Cid Moreira: a voz que virou sinônimo de notícia no Brasil


Com timbre inconfundível, dicção perfeita e tom solene, apresentador do Jornal Nacional moldou o telejornalismo

Por Liz Batista e Edmundo Leite
Atualização:
Cid Moreira se prepara para o seu último dia no Jornal Nacional em 29 de março de 1996. Foto: Luiz Morier/Estadão

Ícone do telejornalismo, Cid Moreira [1927-2024] é parte da história da TV brasileira. Para diferentes gerações, importantes fatos históricos do Brasil e do mundo estarão para sempre associados à voz e à imagem do apresentador.

Tão famoso quanto a vinheta de abertura do Jornal Nacional que apresentou por 27 anos, Cid Moreira era uma figura quase onipresente naquele horário da noite, após o jantar, quando milhões de brasileiros paravam para assistir o noticiário da Rede Globo.

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Estadão - 17/3/1996

Estadão - 17/3/1996 Foto: Acervo/Estadão

Seu estilo de locução denotava sua origem radiofônica. Mas o sucesso veio com a migração para a televisão, onde se tornou “a cara e a voz do Jornal Nacional”, como definiu matéria do Jornal da Tarde publicada em 2 de setembro de 1989.

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Jornal da Tarde - 02/9/1989 Foto: Acervo Estadão

Na bancada do telejornal de maior audiência do País, ao lado de Sérgio Chapelin, apresentou notícias que marcaram nossos tempos. Estreou no programa em setembro de 1969, três meses antes da instalação do AI-5, passou pelos anos da censura da ditadura militar, da retomada da democracia, noticiou a morte de Tancredo Neves e o impeachment de Fernando Collor, primeiro presidente eleito pelo voto direto depois da redemocratização do País. Cultivou um público fiel ao longo das mais de duas décadas em que foi âncora do programa.

Cid Moreira [1927-2024] em seu último dia de Jornal Nacional

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Estadão - 17/3/1996

Estadão - 17/3/1996 Foto: Acervo/Estadão
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Estadão - 17/3/1996 Foto: Acervo/Estadão

Pouco antes de sua saída do jornal, falou ao Estadão, sobre sua vida, carreira, vaidade, cuidados com a voz e projetos futuros. Na entrevista, concedida à repórter Sônia Apolinário, e publicada na edição de 17 de março de 1996, disse sempre ter sido “um fiel servidor”, que acreditava ter “cumprido sua função” e garantiu que não se emocionaria ao dar seu último,e célebre, “Boa noite”, aos milhões de brasileiros que acompanharam seu trabalho à frente do Jornal Nacional.

Cid Moreira,1989 Foto: Acervo Estadão
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Cid Moreira e Sérgio Chapelin na bancada do JN em 1994. Foto: Tasso Marcelo/Estadão
Cid Moreira e Sérgio Chapelin na bancada do JN em 1994. Foto: Tasso Marcelo/Estadão

Após sua despedida, em 29 de março de 1996, Cid seguiu na Rede Globo como apresentador dos editoriais no telejornal. Chapelin também deixou o Jornal Nacional para apresentar o Globo Repórter. Com as mudanças realizadas no jornalismo da emissora, Willian Bonner e Lilian Witte Fibe assumiram a bancada do noticiário. A Era D.C. (Depois de Cid) se iniciava.

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Estadão - 09/3/1996

Estadão- 09/3/1996 Foto: Acervo/Estad

Estadão - 24/3/1996 e Estadão - 28/4/1996

Cartas de leitores, enviadas à coluna 'Seu Canal' do Estadão, reclamam da saída de Cid Moreira do JN Foto: Acervo/ Estadão

Segredos revelados

Uma pergunta se instalou na mente dos telespectadores do Jornal Nacional, Cid Moreira vestia terno completo ao apresentar o programa? Uma reportagem sobre o programa, publicada no Estadão de 24 de outubro de 1993, esclarecia a questão: sobre a bancada terno, camisa social e gravata, sob ela calça com elástico e tênis Reebok branco.

Cid Moreira, 1993 Foto: Acervo Estadão

Estadão - 24/10/1993

Estadão - 24/10/1993 Foto: Acervo/Estadão

Sobre a pressão do seu trabalho, Cid confessou que haviam momentos onde ainda ficava nervoso durante a apresentação do telejornal. O segredo para manter sua face de esfinge e não perder a postura diante de um erro ou de um imprevisto? A regra de ouro, nas palavras Cid: “Quando se está ao vivo tudo pode acontecer, só não pode parar.

Mais sobre Cid Moreira no Acervo Estadão

Estadão - 22/5/1994

Estadão - 22/5/1994 Foto: Acervo/ Estadão

Estadão - 30/3/1996

Estadão - 30/3/1996 Foto: Acervo/ Estadão

Estadão - 13/5/2021

Estadão - 13/5/2021 Foto: Acervo/ Estadão

Irreverência e gaiatice com Mister M

A imagem solene e séria que tinha por causa do Jornal Nacional, dos plantões da Globo e das locuções bíblicas ganhou um contraponto divertido na carreira de Cid, quando foi a voz que interagia com os telespectadores e com Mister M no quadro do ilusionista no Fantástico.

Com um tom debochado e gaiato nunca ouvido antes em sua carreira, Cid Moreira narrava as revelações dos truques com um toque peculiar e virou praticamente um parceiro do mágico para o público brasileiro. Quem teve a oportunidade de assistir a versão original do quadro sem a sua narração sabe o quanto ele melhorou algo que já era bom. “Qual o segredo do mascarado? Conte para nós, Mister M”.

O apresentador Cid Moreira brinca com aparelho telefônico antigo no Acervo Estadão.  Foto: TIAGO QUEIROZ

ACERVO

Cid Moreira se prepara para o seu último dia no Jornal Nacional em 29 de março de 1996. Foto: Luiz Morier/Estadão

Ícone do telejornalismo, Cid Moreira [1927-2024] é parte da história da TV brasileira. Para diferentes gerações, importantes fatos históricos do Brasil e do mundo estarão para sempre associados à voz e à imagem do apresentador.

Tão famoso quanto a vinheta de abertura do Jornal Nacional que apresentou por 27 anos, Cid Moreira era uma figura quase onipresente naquele horário da noite, após o jantar, quando milhões de brasileiros paravam para assistir o noticiário da Rede Globo.

Estadão - 17/3/1996

Estadão - 17/3/1996 Foto: Acervo/Estadão

Seu estilo de locução denotava sua origem radiofônica. Mas o sucesso veio com a migração para a televisão, onde se tornou “a cara e a voz do Jornal Nacional”, como definiu matéria do Jornal da Tarde publicada em 2 de setembro de 1989.

Jornal da Tarde - 02/9/1989 Foto: Acervo Estadão

Na bancada do telejornal de maior audiência do País, ao lado de Sérgio Chapelin, apresentou notícias que marcaram nossos tempos. Estreou no programa em setembro de 1969, três meses antes da instalação do AI-5, passou pelos anos da censura da ditadura militar, da retomada da democracia, noticiou a morte de Tancredo Neves e o impeachment de Fernando Collor, primeiro presidente eleito pelo voto direto depois da redemocratização do País. Cultivou um público fiel ao longo das mais de duas décadas em que foi âncora do programa.

Cid Moreira [1927-2024] em seu último dia de Jornal Nacional

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Estadão - 17/3/1996 Foto: Acervo/Estadão
Estadão - 17/3/1996 Foto: Acervo/Estadão

Pouco antes de sua saída do jornal, falou ao Estadão, sobre sua vida, carreira, vaidade, cuidados com a voz e projetos futuros. Na entrevista, concedida à repórter Sônia Apolinário, e publicada na edição de 17 de março de 1996, disse sempre ter sido “um fiel servidor”, que acreditava ter “cumprido sua função” e garantiu que não se emocionaria ao dar seu último,e célebre, “Boa noite”, aos milhões de brasileiros que acompanharam seu trabalho à frente do Jornal Nacional.

Cid Moreira,1989 Foto: Acervo Estadão
Cid Moreira e Sérgio Chapelin na bancada do JN em 1994. Foto: Tasso Marcelo/Estadão
Cid Moreira e Sérgio Chapelin na bancada do JN em 1994. Foto: Tasso Marcelo/Estadão

Após sua despedida, em 29 de março de 1996, Cid seguiu na Rede Globo como apresentador dos editoriais no telejornal. Chapelin também deixou o Jornal Nacional para apresentar o Globo Repórter. Com as mudanças realizadas no jornalismo da emissora, Willian Bonner e Lilian Witte Fibe assumiram a bancada do noticiário. A Era D.C. (Depois de Cid) se iniciava.

Estadão - 09/3/1996

Estadão- 09/3/1996 Foto: Acervo/Estad

Estadão - 24/3/1996 e Estadão - 28/4/1996

Cartas de leitores, enviadas à coluna 'Seu Canal' do Estadão, reclamam da saída de Cid Moreira do JN Foto: Acervo/ Estadão

Segredos revelados

Uma pergunta se instalou na mente dos telespectadores do Jornal Nacional, Cid Moreira vestia terno completo ao apresentar o programa? Uma reportagem sobre o programa, publicada no Estadão de 24 de outubro de 1993, esclarecia a questão: sobre a bancada terno, camisa social e gravata, sob ela calça com elástico e tênis Reebok branco.

Cid Moreira, 1993 Foto: Acervo Estadão

Estadão - 24/10/1993

Estadão - 24/10/1993 Foto: Acervo/Estadão

Sobre a pressão do seu trabalho, Cid confessou que haviam momentos onde ainda ficava nervoso durante a apresentação do telejornal. O segredo para manter sua face de esfinge e não perder a postura diante de um erro ou de um imprevisto? A regra de ouro, nas palavras Cid: “Quando se está ao vivo tudo pode acontecer, só não pode parar.

Mais sobre Cid Moreira no Acervo Estadão

Estadão - 22/5/1994

Estadão - 22/5/1994 Foto: Acervo/ Estadão

Estadão - 30/3/1996

Estadão - 30/3/1996 Foto: Acervo/ Estadão

Estadão - 13/5/2021

Estadão - 13/5/2021 Foto: Acervo/ Estadão

Irreverência e gaiatice com Mister M

A imagem solene e séria que tinha por causa do Jornal Nacional, dos plantões da Globo e das locuções bíblicas ganhou um contraponto divertido na carreira de Cid, quando foi a voz que interagia com os telespectadores e com Mister M no quadro do ilusionista no Fantástico.

Com um tom debochado e gaiato nunca ouvido antes em sua carreira, Cid Moreira narrava as revelações dos truques com um toque peculiar e virou praticamente um parceiro do mágico para o público brasileiro. Quem teve a oportunidade de assistir a versão original do quadro sem a sua narração sabe o quanto ele melhorou algo que já era bom. “Qual o segredo do mascarado? Conte para nós, Mister M”.

O apresentador Cid Moreira brinca com aparelho telefônico antigo no Acervo Estadão.  Foto: TIAGO QUEIROZ

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Cid Moreira se prepara para o seu último dia no Jornal Nacional em 29 de março de 1996. Foto: Luiz Morier/Estadão

Ícone do telejornalismo, Cid Moreira [1927-2024] é parte da história da TV brasileira. Para diferentes gerações, importantes fatos históricos do Brasil e do mundo estarão para sempre associados à voz e à imagem do apresentador.

Tão famoso quanto a vinheta de abertura do Jornal Nacional que apresentou por 27 anos, Cid Moreira era uma figura quase onipresente naquele horário da noite, após o jantar, quando milhões de brasileiros paravam para assistir o noticiário da Rede Globo.

Estadão - 17/3/1996

Estadão - 17/3/1996 Foto: Acervo/Estadão

Seu estilo de locução denotava sua origem radiofônica. Mas o sucesso veio com a migração para a televisão, onde se tornou “a cara e a voz do Jornal Nacional”, como definiu matéria do Jornal da Tarde publicada em 2 de setembro de 1989.

Jornal da Tarde - 02/9/1989 Foto: Acervo Estadão

Na bancada do telejornal de maior audiência do País, ao lado de Sérgio Chapelin, apresentou notícias que marcaram nossos tempos. Estreou no programa em setembro de 1969, três meses antes da instalação do AI-5, passou pelos anos da censura da ditadura militar, da retomada da democracia, noticiou a morte de Tancredo Neves e o impeachment de Fernando Collor, primeiro presidente eleito pelo voto direto depois da redemocratização do País. Cultivou um público fiel ao longo das mais de duas décadas em que foi âncora do programa.

Cid Moreira [1927-2024] em seu último dia de Jornal Nacional

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Estadão - 17/3/1996 Foto: Acervo/Estadão
Estadão - 17/3/1996 Foto: Acervo/Estadão

Pouco antes de sua saída do jornal, falou ao Estadão, sobre sua vida, carreira, vaidade, cuidados com a voz e projetos futuros. Na entrevista, concedida à repórter Sônia Apolinário, e publicada na edição de 17 de março de 1996, disse sempre ter sido “um fiel servidor”, que acreditava ter “cumprido sua função” e garantiu que não se emocionaria ao dar seu último,e célebre, “Boa noite”, aos milhões de brasileiros que acompanharam seu trabalho à frente do Jornal Nacional.

Cid Moreira,1989 Foto: Acervo Estadão
Cid Moreira e Sérgio Chapelin na bancada do JN em 1994. Foto: Tasso Marcelo/Estadão
Cid Moreira e Sérgio Chapelin na bancada do JN em 1994. Foto: Tasso Marcelo/Estadão

Após sua despedida, em 29 de março de 1996, Cid seguiu na Rede Globo como apresentador dos editoriais no telejornal. Chapelin também deixou o Jornal Nacional para apresentar o Globo Repórter. Com as mudanças realizadas no jornalismo da emissora, Willian Bonner e Lilian Witte Fibe assumiram a bancada do noticiário. A Era D.C. (Depois de Cid) se iniciava.

Estadão - 09/3/1996

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Estadão - 24/3/1996 e Estadão - 28/4/1996

Cartas de leitores, enviadas à coluna 'Seu Canal' do Estadão, reclamam da saída de Cid Moreira do JN Foto: Acervo/ Estadão

Segredos revelados

Uma pergunta se instalou na mente dos telespectadores do Jornal Nacional, Cid Moreira vestia terno completo ao apresentar o programa? Uma reportagem sobre o programa, publicada no Estadão de 24 de outubro de 1993, esclarecia a questão: sobre a bancada terno, camisa social e gravata, sob ela calça com elástico e tênis Reebok branco.

Cid Moreira, 1993 Foto: Acervo Estadão

Estadão - 24/10/1993

Estadão - 24/10/1993 Foto: Acervo/Estadão

Sobre a pressão do seu trabalho, Cid confessou que haviam momentos onde ainda ficava nervoso durante a apresentação do telejornal. O segredo para manter sua face de esfinge e não perder a postura diante de um erro ou de um imprevisto? A regra de ouro, nas palavras Cid: “Quando se está ao vivo tudo pode acontecer, só não pode parar.

Mais sobre Cid Moreira no Acervo Estadão

Estadão - 22/5/1994

Estadão - 22/5/1994 Foto: Acervo/ Estadão

Estadão - 30/3/1996

Estadão - 30/3/1996 Foto: Acervo/ Estadão

Estadão - 13/5/2021

Estadão - 13/5/2021 Foto: Acervo/ Estadão

Irreverência e gaiatice com Mister M

A imagem solene e séria que tinha por causa do Jornal Nacional, dos plantões da Globo e das locuções bíblicas ganhou um contraponto divertido na carreira de Cid, quando foi a voz que interagia com os telespectadores e com Mister M no quadro do ilusionista no Fantástico.

Com um tom debochado e gaiato nunca ouvido antes em sua carreira, Cid Moreira narrava as revelações dos truques com um toque peculiar e virou praticamente um parceiro do mágico para o público brasileiro. Quem teve a oportunidade de assistir a versão original do quadro sem a sua narração sabe o quanto ele melhorou algo que já era bom. “Qual o segredo do mascarado? Conte para nós, Mister M”.

O apresentador Cid Moreira brinca com aparelho telefônico antigo no Acervo Estadão.  Foto: TIAGO QUEIROZ

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