais cruéis da pandemia. Por outro lado, vacinas foram desenvolvidas em tempo recorde e passaram de mera esperança a realidade em apenas dez meses.
Diante das tentativas do governo Bolsonaro de dificultar o acesso aos números da doença, o Estadão se uniu a outros veículos de comunicação para levar dados reais aos leitores sobre contaminações, mortes e, com a chegada da vacina, o número de imunizados no País. Contra as fake news relacionadas à doença, o Estadão Verifica promoveu checagens constantes relacionadas à covid.
Na edição impressa, o jornal também criou o caderno Na Quarentena, com conteúdos das editorias de Cultura, Aliás, Casa, Viagem e Paladar que priorizavam alternativas para enfrentar o isolamento social da melhor forma.
A OMS declarou o fim da emergência global em maio de 2023, mas ainda hoje descobertas relacionadas à doença estão sendo feitas. Estudo brasileiro publicado em julho de 2024 na revista científica European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience mostrou que a covid pode, entre vários outros problemas identificados, acelerar o envelhecimento do cérebro e provocar impactos semelhantes aos do Alzheimer.