Encontradas páginas inéditas da censura ao Estadão


Conteúdo da fase inicial da presença de censores da ditadura no jornal era dado como perdido

Por Edmundo Leite
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114 páginas censuradas inéditas do jornal O Estado de S. Paulo foram descobertas durante um trabalho de reorganização da reserva técnica do Acervo Estadão em julho deste ano. As páginas inéditas são do período de setembro de 1972 a março de 1973, a fase inicial da presença de censores na redação e eram dadas como perdidas pelos profissionais do jornal. A historiadora e professora Maria Aparecida Aquino comentou a ausência desse material no seu pioneiro e fundamental estudo sobre a censura no jornal (USP, 1990):  "uma vez que o material da fase inicial da censura prévia (agosto/setembro de 1972 a março de 1973), encontra-se perdido, as considerações a esse respeito, foram feitas com base em análise e pesquisa."

A descoberta representa um acréscimo de 10% ao número de notícias censuradas conhecidas até então: 1.136. As páginas inéditas estavam em meio a 734 flans (cartolinas com a pré-impressão das páginas censuradas) empacotados e lacrados desde 1995, quando foram desdobrados, limpos e embrulhados, depois de passarem outros 20 anos (1975-1995) dobrados e amarrados em espaços dispersos do prédio-sede do jornal. 

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Na memória dos antigos funcionários do Acervo Estadão, os conteúdos desses pacotes eram idênticos às páginas censuradas conhecidas (impressas e em microfilmes, já digitalizadas) em outro suporte físico, o flan. Mas, ao abrir um dos pacotes recentemente para avaliar um melhor lugar paral eles, descobriu-se que haviam páginas diferentes das conhecidas. 

Além das notícias proibidas desconhecidas, nas 627 folhas de flans restantes há muitas informações inéditas anotadas pelo secretário gráfico da época, como o nome do censor em cada uma delas. A descoberta permitiu identificar cinco novos censores diferentes dos 12 cujos nomes já eram conhecidos. 

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As páginas encontradas são anteriores à estratégia adotada pelo jornal de publicar poemas de Camões no lugar das notícias proibidas. Nesse período, o Estadão publicava cartas enviadas ao jornal no lugar das reportagens censuradas.A descoberta permitirá estender os estudos sobre a atuação da censura e relacionar com as respectivas páginas espelho publicadas. 

Uma das notícias censuradas é sobre a censura ao programa do apresentador de TV Flavio Cavalcanti em 1973. Outro destaque é a notícia citada por Carlos Chagas no documentário 'Estranhos na Noite - Mordaça no Estadão em Tempos de Censura'sobre o sequesto de um médico por agentes da ditadura. Desse caso específico também há notícias sobre as intimações ao jornal e aos jornalistas para depor. 

Além do ineditismo do conteúdo, os flans também representam uma importante memória de um processo gráfico, com raríssimos exemplares de uma técnica de impressão não mais utilizada. 

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114 páginas censuradas inéditas do jornal O Estado de S. Paulo foram descobertas durante um trabalho de reorganização da reserva técnica do Acervo Estadão em julho deste ano. As páginas inéditas são do período de setembro de 1972 a março de 1973, a fase inicial da presença de censores na redação e eram dadas como perdidas pelos profissionais do jornal. A historiadora e professora Maria Aparecida Aquino comentou a ausência desse material no seu pioneiro e fundamental estudo sobre a censura no jornal (USP, 1990):  "uma vez que o material da fase inicial da censura prévia (agosto/setembro de 1972 a março de 1973), encontra-se perdido, as considerações a esse respeito, foram feitas com base em análise e pesquisa."

A descoberta representa um acréscimo de 10% ao número de notícias censuradas conhecidas até então: 1.136. As páginas inéditas estavam em meio a 734 flans (cartolinas com a pré-impressão das páginas censuradas) empacotados e lacrados desde 1995, quando foram desdobrados, limpos e embrulhados, depois de passarem outros 20 anos (1975-1995) dobrados e amarrados em espaços dispersos do prédio-sede do jornal. 

Na memória dos antigos funcionários do Acervo Estadão, os conteúdos desses pacotes eram idênticos às páginas censuradas conhecidas (impressas e em microfilmes, já digitalizadas) em outro suporte físico, o flan. Mas, ao abrir um dos pacotes recentemente para avaliar um melhor lugar paral eles, descobriu-se que haviam páginas diferentes das conhecidas. 

Além das notícias proibidas desconhecidas, nas 627 folhas de flans restantes há muitas informações inéditas anotadas pelo secretário gráfico da época, como o nome do censor em cada uma delas. A descoberta permitiu identificar cinco novos censores diferentes dos 12 cujos nomes já eram conhecidos. 

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As páginas encontradas são anteriores à estratégia adotada pelo jornal de publicar poemas de Camões no lugar das notícias proibidas. Nesse período, o Estadão publicava cartas enviadas ao jornal no lugar das reportagens censuradas.A descoberta permitirá estender os estudos sobre a atuação da censura e relacionar com as respectivas páginas espelho publicadas. 

Uma das notícias censuradas é sobre a censura ao programa do apresentador de TV Flavio Cavalcanti em 1973. Outro destaque é a notícia citada por Carlos Chagas no documentário 'Estranhos na Noite - Mordaça no Estadão em Tempos de Censura'sobre o sequesto de um médico por agentes da ditadura. Desse caso específico também há notícias sobre as intimações ao jornal e aos jornalistas para depor. 

Além do ineditismo do conteúdo, os flans também representam uma importante memória de um processo gráfico, com raríssimos exemplares de uma técnica de impressão não mais utilizada. 

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114 páginas censuradas inéditas do jornal O Estado de S. Paulo foram descobertas durante um trabalho de reorganização da reserva técnica do Acervo Estadão em julho deste ano. As páginas inéditas são do período de setembro de 1972 a março de 1973, a fase inicial da presença de censores na redação e eram dadas como perdidas pelos profissionais do jornal. A historiadora e professora Maria Aparecida Aquino comentou a ausência desse material no seu pioneiro e fundamental estudo sobre a censura no jornal (USP, 1990):  "uma vez que o material da fase inicial da censura prévia (agosto/setembro de 1972 a março de 1973), encontra-se perdido, as considerações a esse respeito, foram feitas com base em análise e pesquisa."

A descoberta representa um acréscimo de 10% ao número de notícias censuradas conhecidas até então: 1.136. As páginas inéditas estavam em meio a 734 flans (cartolinas com a pré-impressão das páginas censuradas) empacotados e lacrados desde 1995, quando foram desdobrados, limpos e embrulhados, depois de passarem outros 20 anos (1975-1995) dobrados e amarrados em espaços dispersos do prédio-sede do jornal. 

Na memória dos antigos funcionários do Acervo Estadão, os conteúdos desses pacotes eram idênticos às páginas censuradas conhecidas (impressas e em microfilmes, já digitalizadas) em outro suporte físico, o flan. Mas, ao abrir um dos pacotes recentemente para avaliar um melhor lugar paral eles, descobriu-se que haviam páginas diferentes das conhecidas. 

Além das notícias proibidas desconhecidas, nas 627 folhas de flans restantes há muitas informações inéditas anotadas pelo secretário gráfico da época, como o nome do censor em cada uma delas. A descoberta permitiu identificar cinco novos censores diferentes dos 12 cujos nomes já eram conhecidos. 

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As páginas encontradas são anteriores à estratégia adotada pelo jornal de publicar poemas de Camões no lugar das notícias proibidas. Nesse período, o Estadão publicava cartas enviadas ao jornal no lugar das reportagens censuradas.A descoberta permitirá estender os estudos sobre a atuação da censura e relacionar com as respectivas páginas espelho publicadas. 

Uma das notícias censuradas é sobre a censura ao programa do apresentador de TV Flavio Cavalcanti em 1973. Outro destaque é a notícia citada por Carlos Chagas no documentário 'Estranhos na Noite - Mordaça no Estadão em Tempos de Censura'sobre o sequesto de um médico por agentes da ditadura. Desse caso específico também há notícias sobre as intimações ao jornal e aos jornalistas para depor. 

Além do ineditismo do conteúdo, os flans também representam uma importante memória de um processo gráfico, com raríssimos exemplares de uma técnica de impressão não mais utilizada. 

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