Em 1976, durante o governo de Ernesto Geisel (de 1974 a 1979), o Estadão revelou a vida de regalias dos funcionários públicos que ocupavam altos cargos no governo federal. Durante três meses, uma equipe que incluiu toda a rede nacional de sucursais e correspondentes, liderada por Ricardo Kotscho, investigou gastos exorbitantes de ministros e assessores em mansões, carros, festas e empregados, tudo pago com dinheiro público.
Sobre o que chama de “elite dos superfuncionários”, trecho da reportagem conta: “Além de casas luxuosas nos bairros mais elegantes, carros e aviões oficiais à disposição, proliferam as mordomias, os cartões de crédito e as contas abertas em supermercados. Cada um pode gastar um teto mensal, em quaisquer circunstâncias, que abrangem até contas de bar e de butique”.
A série de reportagens, que também apontava para a falta de uma legislação específica para coibir esse tipo de abuso, levou o Prêmio Esso daquele ano.
Quase 50 anos depois, as reportagens do Estadão mostram que os privilégios não acabaram. Ações dos três Poderes garantem benefícios de bilhões à elite do funcionalismo público - só no Judiciário e no Ministério Público, os “penduricalhos” custaram R$ 9,3 bilhões em 2023.
Leia o editorial A praga dos penduricalhos.