Fundado em 1875 com ideais republicanos, o Estadão nasceu quando o País ainda vivia sob a monarquia de D. Pedro II. Em 4 de janeiro daquele ano, uma segunda-feira, A Província de S. Paulo começou a circular em São Paulo. Com uma tiragem de 2.025 exemplares, o jornal contava com quatro páginas, uma delas dedicada aos anunciantes.
Uma apresentação foi publicada na capa e nela o diário se propunha a “offerecer à provincia de S.Paulo campo livre aos debates tão necessarios para solução de problemas importantes que interessem a seu desenvolvimento moral e material”, e firmava o compromisso de “fazer da independência o apanágio sua força”. Leia a íntegra.
Mudança de nome
Com a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, o jornal decidiu mudar o seu nome para ‘O Estado de São Paulo’, mas, a pedido dos leitores que colecionavam os exemplares, a mudança só passou a vigorar com a virada do ano, a partir de 1 de janeiro de 1890. Dois anos depois, em 27 de março de 1892, o jornal moderniza sua tipologia e o título passa a ser grafado ‘O Estado de S. Paulo’, com a palavra ‘São’ abreviada como ‘S.’
No site Acervo Estadão é possível acessar todas as edições impressas matutinas desde a fundação. Conheça a história do Estadão em detalhes aqui e veja abaixo outros fatos marcantes.
Longevidade
O Estadão é o segundo jornal mais antigo do País em circulação.
Símbolo
Um jornaleiro francês chamado Bernard Gregoire, que percorria cidade a cavalo, tocando uma corneta para promover o jornal em 1876 inspirou o ex-Libris e logomarca do Estadão. Antes de Gregoire inovar e sair em sua montaria anunciando e vendendo o periódico pelas ruas da cidade, os jornais não eram distribuídos em pontos de venda, mas sim comprados diretamente pelos leitores na porta do local onde era feito seu periódico de preferência, ou recebido em casa se fosse assinante. A novidade caiu nas graças do público leitor paulistano.
Euclides da Cunha e os Sertões
O livro Os Sertões (1902), clássico literatura brasileira, nasceu nas páginas do Estadão. A obra de Euclides da Cunha teve como origem a cobertura da Guerra de Canudos feita pelo jornal. Euclidesfoi o correspondente do Estadão no sertão baiano, testemunhou o desenrolar do conflito e o narrou em telegramas ao jornal. Os telegramas eram publicados diariamente no Estadão
Saci
Outro clássico, a obra O Saci (1921) foi inspirada num inquérito sobre o personagem folclórico publicado no Estadão. O escritor de Monteiro Lobato, autor do clássico infantojuvenil, reuniu relatos de leitores sobre as histórias de saci em suas regiões. Os leitores enviam cartas contando seus causos e elas eram publicadas no jornal
Rotogravura
Um jornal com cara de revista, assim pode ser descrito o Suplemento em Rotogravura, outra inovação gráfica que o Estadão colocou em circulação no fim da década de 1920. Em tamanho reduzido em relação ao formato do jornal, o suplemento, veiculado até 1944, tinha a proposta de ser uma revista quinzenal. Contava com uma estética primorosa para o período, era impresso em papel de melhor qualidade que valorizava as fotografias, algumas delas enviadas pelos próprios leitores.
Suplemento Literário
O compositor e músico Chico Buarque estreou como escritor no Estadão. O ganhador do prêmio Camões de 2019, fez seu debute no Suplemento Literário em 1966.
Censura
Durante a ditadura militar, o jornal recusou-se a exercer censura prévia e teve censores instalados na sua redação. As notícias impedidas de circular foram preservadas e podem ser acessadas através de seu acervo digital, aqui.
Aviação
As principais façanhas da aviação estão registradas no jornal desde o século de 19. Numa rara entrevista, Santos Dumont, inventor considerado o pai da aviação, disse ao jornal em 1916 que acreditava que, no futuro, o avião seria usado como um meio de transporte para passageiros.
Criação da USP
A necessidade da criação da USP, a maior universidade do Brasil, surgiu como apontamento de uma estudo sobre a situação do ensino no Estado de São Paulo, desenvolvida pelo Estadão em 1926. A pesquisa mostroua pobreza da escola secundária como um dos aspectos mais calamitosos do atraso brasileiro. Foi ele a base das conversas, que culminariam na ideia de Julio de Mesquita Filho e de seu grupo de criar a Universidade de São Paulo.
Sedes
Para promover a cultura na cidade de São Paulo, o Estadão construiu junto à sua sede um dos primeiros teatros da capital, o “Theatro Boa Vista”, em 1916.
Teatro Boa Vista
Esse foi uma dos vários prédios que serviram de sede para o jornal. Conheça todas as sedes na galeria.
Apoio ao esporte
O jornal tem um histórico de apoio ao esporte. Antes da primeira corrida da São Silvestre, em 1925, reunir competidores nas ruas da cidade, a Taça Estadinho, uma prova de “pedestrianismo” foi organizada pelo Estadão e disputada pela primeira vez em 1918. Orgulho do esporte nacional, a então jovem tenista, Maria Esther Bueno (1939-2018) contou com patrocínio do jornal para competir em Wimbledon em 1959, onde venceu seu 1º Grand Slam e voltou com a taça para casa.
Novo formato impresso
Após 146 anos circulando em edições no formato “Standard”, o Estadão realizou uma transformação histórica em 2021, passou a adotar o formato que facilita a leitura, o padrão germânico ou “Berliner”, com 31,5 cm por 47 cm. A transformação não parou por aí, trouxe também novos conteúdos e um design gráfico avançado, com diferentes cores identificando as seções facilitando e dinamizando a experiência do leitor.
As mudanças vieram após quase um ano de estudos, pesquisas com leitores, assinantes, anunciantes e com a ajuda de consultorias internacionais. O Grupo Estado apresentou ao mercado um produto mais moderno, marcado pela preservação da quase sesquicentenária qualidade do jornal, fundado em 4 de janeiro de 1875.
Edições da Noite e da Tarde
Edições especiais levaram ao leitor a cobertura dos conflitos que mudaram o mundo. Durante as duas Guerras Mundiais o jornal circulou em edições noturna e vespertina em formato “Berliner”
Eleições
O jornal cobriu todas as eleições presidenciais do Brasil e a cobertura pode ser vista aqui.
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